Centro Educacional Reeducar

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

RECONHECENDO ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO

RECONHECENDO ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO
Neiva Regina Luz Andrighetti1
Ibrahim Georges Cecyn Moussa2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo principal apresentar algumas considerações sobre as
dificuldades enfrentadas pelos professores na identificação e atendimento adequado aos
alunos portadores de altas habilidades/superdotação. O professor precisa estar muito bem
preparado para identificar alunos com altas habilidades/superdotação. Ter o aporte teórico
para embasar sua prática pedagógica, de forma adequada, às necessidades dos alunos que
apresentam tais habilidades. O conhecimento é necessário para que os educadores não
confundam os mesmos com crianças que aprestam transtorno de déficit de atenção com ou
sem hiperatividade. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica em função do curto
espaço de tempo para uma pesquisa de campo. A Pesquisa comprovou a importância da
utilização de recursos materiais e humanos compatíveis com as necessidades apresentadas
pelos portadores de altas habilidades/superdotação.
Palavras-chave: Altas habilidades; Superdotação; Desenvolvimento; Aprendizagem
INTRODUÇÃO
Ao identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores em sala de aula observase
que as Altas Habilidades/Superdotação estão entre um dos grandes vilões que influenciam
nas relações familiares e escolares, repercutindo na aprendizagem da criança. Reconhecer
que essas crianças merecem um atendimento à altura de suas potencialidades não é tarefa
fácil, pois, muitas vezes pela deficiência de conteúdos apropriados as aulas se tornam
cansativas provocando o desinteresse do aluno.
Os professores precisam estar muito bem preparados primeiro para identificar que o
aluno possui altas habilidades ou superdotação e não cair no erro de classificá-lo como
hiperativo. Segundo, ao identificar o aluno como possuidor de altas habilidades, oferecer
condições para realizar um trabalho que contribua com o desenvolvimento desse aluno
direcionando-o ao sucesso e não ao fracasso ou estagnação. Após identificar o aluno como
portador de altas habilidades ou superdotado, o professor precisa buscar recursos e condições
favoráveis que contribuam para uma convivência saudável com os colegas e que pesem mais
as implicações positivas, favorecendo assim as interações e a integração no contexto escolar.
Assim sendo, esta pesquisa tem relativa importância no sentido de identificação dos
portadores de altas habilidades/superdotação e contribuir com essas crianças para uma
aprendizagem significativa e em caso da impossibilidade, caso isso ocorra, então que
contribua para o encaminhamento a uma escola que ofereça condições para o
desenvolvimento dessas potencialidades.
A falta de um planejamento que atenda essas potencialidades pode ser considerada
como um fator excludente e muitas vezes responsável pela discriminação da criança que
normalmente é tratada como hiperativa ou sem limites. Cabe ao educador buscar formas de
contribuir com o desempenho dessas crianças e favorecer uma relação aluno/escola/família
que mantenha esse aluno numa dinâmica de motivação.
Para uma melhor compreensão do tema, a pesquisa desenvolveu-se conforme os
objetivos abaixo relacionados:
O artigo “O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula”
procura apresentar as características dessas crianças para que possam ter um desempenho a
contento e evoluam na construção do conhecimento de forma que mantenham suas
características como fator positivo e possam, também, avançar na aprendizagem, sem ter o
seu processo de ensino/aprendizagem retardado em função do acompanhamento dos demais
colegas.
A literatura apresenta as normas lançadas pelo MEC, que criou núcleos em todos os
estados para assessorar as escolas que tenham essa clientela. É necessário, pois, que a escola
e a família se unam e busquem formas adequadas de trabalho para essas crianças,
proporcionando o atendimento das suas necessidades particulares de aprendizagem e criando
oportunidades para que se sintam inseridas num ambiente adequado, digno de suas
capacidades e jamais discriminadas.
MÉTODO
O artigo buscou pesquisar referências em função do curto espaço de tempo para
realizar uma pesquisa de campo. Os autores, com grande experiência, apontam que
professores e pais trilhem caminhos paralelos que contribuam com a identificação e o
desenvolvimento dos alunos superdotados. Sabe-se que na realidade de nossas escolas há
muito o que se questionar sobre o tema pois, hoje, se uma criança apresenta qualquer
inquietação, desrespeitando comandos ou ordens, já é taxada de hiperativa, o que nem
sempre se pode concordar uma vez que uma criança portadora de altas
habilidades/superdotada está sempre à frente dos colegas, está sempre buscando e exigindo
mais atividades e conteúdos.
O estudo procurou recursos que o professor poderá se apropriar em sala de aula e as
intervenções possíveis para que a criança tenha um desenvolvimento compatível com o seu
tempo e com as suas necessidades intelectuais.
O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de
aula
De acordo com as leituras, “o conceito de altas habilidades/superdotação tem mudado
ao longo do tempo e assume diferentes conotações, conforme a cultura” (Chagas, 2007 apud
Solow, 2001). Para comprovar, a autora fala que na cultura mexicana o conceito de altas
habilidades é expresso por um conjunto de habilidades enquanto que o termo “gifted em inglês
sugere que habilidade superior é um dom sobrenatural ou uma dádiva divina” (Chagas,2007
apud Virgolim, 1997;Winner,1998). Altas habilidades e superdotação são termos utilizados
aqui no Brasil, onde altas habilidades está mais ligado ao desempenho enquanto que
‘superdotado’ sugere habilidades extremas. Os vários conceitos somado aos mitos e
preconceitos existentes dificultam tanto o entendimento sobre esse assunto como também o
atendimento adequado ao indivíduo com altas habilidades/superdotado.
Zevallos descreveu no site Guia Infantil, comportamentos que os pais devem observar,
os quais identificam se a criança é superdotada:
1- Dorme pouco.
2- Aprende a ler em curto espaço de tempo.
3- Fala sua primeira palavra com seis meses.
4- Diz sua primeira frase com 12 meses.
5- Mantém uma conversação entre 18 e 24 meses.Vocabulário impróprio para sua
idade.
6- Aprende o abecedário e conta até 10 aos dois anos e meio.
7- Resolve mentalmente problemas de soma e subtração até 10 com três anos.
8- Pergunta por palavras que não conhece desde os três anos.
9- Faz perguntas exploratórias com pouca idade.
10- Alta capacidade criativa.
11- Possui uma alta sensibilidade do mundo que o rodeia.
12- Preocupação com assuntos de moralidade e justiça.
13- Enérgico e confiante em suas possibilidades.
14- Muito observador e aberto a situações não usuais.
15- Muito crítico consigo mesmo e com os demais.
16- Grande capacidade de atenção e concentração.
17- Gosta de relacionar-se com as crianças de maior idade.
18- Baixa autoestima com tendências à quadros depressivos.
19- Se aborrece na sala de aula porque suas capacidades superam os programas de
estudos convencionais.
20- São, aparentemente, muito distraídos.(sic)
21- Seu pensamento é produtivo mais que reprodutivo.Baseiam-se na construção das
coisas. (sic)
22- Tem muito pouca motivação para com o professor.
23- Chegam a sentir-se incompreendidos, estranhos.(sic)
24- São independentes e introvertidos.(sic)
As características comportamentais acima descritas são informações importantes que
os pais devem fornecer à escola para que esta por sua vez, possa agir adequadamente.
Sabe-se que os alunos com altas habilidades/superdotados nem sempre apresentam
um comportamento adequado ou o mesmo interesse por todas as disciplinas. O interesse por
uma determinada disciplina provoca muitas vezes o desinteresse por outras também
importantes. O mau comportamento também pode ser um indicativo de altas habilidades, pois
uma vez que o aluno tem facilidade de compreensão e assimilação dos conteúdos, logo se
cansa, pois o tempo deles é diferente dos demais colegas.
O acima exposto vem derrubar os mitos da genialidade e da não dependência do
professor, ou seja, têm altas habilidades mas não são o máximo em tudo e também dependem
do suporte do professor.
Para facilitar a identificação desses alunos o MEC preparou uma lista com
descrições/características. Entende o MEC que o aluno que apresentar consistentemente várias
características descritas abaixo, pode ter altas habilidades.
Características listadas pelo MEC (RODRIGUES: 2009)
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. É original, imaginativo, criativo, não convencional.
3. Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.
9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.
10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho ).
12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo).
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
14. Aprende facilmente novas línguas.
15. Trabalhador independente.
16 Tem bom julgamento, é lógico.
17. É flexível e aberto.
18. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa ideias e reações, frequentemente, de forma argumentativa.
24. É sensível à verdade e à honra.
Uma criança com altas habilidades/superdotação não apresenta, necessariamente,
todos os indicadores, mas apresentará muitos deles, daí pois a necessidade de pais e
professores estarem atentos para a identificação desses indicadores e consequentemente
poderem auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo além de contribuir para que essas
crianças interajam com seus colegas de forma positiva.
Para a conceituação mais precisa das altas habilidades tem-se que considerar o
contexto onde o indivíduo está inserido como segundo Chagas, p. 16, “fatores ambientais
(ligados à família, ao sistema educacional e aos valores socioculturais) com traços
individuais como coragem, criatividade, motivação intrínseca, intuição, caráter e
autopercepção”.
O papel da família para o bem estar e desenvolvimento da criança com altas
habilidades é fundamental, pois muitas vezes, em função das características acima
apresentadas, há uma tendência de confundi-los com TDAH. Nesse sentido, é extremamente
importante que os pais mantenham um contato constante com a escola e também com
profissionais competentes (psicólogos) que possam auxiliar na identificação da melhor forma
de conduzir a criança para o sucesso.
O psicólogo “deve adotar uma postura de pesquisador, de investigador, com um olhar
aguçado de bom observador, de modo a realizar uma leitura mais objetiva dos dados
coletados”. (GUIMARÃES, 2007, p.79)
O papel do professor também é fundamental para a identificação das altas habilidades,
pois através da observação e dos recursos possíveis ele pode identificar a participação
destacada do aluno e assim estimular e facilitar o desenvolvimento do mesmo.
Os superdotados caracteriza-se por três traços marcantes que são: Criatividade,
capacidade acima da média e envolvimento com as tarefas. (CHAGAS, 2007)
Alencar (2007, p.157) sugere aos professores, estratégias que tornem as aulas
prazerosas e instigantes para serem trabalhadas com os alunos:
a) Não se restrinja a exercícios e atividades que possibilitem apenas uma única
resposta correta. Utilize também exercícios que instiguem os alunos serem o mais
original possível em suas respostas.
b) Valorize as ideias originais de seus alunos.
c) Uma ideia original é apenas o primeiro passo. Lembre os alunos da importância de
rever e refinar as ideias criativas.
d) Encoraje os alunos a apresentar e defender as suas ideias.
e) Acentue o que cada aluno tem de melhor e informe-o sobre os seus “pontos fortes”.
f) Desenvolva atividades que requeiram dos alunos iniciativa e independência.
g) Estimule a curiosidade dos alunos por meio das tarefas propostas em sala de aula.
h) Faça perguntas desafiadoras, que motivem os alunos a pensar e raciocinar.
i) Dê tempo aos alunos para pensar e desenvolver ideias novas.
j) Dê chances aos alunos para discordar de seus pontos de vista.
k) Diversifique as metodologias de ensino utilizadas em sala de aula.
l) Instigue nos alunos a confiança em suas competências e capacidades.
m) Exponha os alunos apenas a críticas construtivas.
n) Estimule os alunos a utilizar as técnicas de resolução criativa de problemas (como
tempestade de ideias) nos seus projetos de ciência, atividades artísticas e redação, com
vistas a alcançar um produto mais criativo.
o) Exponha os alunos a vários tipos de tarefas e atividades que requeiram tanto o uso
do pensamento criativo quanto de outras habilidades, como análise, síntese e
avaliação.
p) Ajude os alunos a se libertarem do medo de cometer erros, manifestando tolerância
e respeito pelas suas ideias, questões e produções.
q) Proteja as produções dos alunos da crítica destrutiva e da zombaria dos colegas.
r) Reconheça que a criatividade incorpora uma variedade de processos(resolução de
problemas, pensamento divergente, pensamento convergente) e uma série de fatores
motivacionais e de personalidade (autoconceito, autoconfiança, curiosidade,
flexibilidade, motivação intrínseca).
s) Elogie os esforços e a persistência de seus alunos na realização das tarefas
propostas.
t) Incentive os alunos a ampliar o seu conhecimento a respeito de tópicos que sejam do
seu interesse.
u) Cultive em sala de aula um clima de descontração, afeto, compreensão e confiança,
de tal modo que os alunos se sintam à vontade para se expressar, compartilhar ideias e
questionar, interessados em cooperar no projeto educativo.
v) Lembre-se que os alunos expressam de forma mais plena as suas habilidades
criativas quando realizam atividades que lhes dão prazer. Como manter vivo o prazer
de aprender deve ser alvo de atenção de todos os professores, é relevante também que
os alunos percebam em seus professores o prazer de aprender que caracteriza o
docente que tem uma relação amorosa com o conhecimento,com as disciplinas sob sua
responsabilidade. Essa relação amorosa é chamada por Renzulli (1992) de ‘romance
com a disciplina’, apontada por ele como uma das características centrais do professor
que promove o desenvolvimento da produtividade criativa em seus alunos.
Para os gestores, Alencar (2007, p. 158) sugere para:
a) Encorajar os professores a experimentar novas práticas pedagógicas.
b) Evitar sobrecarregar o professor com tarefas pouco relacionadas às atividades
docentes.
c) Respeitar opiniões divergentes das suas.
d) Facilitar a comunicação entre os professores e a troca de experiências bemsucedidas.
e) Promover na escola um clima de respeito, confiança e estímulo ao trabalho docente.
f) Compartilhar com os professores livros e artigos relacionados à criatividade e ao
modo de promovê-la na vida pessoal e profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A bibliografia pesquisada apresenta três traços marcantes na identificação dos
superdotados: capacidade acima da média, criatividade e envolvimento com as tarefas.
Entende-se que estes aspectos são pontos de partida para aprofundar a identificação de outras
características apresentadas neste artigo, que comprovam as altas habilidades/superdotação.
Daí a importância da relação família/escola para a identificação de outros comportamentos
característicos que a criança apresenta e que são determinantes para a superdotação. As
estratégias apresentadas neste artigo contribuem para que os professores ao identificarem um
superdotado, construam suas aulas com conteúdos que estimulem estes alunos e que os
mesmos tenham um desenvolvimento à altura de suas potencialidades. Entende-se, pois, que
atividades as quais desenvolvam a criatividade, instiguem, questionem, desafiem o
pensamento além da valoração dos pontos fortes, da flexibilidade, da diversidade de
metodologias são estratégias importantes para serem utilizadas, tornando as aulas prazerosas
e interessantes.Tanto o professor quanto o aluno com altas habilidades/superdotação merecem
recursos e condições mínimas necessárias para o desenvolvimento adequado, podendo esse
aluno ter uma convivência saudável interagindo positivamente com toda a comunidade
escolar e assim sendo, ter condições de construir uma aprendizagem significativa. Vale
10
lembrar também a importância do trabalho conjunto entre escola e família para que juntos
possam contribuir com o bem-estar do aluno e que se faça cumprir a legislação vigente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.). Desenvolvimento
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CHAGAS, Jane Farias. Conceituação e fatores individuais, familiares e culturais relacionados
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2 comentários:

  1. Estou na luta para avaliação do meu filho de 12 anos que desde antes de 1 ano sempre mostrou uma forma de aprender surpreende, gostei muito da matéria.

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  2. Tenho dois filhos com diagnóstico, infelizmente a educação brasileira não favorece este tipo de aluno, como disse meu filho de dez anos "a escola nos trata como produto industrial padronizado, trazendo ao mesmo nível, investindo nos que estão abaixo deste padrão e puxando para ele os que têm maior
    desempenho"

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