Centro Educacional Reeducar

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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

UM CONVITE AO CONVÍVIO COM AS DIFERENÇAS: A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO EM CLASSE REGULAR.

Ana Carla Lima Hoffman1

Ibrahim Georges Cecyn Moussa2

RESUMO

Quando se fala de inclusão dos alunos surdos em classe regular a primeira preocupação que surge é referente à tarefa de tentativa de mudança. É preciso ter a certeza de que é possível transformar a realidade em favor da qualidade de vida do deficiente auditivo. A inclusão dos surdos em escola com classe regular é complexa, com múltiplas causas e com conseqüências para as crianças e jovens tanto na idade escolar como na vida adulta, deixando marcas que jamais poderão ser apagadas. Neste contexto existe a escola que mesmo sendo vítima de diversos outros casos de inclusão, precisa fazer com que o ser humano se sinta parte importante da sociedade em que vive e que deve modificar-se para melhor, mesmo com seus limites dentro do processo ensino-aprendizagem. Abordar as dificuldades encontradas no processo de ensino-aprendizagem como uma das manifestações da dificuldade encontrada pelos alunos surdos na escola é abrir um caminho repleto de reflexões, pois as crianças que embora tenham acesso à escola, não obtêm o aprendizado. Assim é necessário que se reflita sobre as causas e conseqüências, que levam o educando com deficiência auditiva a apresentar baixa autoestima, atitudes passivas, transtornos emocionais, problemas psicossomáticos, depressão, ansiedade, somando a isso, a perda de interesse pelas questões relativas aos estudos, o qual pode desencadear uma situação de fracasso escolar.

PALAVRAS-CHAVE: Inclusão; Surdos; Escolas; Crianças; Professores.

PROBLEMATIZAÇÕES INICIAIS

A inclusão do aluno surdo em classe regular representa um problema para a escola, já que a mesma não tem preparo para atendimento e aceitação deste educando.

Há vários anos tem se falado muito em inclusão dos alunos surdos em classe regular. Inúmeras reportagens são realizadas mostrando caso de pais com crianças portadores de deficiência auditiva que buscam as escolas para que possam dar a seus filhos a oportunidade de socialização e aprendizagem juntamente com crianças ditas normais, porém nesse contexto depara-se com inúmeros obstáculos, os quais parecem ser muito difíceis de serem superados.

A inclusão dos deficientes auditivos na escola regular vem sendo abordado a partir de diferentes perspectivas, dentre elas os direitos da pessoa com deficiência e o exercício da cidadania, a exposição à língua de sinais ou ao português, todavia ainda há pouca discussão a inclusão por parte dos professores envolvidos neste processo, onde se percebe que o termo inclusão muitas vezes ainda é confundido com integração.

Segundo definição do dicionário Aurélio, inclusão é o ato de incluir, de compreender (entender alguém, aceitá-lo como é), abranger (conter em si, mas também, aprender, perceber, entender, alcançar, atingir).

O ser humano vive em constante processo de aprendizagem, e o papel da escola é ensinar para a vida, o processo ensino-aprendizagem permite tanto ao educador quanto ao educando trocar experiências, considerando que a escola é o melhor ambiente para as pessoas projetarem-se para futuro.

Para que a inclusão escolar seja real, o professor da classe regular deve estar sensibilizado e capacitado (tanto psicológica quanto intelectualmente) para “mudar sua forma de ensinar e adaptar o que vai ensinar” para atender às necessidades de todos os alunos, inclusive de alguns que tenham maiores dificuldades.

Os cursos ou programas de formação e capacitação docente ao mesmo tempo em precisam dar condições efetivas para que o professor trabalhe de imediato com seus alunos, não pode ser uma capacitação voltada apenas para questões pontuais (tipo receita-de-bolo) e sim proporcionar aprofundamento teórico-metodológico que lhe permita se transformar em um professor que possa refletir e re-significar sua pratica pedagógica para atender à diversidade.

Para que possa se transformar o currículo tradicional em um “currículo inclusivo” faz-se necessário se repensar a prática pedagógica dos professores em geral. A mudança de paradigma que a inclusão traz em relação ao modelo de integração é em vez do aluno com deficiência se adaptar ao sistema, a escola regular como um todo incluindo, sobretudo, os professores – principais atores desse processo – tem que se transformar

1.0 Aspectos Históricos dos surdos

A história dos surdos registra que, como grupo, possui uma língua, uma identidade e uma cultura. Carlos Skliar (1998, p.29) afirma que os estudos Surdos em educação podem ser pensados como um território de investigação educacional e de proposições políticas que através de um conjunto de concepções lingüísticas, culturais, comunitárias e de identidades, definem uma aproximação com o conhecimento e com os discursos sobre a surdez e sobre o mundo dos surdos.

No passado os surdos eram considerados incapazes de serem ensinados, por estes motivos não freqüentavam escolas, sendo que as pessoas surdas e principalmente as que não falavam eram excluídas da sociedade, chegando a serem “proibidas” de casar, de possuir ou herdar bens e viver com as demais pessoas ditas normais, ficando desta forma com todos seus direitos e sua sobrevivência comprometidos.

Dentre alguns registros sobre a história dos surdos afirma-se que no final do século, não havia escola especializada para surdos e as pessoas ouvintes tentavam ensiná-lo da melhor forma.

Nos séculos seguintes alguns professores dedicaram-se a educação de surdos, podendo ser destacados nomes como: Ivan Pablo Bonet (Espanha) e Ovide Decroly (Bélgica), entre outros tantos importantes;

Esses professores divergiam quanto ao método mais indicado para ser adotado para a educação dos surdos, uns acreditavam que o ensino deveria priorizar a língua falada e outros utilizavam a língua de sinais, que já era conhecida pelos alunos, associado à língua falada.

Em 1857, o professor Francês Hernest Huet, que inclusive era surdo veio ao Brasil convidado pelo D. Pedro II para fundar a primeira escola para meninos surdos de nosso país: IMPERIAL INSTITUTO DE SURDOS E MUDOS, hoje INSTITUTO NACIONAL DE EDUCAÇÃO DE SURDOS, que é mantido pelo governo federal, que atende crianças, jovens e adultos surdos.

No século XX aumentou o número de escolas para surdos no mundo todo.

No Brasil, as secretarias Estaduais e Municipais de Educação passaram a coordenar o ensino de crianças com necessidades especiais e surgiram as salas de recursos e classes especiais para os surdos;

Como a organização das minorias no âmbito mundial, por terem garantido seus direitos de cidadãos, as pessoas portadoras de necessidades especiais passaram a apresentar reivindicações que, no caso dos surdos, são: o respeito a língua de sinais, a um ensino de qualidade, acesso aos meios de comunicação (legendas e uso do TDD), serviços de intérpretes entre outras.

Do ponto de vista educacional, a surdez refere-se à incapacidade de aprender a linguagem por via auditiva.

A partir da Lei 10436, o governo brasileiro reconhece a LIBRAS, como língua, e os surdos tem o direito que nas instituições educacionais, as aulas sejam ministradas em LIBRAS, pelo menos com a presença de um intérprete, pois a surdez não interfere no desenvolvimento cognitivo.

O atual contexto pode ser caracterizado por transformações desenvolvidas historicamente em diversos aspectos políticos, econômicos, sociais e culturais, aos quais estão diretamente ligados aos avanços tecnológicos. Este momento contextual, marcados por constantes mudanças, demanda da educação de um modo geral uma aproximação da realidade, exigindo assim, da escola novas formas de pensar e agir frente às necessidades, exigências e potencialidades traçadas por tais avanços.

Dentre as inúmeras abordagens teóricas no campo educacional pode se destacar a visão comportamentalista como uma das abordagens que melhor explica a aquisição da linguagem em crianças ouvintes, contribuindo assim diretamente para a compreensão desse processo em crianças surdas, sendo a maior preocupação desta abordagem teórica frente ao deficiente auditivo é desvendar como a criança surda deve ser ensinada a falar.

É importante a escola promover um espaço para que os professores de demais profissionais que lá atuam possam dialogar trocar experiências e desenvolver novos métodos de ensino e enfrentamento das dificuldades vividas em sala de aula, pois as questões com a inclusão dos surdos em classe regular na escola são complexas demais para serem trabalhadas isoladamente.

Pode-se também ressaltar o conceito de Escola Inclusiva conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial MEC.

[…] implica uma nova postura da escola comum, que propõe no projeto político pedagógico, no currículo, na metodologia de ensino, na avaliação e na atitude dos educandos, ações que favoreçam a integração social e sua opção por práticas heterogenias. A escola capacita seus professores, prepara-se, organiza-se e adapta-se para oferecer educação de qualidade para todos, inclusive, para os educandos com necessidades especiais.[....] (Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial MEC/SEESP, 1998),

Ou seja, a Educação Especial já não é mais concebida como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de medidas que a escola regular põe ao serviço de uma resposta adaptada à diversidade dos alunos.

Neste contexto, a instituição escolar passa a ser alvo de questionamentos e de conflitos, provavelmente, por expor a diversidade e o compartilhamento de interesses, contradições, expectativas e identidades. Muitas são as ansiedades que movimentam as transformações em busca do que se julga ser o ideal, correspondendo às necessidades específicas de todos.

1.2 A Inclusão do Aluno Surdo em Classe Regular

A inclusão do deficiente auditivo nas escolas é uma realidade inegável, tendo a sociedade que organizar-se de modo a procurar alternativas para atender esta deficiência sendo que a escola de igual forma terá que ajustar. As famílias muitas vezes destituem-se da sua função educativa, delegando esta à escola esta responsabilidade, por vergonha ou receio de possuir um familiar com esse tipo de necessidade.

Incluir os surdos nas escolas regulares não é uma problemática nova, todavia tem assumido proporções de tal maneira que os educandários por vezes não têm opção, pois seus profissionais não estão preparados.

A questão a descobrir é onde estaria a raiz do problema?

É preciso incluir sem excluir não sendo possível atender uma criança portadora de deficiência auditiva ignorando suas características, nem tão pouco tratá-la diferente dos demais colegas. É preciso perceber que ao tratar o incluso como se não tivesse deficiência, seria ignorar características próprias. A deficiência auditiva existe e é preciso levá-la em consideração. Neste sentido é importante não subestimar as possibilidades, nem as dificuldades. As pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e assumir a responsabilidades por suas escolhas.

Ter uma deficiência, seja ela qual for não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior que uma pessoa que não possua nenhuma deficiência ou que ela não possua potencial de aprender algo, é provável que esta pessoa apresente certas dificuldades para o desenvolvimento de algumas habilidades, entretanto poderá apresentar outras tantas facilidades.

A escola enquanto espaço vivo, prazeroso e solidário, deve ter como objetivo fundamental assegurar a formação dos que participam do processo de educação inclusiva.

A inclusão dos surdos é vivenciada pelos jovens nas escolas, tornando-se uma realidade inegável e contínua sendo difundida no contexto educacional, perante isso se pretende fazer uma breve abordagem sobre a inclusão dos surdos e como tal problema vem sendo trabalhado dentro dos educandários, trazendo uma reflexão do papel do educador e da família, com destaque para a história dos surdos, as principais causas da surdez, os diferentes tipos de surdez, a identidade surda.

O que se percebe é que a deficiência auditiva recebida nas escolas dificulta a aprendizagem do aluno deficiente auditivo levando a reflexão sobre questões referentes à educação e a inclusão dos surdos em classe regular, os desafios que aparecem frente a estes dois determinantes e suas influências no processo ensino-aprendizagem.

A inclusão não pode ser responsabilidade única da Educação Especial. Não é uma simples questão do professor de Educação Especial ditar ao professor da classe regular como trabalhar com esse aluno. Se não for desenvolvida uma dinâmica de trabalho integrado, estaremos criando um sistema especial dentro da escola regular, o que não é Educação Inclusiva.

Portanto a escola deve ser um espaço que promova a mudança, que leve adiante uma pedagogia de valor, que esteja voltada e preocupada com a qualidade de seus conteúdos, com a formação de seus professores, realizando uma educação que crie espaços para que as pessoas possam deleitar-se de um futuro melhor.

Os alunos devem ser trabalhados para compreender e aceitar os outros; a reconhecer as necessidades e competências dos colegas; a respeitar todas as pessoas; a construir uma sociedade mais solidária; a desenvolver atitudes de apoio mútuo; a criar e desenvolver laços de amizade; a preparar uma comunidade que apóia todos os seus membros; a diminuir a ansiedade diante das dificuldades, entre outras vantagens.

Toda criança ou adolescente, mesmo que apresente características muito diferentes da maioria, precisa conviver e se desenvolver com sua geração, sendo que o espaço privilegiado para que isto ocorra é a escola. Por isso o ensino fundamental é obrigatório (art.208, I, CF), e o especializado, apenas preferencial na rede regular (art.208, III, CF). (MANTOAN, 2008, p. 20).

Escola inclusiva não necessita de classes especiais. Ou melhor, todas as classes e todos os alunos são muito especiais para seu professor! Tem lugar para todos, não há exigências quanto a acesso, nem mecanismos de seleção ou discriminação de qualquer espécie. É o lugar onde cada aluno pensa, faz e cria, e não do que reproduz, anota e decora, pois cada um pode fazê-lo no seu ritmo, há seu tempo e a seu modo.

A legislação do Brasil prevê a integração do educando com necessidades especiais no sistema regular de ensino. Essa integração, no entanto deve ser um processo individual, sendo necessário para cada um dos casos estabelecer o momento que seja oportuno para que o educando comece a freqüentar a classe comum, com possibilidades de progresso.

A integração do aluno surdo em classe regular, assim como outras integrações, não acontece como um passe de mágica é uma conquista diária, feita através de muito estudo, trabalho e dedicação de todas as pessoas que estejam evolvidas neste processo.

A inclusão de alunos com necessidades especiais em classe regular implica o desenvolvimento de ações adaptativas, visando a flexibilização do currículo para que ele possa ser desenvolvido de maneira efetiva em sala de aula, e atender as necessidades individuais de todos os alunos. (VALLE, 2003, p.46)

Para que se atinja progresso neste tipo de integração é importante a estimulação precoce da criança, que nasce ou se torna surda, mas um dos entraves é que nem todos os surdos são beneficiados com estes estímulos, sendo um dos muitos fatores a questão financeira.

Ao dar inicio ao processo de integração escolar do aluno surdo, a escola especial deve oferecer apoio ao educando em turno inverso ao da escola regular e ainda subsidiar o trabalho do professor em classe comum.

O aluno surdo deve freqüentar o sistema regular de ensino porque é um cidadão com os mesmos direitos que qualquer outro. A escola deve dedicar-se também a promover cursos de capacitação de professores, a propiciar estudos de pesquisa na área da surdez, linguagem, para que assim possam subsidiar o trabalho e respeitar as potencialidades dos surdos, objetivando a integração plena desses alunos.

É preciso também ter conhecimento e levar em consideração que a comunidade surda possui identidade, sendo elas:

Política: Carregam consigo a língua de sinais. Aceitam-se como surdos, sabem que são surdos e assumem um comportamento de pessoas surdas. Entram facilmente na política com identidade surda, onde impera a diferença: necessidade de intérpretes, de educação diferenciada, de língua de sinais, etc... A escrita obedece à estrutura da língua de sinais, pode igualar-se a língua escrita, com reservas.

Híbridas: Dependendo da idade em que a surdez chegou, conhecem a estrutura do português falado e o envio ou a captação da mensagem vez ou outra é na forma da língua oral.Assimilam um pouco mais que os outros surdos, tem dificuldade de entendê-la;

Flutuantes: Seguem a representação da identidade ouvinte. Não participam da comunidade surda, associações e lutas políticas. Desconhecem ou rejeitam a presença do intérprete de língua de sinais. Orgulham-se de saber falar "corretamente”.

Embaçadas: Os surdos não conseguem captar a representação da identidade ouvinte. Nem consegue compreender a fala. O surdo não tem condições de usar língua de sinais, não lhe foi ensinada nem teve contato com a mesma. São pessoas vistas como incapacitadas.

Outra questão que não se pode deixar de lado é em relação ao diferentes tipos de surdez, que são classificados em:

Surdez ligeira – perda auditiva de 20 a 40 db:

- A palavra é ouvida, contudo certos elementos fonéticos escapam ao indivíduo.

- A este tipo de surdez não provoca atrasos na aquisição da linguagem.

-Dificuldades em ouvir uma conversa normal.

Surdez média – perda auditiva 40 a 70 db:

- A palavra só é ouvida a uma intensidade muito forte.

- Dificuldades na aquisição da linguagem.

- Perturbação da articulação da palavra e da linguagem.

- Dificuldades em falar ao telefone.

- Processo compensador por leitura labial.

Surdez severa - perda auditiva 70 a 90 db:

- A palavra em tom normal não é percebida

- É necessário gritar para existir sensação auditiva.

- Perturbações diversas na voz e na fonética da palavra.

- Processo intenso de compensação de leitura labial.

Surdez profunda - perda superior a 90 db:

- Nenhuma sensação auditiva.

- Perturbações intensas na fala.

- Dificuldades intensas na aquisição da linguagem oral.

- Adquire facilmente Língua Gestual

De acordo com GONZÁLEZ (2007) que, trás alguns conceitos e dados históricos acerca da experiência em atendimentos educacionais especiais, alunos que necessitam de um atendimento especifico não podem ser considerados incapacitados, considerando que sua dificuldade relaciona-se mais com o meio social e cultural. Assim o autor define que pessoas que necessitam de um processo educacional especifico são aquelas que:

[...] apresentam algum tipo de deficiência física, psíquica ou sensorial ou que estão em risco social ou de desvantagem por fatores de origem social, econômico ou cultural que os impedem de acompanhar o ritmo normal do processo de ensino-aprendizagem. Por meio desses atendimentos especiais pretende-se conseguir o máximo desenvolvimento das possibilidades e capacidades desses alunos, respeitando as diferenças apresentadas ao longo desse processo. (GONZÁLEZ, 2007, p. 19)

Para tanto é necessário que o processo de inclusão venha quebrar barreiras do preconceito, especificamente sociais e culturais que compreendem as pessoas que necessitam de um processo de aprendizagem diferenciado.

Sendo assim, a aprendizagem se efetiva na interação com o outro, na troca de experiências e saberes.

[...] o tipo de escolarização vivenciado nas propostas pedagógicas desenvolvidas, o perfil do professor e o modo como lida com o conhecimento e com os alunos, o tipo de tratamento e expectativa depositada no estudante, as possibilidades de interações com os colegas, as experiências nos planos social, cultural, artístico e corporal promovidos ou impossibilidades pela instituição é um fator importante na definição da natureza do impacto sobre individuo. (REGO, 2002, p.74)

Os professores e demais profissionais que atuam junto ao aluno surdo na escola regular devem ser informados de que, embora ele possa não ter uma linguagem claramente expressa, poderá ter mais chances de integrar-se, se os profissionais, principalmente o professor da classe comum, estiverem atentos para os seguintes itens:

Aceitar o aluno surdo sem rejeição;

Ajudar o surdo a pensar, raciocinar, não lhe dando soluções prontas;

Não manifestar conduta de superproteção;

Tratar o aluno normalmente, como qualquer aluno, sem discriminação ou distinção;

Não ficar de costas para o aluno, ou de lado, quando estiver falando;

Preparar os colegas para recebê-lo naturalmente;

Ao falar, dirigir-se diretamente ao aluno surdo;

Falar com o aluno mais pausadamente;

Verificar se o aparelho de amplificação sonora individual está ligado;

Verificar se ele está atento. O surdo precisa "ler" nos lábios para entender;

Chamar sua atenção, através de um gesto convencional ou de um sinal;

Colocar o aluno nas primeiras cadeiras da fila central;

Utilizar todos os recursos que facilitem sua compreensão;

Utilizar a língua escrita, e se possível, a Língua Brasileira de Sinais;

Estimular o aluno a se expressar oralmente, por escrito e por sinais;

Interrogar e pedir sua ajuda para que possa sentir-se um membro ativo e participante;

Incluir a família em todo o processo educativo;

Avaliar o aluno surdo pela mensagem-comunicação que passa;

Solicitar ajuda da escola especial, sempre que for necessário;

Procurar obter informações atualizadas sobre educação de surdos;

Utilizar se forem necessários, os serviços de intérpretes;

E, principalmente, acreditar de fato nas potencialidades do aluno, observando seu crescimento.

A deficiência existe e é preciso levá-la em consideração. Neste sentido torna-se de grande importância não subestimar as possibilidades, nem as dificuldades.

A integração do aluno surdo é um desafio que deve ser enfrentado com muita determinação, sendo que a decisão de encaminhar um aluno surdo para freqüentar uma classe de ensino regular, deve ser resultado de um criterioso processo de avaliação.

1.3. Inclusão: Um meio de construir escolas para todos.

As pessoas vivem suas vidas em um constante processo de aprendizagem, e o papel da escola é ensinar para a vida, o processo ensino-aprendizagem permite tanto ao educador quanto ao educando trocar experiências, ocasionando assim um constante aprendizado, considerando que a escola o melhor ambiente para as pessoas projetarem seu futuro.

Portanto a escola deve ser um espaço que promova a mudança, que leve adiante uma pedagogia de valor, que esteja voltada e preocupada com a qualidade de seus conteúdos, com a formação de seus professores, realizando uma educação que crie espaços para que as pessoas possam deleitar-se de um futuro melhor.

O papel do educandário é acompanhar esta dinâmica, entendendo o seu fazer diário, refletindo e avaliando constantemente sua prática pedagógica, essas ações estão presentes no cotidiano da escola, tendo como principal objetivo que o aluno compreenda o mundo em que vive, conquiste a autonomia, desenvolva a autoestima e o equilíbrio pessoal, crie vínculos para uma interação social, reconheça o outro respeitando as diversidades culturais, éticas, religiosas, sexuais e sociais, recusando qualquer forma de discriminação ou preconceito, mantenha o interesse pela aprendizagem, fortalecendo a capacidade de aprender a aprender.

O educandário deve proporcionar a todas as crianças o acesso às mais diferentes formas de cultura. Que alfabetize decentemente a criança para que ela se tornasse um cidadão participante. A escola ideal, pura, seria aquela que despertasse a curiosidade absoluta da criança, proporcionasse todas as experiências possíveis do conhecimento e discutisse francamente com seus alunos valores.

A escola inclusiva necessita de uma organização aprendente, tem de ser um sistema aberto, pensante e flexível. Sistema aberto sobre si mesmo, e aberto à comunidade em que se insere, o aluno é um eterno aprendiz, em constante interação com as oportunidades que o mundo oferece e ao longo da vida.

Neste contexto a escola inclusiva precisa atender a todos os alunos portadores de Necessidades Educacionais Especiais, mesmo àqueles que são considerados, preconceituosamente, sem solução. Uma escola direcionada para a comunidade, onde o processo educativo seja entendido como um processo também social, onde todas as crianças com necessidades especiais têm direito à escolarização e à aprendizagem de qualidade, que propicie ao professores de classe comum um suporte técnico; que perceba que as crianças podem aprender juntas, mesmo tendo objetivos e processos diferenciados; que leve os professores a estabelecer formas criativas de atuação com as crianças portadoras de necessidades especiais; que propicie um atendimento integrado para o professor da classe regular, onde as pessoas sejam vistas com um mesmo olhar. Mas não para serem homogeneizadas.

A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para todos, sustentada em que as escolas, enquanto comunidades educativas devem satisfazer as necessidades de todos, sejam quais forem as suas características pessoais, psicológicas ou sociais.

Olhadas com um mesmo olhar de amor, de afeto, de valorização e respeito, para serem reconhecidas no seu valor individual e com suas diferenças. As diferenças que falo aqui não são apenas das pessoas com necessidades especiais, mas também diferenças étnicas, culturais, sociais, econômicas, religiosas, e o que mais se possa imaginar, de todas as pessoas. Uma escola que acolha e valorize essas diferenças, e que saiba aproveitá-las na produção e reconstrução do conhecimento.

Matricular simplesmente uma criança com deficiência em uma classe comum, da escola comum, sem dúvida, é um passo importante na direção certa; mas isto não é Educação Inclusiva. Educação Inclusiva pressupõe que todas as crianças tenham a mesma oportunidade de acesso, de permanência e de aproveitamento na escola, independentemente de qualquer característica peculiar que apresentem ou não. Pensa-se em uma escola que leve isso a efeito, mas para que isto ocorra, é fundamental que as crianças possuidoras de diversidade biológica com impedimentos tenham o apoio de que precisam, isto é, acesso físico, equipamentos para locomoção, comunicação ou outros tipo de suporte. Mas o mais importante de tudo, é que a prática da Educação Inclusiva pressupõe que o professor, a família e a comunidade escolar estejam convencidos de que o objetivo dessa Educação é garantir a todos os alunos, com ou sem impedimentos, a participação ativa em todas as atividades na escola e na comunidade, e também que cada aluno é diferente no seu estilo e ritmo de aprendizagem, e essa diferença é respeitada numa classe inclusiva.

A escola deve ser um lugar onde se entendesse que ser diferente não é ruim. Cada um tem seu valor como é todos têm potencial, onde os alunos com impedimentos não sejam encarados como problemas, por que, de fato, não o são; onde se entende esses alunos como pessoas que apresentam desafios à capacidade dos professores e das escolas para oferecer uma educação para todos, respeitando as necessidades de cada um. Esta escola deve flexibilizar formas de avaliação, tornando-as um estímulo às conquistas dos alunos, tornar conteúdos e atividades de aprendizagem acessíveis a todos os alunos, estimular a aprendizagem cooperativa, inovar nas metodologias, enfim, acolher as pessoas com muito carinho, paciência e compreensão.

Todos os alunos, independentemente da presença ou não de “deficiência”, aprendem: a compreender e aceitar os outros; a reconhecer as necessidades e competências dos colegas; a respeitar todas as pessoas; a construir uma sociedade mais solidária; a desenvolver atitudes de apoio mútuo; a criar e desenvolver laços de amizade; a preparar uma comunidade que apóia todos os seus membros; a diminuir a ansiedade diante das dificuldades, entre outras vantagens.

Escola Inclusiva não existem classes especiais. Ou melhor, todas as classes e todos os alunos são muito especiais para seu professor! Tem lugar para todos, não há exigências quanto a acesso, nem mecanismos de seleção ou discriminação de qualquer espécie. É o lugar onde cada aluno pensa, faz e cria, e não do que reproduz, anota e decora, pois cada um pode fazê-lo no seu ritmo e a seu modo.

1.4. Inclusão, o que podemos fazer?

Nos dias de hoje, a inclusão se constituiu num grande desafio para professores, escola e a sociedade no geral.

Frente a isso se faz necessário considerar a educação como um ponto estratégico para a transformação, pois a sociedade urge a necessidade de uma educação com qualidade, que contribua para a formação, combatendo o preconceito e a discriminação.

Incluir uma “criança especial” na escola regular significa proporcionar a todos os alunos o aprendizado de conviver com a diversidade, sem anulá-la.

A inclusão traz a idéia de igualdade de direitos, principalmente o respeito às diferenças, ao afirmar que independente das necessidades educacionais especiais todas as crianças tem o direito de freqüentar uma escola regular e aprender.

O desafio é grande quando se fala em educação inclusiva, e o professor como mediador deste processo deve estar consciente sobre suas responsabilidades, ser educador é um compromisso sério e muito importante, é necessário doar-se a esse comprometimento, pois a educação é um meio onde podemos promover mudanças na sociedade.

A escola inclusiva deve fornecer subsídios, apoio para capacitar seus profissionais, pois a educação inclusiva é muito complexa, sendo que, a sala de aula deve ser vista como o espaço que possibilita e sustenta o sonho, o desejo, a esperança e a ética, que cria e desenvolve o pensar e que o responsável por esta é o educador.

Nesse contexto a autora faz-se entender que é necessário ter uma equipe de professores e funcionários preparados para lidar com situações inusitadas.

A expectativa do educador não pode ser de que a criança com impedimentos chegue a apresentar comportamentos iguais das crianças tidas como “normais”, seu trabalho vai, no entanto, no sentido de apoiar esta criança para que ela desenvolva formas de ação que englobem campos comuns de significado com outras crianças.

A educação inclusiva tem como maior objetivo, e talvez, sua maior barreira também, a de, além de promover a integração, proporcionar a todos, uma educação de qualidade.

A inclusão implica em uma transformação considerável no espaço escolar. Implica quebrar e vencer paradigmas, buscar atender a diversidade humana com a ajuda de recursos materiais, humanos e financeiros.

O importante, no processo inclusivo é perceber que a diversidade não é o problema, pelo contrário, é perceber que é uma oportunidade de enriquecimento individual, social e de ensino-aprendizagem.

Nesse contexto a escola deve ser o espaço de todos e para todos, espaço que atenda e entenda a diversidade humana, visando à inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais na busca de superar seus próprios limites, assim, a escola e a sociedade poderão descobrir suas potencialidades, tornando a educação inclusiva promotora no desenvolvimento humano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atual contexto pode ser caracterizado por radicais transformações desenvolvidas históricamente em diversos aspectos-políticos, sociais, econômicos, culturais, as quais estão diretamente ligadas aos avanços científicos e tecnológicos. Este momento contextual no qual vivemos, marcado por constantes mudanças, onde a tecnologia tem crescente avanço, demanda da educação, de um modo geral, uma maior aproximação da realidade, exigindo assim, da escola novas formas de pensar e de agir frente às necessidades, exigências e potencialidades traçadas por tais avanços e mudanças. O papel da escola seria o de companhar esta dinâmica, entendendo o seu fazer diário, refletindo e avaliando constantemente sua prática pedagógica. A tarefa da escola, ao incluir o diverso, é possibilitar apropriações de dimensões básicas do desenvolvimento da espécie humana, como o desenvolvimento da função simbólica, o desenvolvimento da oralidade, a utilização de formas do pensamento como a classificação, a generalização, a correspondência. É indispensável que os estabelecimentos de ensino eliminem barreiras arquitetônicas e adotem práticas de ensino adequado às diferenças dos alunos em geral, oferecendo alternativas que contemplem a diversidade, além de recursos de ensino e equipamentos especializados que atendam a todas as necessidades educacionais dos educandos, com ou sem deficiência, mas sem discriminações. Frente a isso a inclusão tem sido um tema bastante discutido. Crianças que antes eram excluídas da escola regular e colocadas em instituições para deficientes, agora têm o direito, garantido por lei, à educação em escola regular, esta freqüentada antes apenas por crianças tidas como “normais”. A concretização da inclusão exige do sistema escolar a superação de vários desafios tais como: novas didáticas, capacitação dos educadores, e os alunos e familiares, estes passando por uma formação voltada para o processo de inclusão, onde possam aceitar as diferenças para assim evitar a exclusão e o preconceito, que são dois fatores que ainda precisam ser superados. Se pararmos para analisar nosso meio, verificamos que todos nós possuímos características diferentes, alguns se sobressaem em determinadas áreas e apresentam dificuldades em outras, e com o aluno especial não é diferente, e isso precisa ser respeitado e levado em conta na hora da aprendizagem e no processo inclusivo.

A inclusão não se limita apenas em colocar a criança com deficiência educacional dentro da escola, mas dar condições para que ela possa interagir, pois de nada adiantaria ter crianças incluídas na sala de aula e ao mesmo tempo excluídas no próprio ambiente escolar.É importante ressaltar que inclusão não significa tratar todos iguais, anular as diferenças, sendo que, a diversidade é um fator importantíssimo e extremamente enriquecedor para a aprendizagem num todo. Todo mundo ganha com a Inclusão de alunos com necessidades especiais na escola regular, os alunos com alguma “deficiência” (não uso esta palavra com sentido pejorativo) aprendem: melhor e mais rapidamente, pois encontram modelos positivos nos colegas; que podem contar com a ajuda e também podem ajudar os colegas; a lidar com suas dificuldades e a conviver com as demais crianças. Os alunos sem “deficiência”, os ditos “normais” aprendem: a lidar com as diferenças individuais; a respeitar os “limites” do outro; a partilhar processos de aprendizagem. Somente pode-se pensar em inclusão a partir do momento em que a sociedade e o ambiente escolar não mais fizerem distinção entre os seres humanos, pensando que a escola é aquela que educa de uma mesma forma todos os alunos, independente de serem ou não portadores de necessidades especiais, partindo do princípio de que todas as crianças podem aprender, respeitando e reconhecendo as diferenças.

REFERÊNCIAS

REGO, T. C. Configurações Sociais e Singularidades: O impacto da escola na constituição dos sujeitos. São Paulo. Moderna, 2002.

SOUZA, E. G. de. Surdez e Significado Social. São Paulo. Cordez, 1982.

VALLE, B. B. R. Fundamentos Teóricos e Metodológicos do Ensino Fundamental. Apostila do IESDE. Curitiba, 2003.

SKLIAR, Carlos (org.) A Surdez: um olhar sobre as diferenças. Editora Mediação. Porto Alegre,1998.

GONZÁLEZ, Eugênio. Necessidades educacionais especificas. Porto Alegre, Artmed, 2007.

MANTOAN, Maria Teresa Égler. O desafio das diferenças nas escolas. Rio de Janeiro, Vozes. 2008.

1Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva Clinica do Centro Sul - Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação.

2 Orientador do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva Clinica, do Centro Sul Brasileiro de Pesquisa Extensão e Pós-Graduação.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA


Sâmia Elyyan Ali El Naji[1]

Ibrahim Georges Cecyn Moussa[2]

RESUMO

Este artigo tem como tema “A aprendizagem da Matemática” e pretende mostrar que a Matemática é uma das ferramentas mais importantes da nossa sociedade moderna, e que apropriando-se dos conceitos e dos procedimentos matemáticos básicos, o cidadão se engajará no mundo do trabalho, das relações culturais, sociais e políticas, pois é necessário nos dias de hoje interpretar, organizar e analisar criticamente informações. É importante conhecer e aprofundar os conhecimentos teóricos através da prática diária e no contexto da sala de aula. O educador que busca a constante qualificação de sua intervenção pedagógica é forçado a reavaliar seus métodos e atitudes em função do desempenho de seus alunos na totalidade das situações a que estão expostos tanto na escola como fora dela. O professor de matemática, obrigatoriamente, deve atentar para o fato de que o que ensina se reflete diretamente na construção do pensamento lógico dos alunos, bem como na forma pela qual se apropriam dos signos operatórios em cada fase do desenvolvimento biológico, psicológico e social. Circunstancialmente convive com formas de trabalho escolar problematizadoras as quais, conforme a sua natureza, são capazes de favorecer ou de comprometer o processo de construção desse pensamento. Orientado por uma dimensão teórica, o professor deve ir além, dimensionando o seu trabalho no nível de construir novos princípios, novas possibilidades para oportunizar sempre mais e melhores aprendizagens. Nesse sentido, este trabalho busca realizar uma releitura crítica do que ocorre na sala de aula de matemática no Ensino Fundamental, impulsionando um processo de reinvenção do fazer pedagógico, do compromisso com a reconstrução e a transformação da sociedade a partir da escola, em busca de uma vida mais humana, mais justa e de melhor qualidade, onde a consciência opere as mudanças.

Palavras-chave: Fazer Pedagógico; Educandos; Ensino Fundamental; Conhecimento.

INTRODUÇÃO

A educação se processa por uma série ininterrupta de mudanças profundas, onde o homem vê-se na contínua necessidade de educar-se para a vida. O presente artigo propõe-se a realizar uma explanação acerca dos mecanismos cognitivos, notadamente no desenvolvimento do raciocínio lógico e a aprendizagem da matemática. Considera-se, nesta explanação, o papel dos professores que ensinam matemática, como sendo os mediadores, desde as séries iniciais, do processo da aprendizagem.

A forma pela qual são desenvolvidos os conteúdos de ensino capacita com maior ou menor eficiência o aluno na utilização dos mecanismos adquiridos em situações novas.

Os objetivos deste artigo são: Identificar a importância do desenvolvimento do raciocínio lógico na aprendizagem de matemática, especificamente no Ensino Fundamental; Buscar métodos que facilitem o desenvolvimento do raciocínio lógico, para a compreensão dos conteúdos trabalhados no Ensino Fundamental; Apropriar-se de técnicas, facilitando o processo de construção do conhecimento matemático.

Desta forma, justifica-se o tema proposto, a visualização de dificuldades diversas na compreensão total do conjunto das disciplinas do Ensino Fundamental, dificuldades essas compreendidas como de aprendizagem e de emprego do raciocínio lógico. Visando contribuir efetivamente na diminuição das dificuldades em desenvolver o raciocínio lógico dos alunos, buscando métodos e técnicas para tornar mais fácil a compreensão dos conteúdos, de maneira agradável e dinâmica, para que possam ser aplicados no dia-a-dia, considerando as diferentes estruturas mentais regem as fases do desenvolvimento humano; a importância do raciocínio lógico na compreensão dos conteúdos trabalhados no ensino fundamental; os métodos e técnicas possíveis de uso por parte do professor, a fim de despertar o interesse, a disposição e o raciocínio lógico para a aprendizagem matemática; motivações a serem utilizados para despertar a criatividade, o raciocínio lógico e o gosto pela Matemática.

1. A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

Segundo RANGEL (1992, p. 57), a educação matemática implica educação para o conhecimento, em superação à educação para o conhecimento, em superação à educação para o aprender a fazer. Está comprometida com a formação de sujeitos autônomos, que valorizam as relações de sociedade em oposição ao individualismo, conscientes da importância das trocas com os outros para crescerem modificando a si próprios e a realizar através da ação, cooperação e transformação.

A dimensão lógico-matemática, é na escola, normalmente associada a competência em desenvolver raciocínios dedutivos, “em construir ou acompanhar longas cadeias de raciocínios, em vislumbrar soluções para problemas lógicos e numéricos, em lidar com números ou outros objetos matemáticos”. (SNOLE, 1996, p. 48)

Considerando-se esses aspectos é possível compreender que, contrariamente ao que ocorre na maioria das escolas, a educação matemática no ensino fundamental deveria voltar-se para as necessidades da criança para que esta, a partir de sua ação produtora, construa sua lógica operatória e as estruturas mentais do número e das operações elementares, através da experiência e da superação de conflitos cognitivos. Grandes partes desses conflitos se instauram na dinâmica das relações interpessoais por não estarem estas respaldadas por procedimentos e métodos inadequados.

O processo de ensino na escola, para VYGOTSKY, deve tomar como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, fazendo com que ela avance em sua compreensão “a partir dele e tendo como meta etapas posteriores, ainda não alcançadas” (OLIVEIRA, 1997, p. 67) como a situação escolar é um processo permanentemente em movimento, sendo o resultado desejável a transformação, essas devem ser captadas deixando fluir o desempenho do sujeito e interferindo para provocar comportamentos relevantes por parte dele.

Ao enfatizar-se a atividade da criança reafirma-se que a interação social é fundamental ao processo de construção do pensamento, o que leva à necessidade de uma proposta de educação mais abrangente nos aspectos que deva reunir: cooperação, expressão, autonomia, reciprocidade e, no dizer de PIAGET, “um misto de liberdade e direção” (RANGEL, 1992, p. 60) capaz de provocar o desequilíbrio das afirmações para que as hipóteses sejam novamente reelaboradas ou confirmadas.

O processo de construção do conhecimento matemático é uma atividade de comunicação. É importante que a criança tenha oportunidade de comentar a respeito da experiência realizada, registrar as transformações ocorridas, descrever as relações apreendidas, as dificuldades encontradas e suas justificativas. A troca de idéias e a discussão sustentam a dinâmica do processo, através do estímulos recíprocos e do controle mútuo, exercitando o espírito crítico.

Esta posição sobre a importância da intervenção do professor e das próprias crianças no desenvolvimento de cada indivíduo envolvido na situação escolar sugere que a interação social, quando integrado num contexto voltado para a promoção do aprendizado, produz excelentes resultados e proposta tanto por Piaget como por VIGOTSKY, seus efeitos são, além dos já evocados, o aumento da auto-estima, da segurança e da compreensão lógica do mundo.

Nessa perspectiva, encorajada a exprimir suas idéias a respeito das coisas, a criança expõe as hipóteses presentes na sua vivência atual de determinado saber confrontando-as com outras diversas. Gradativamente, dá-se conta da fragilidade e incoerência que podem pontuar suas hipóteses iniciais, estabelece novas coordenações em seu pensamento, até atingir a lógica do adulto. Dá-se a ela, através do “erro construtivo”, a possibilidade de compreender, de construir a aprendizagem por sua própria ação e reflexão.

Nesse ponto, observa-se o ensinamento de Piaget,quando afirma que o desenvolvimento cognitivo relaciona-se com o julgamento moral, concebendo a criança como “capaz de tornar-se, através das interações com os outros, cada vez mais racional no que tange ao julgamento moral”. (RANGEL, 1992, p. 63) Para o teórico, a moral é considerada a lógica da conduta, tanto quanto a lógica operatória é considerada a moral do pensamento.

O grande desafio da educação matemática – como, de resto, da educação em geral – é o de favorecer o desenvolvimento intelectual (desejável) em consonância com o desenvolvimento afetivo-moral (fundamental). Disso depende a conquista da autonomia intelectual, afetiva e moral “com base no exercício das descentrações e nas leis de reciprocidade construídas em suas interações com o meio físico-social e histórico-cultural”. (RANGEL, 1992, p.64)

Fundamentadas no respeito mútuo e na reciprocidade, essas interações e as atividades nelas envolvidas favorecem à criança a tomada de consciência de que sua aprendizagem depende de sua ação ao produzi-la, construindo o conhecimento no “interior”, como fruto do esforço pessoal e das colaborações instauradas na dinâmica da prática pedagógica.

Contudo, em que pese toda a teoria abordada, o ensino de matemática deve garantir o desenvolvimento das estruturas cognitivas “que sustentam a possibilidade do real entendimento do que se pretende ensinar [...] e se relaciona com a capacidade do sujeito agir, criando relações para solucionar os problemas da vida”. (CARRAHER, 1988, p.79) Esse ensino não deve colaborar para o insucesso da criança na escola, dissociando a transmissão de regras e linguagem de signos do desenvolvimento das estruturas da inteligência. Tampouco a matemática deve assumir a função de “separar” os indivíduos, selecionando através de provas e exames os “capazes”, porque assim cumprirá um papel ideológico, seletista e discriminatório de marginalização daqueles que “não levam jeito para a matemática, assumindo que são ‘meio burros’”. (RANGEL, 1992, p.99)

Verifica-se, neste ponto, a importância da concepção que o professor tem de sua função e, principalmente, do que seja o conhecimento e das formas pelas quais uma criança efetivamente aprende.

2. A ATUAÇÃO DO PROFESSOR

O professor deverá ser o mediador do processo ensino-aprendizagem. As atitudes que toma, diante dessa condução, são fundamentais na construção do conhecimento por parte dos alunos.

Tem sido a preocupação principal do professor de matemática a visão de que essa área do conhecimento “é uma ciência, ou seja, um corpo de conhecimentos organizado de modo lógico e explicitado em uma linguagem específica que almeja ser suficientemente objetiva para evitar ambigüidades” (BICUDO, 1990, p.46) como ciência complexa, preocupa-se com os conteúdos a ela pertinentes quando, em sala de aula, percebe que as expectativas, as ocorrências, as insatisfações vão se somando, colocando em cheque a posição do mestre que se encontra em posição de ensinar, porque domina os conteúdos, mas que também é exigido na medida em que é necessário expressá-los, dando sentido àquilo que ensina – um sentido social, histórico e humano.

Assim como o saber matemática não é privilégio do professor nem poderá ser de poucos alunos e devido à multiplicidade dos fatores que interferem no processo de ensino-aprendizagem, a intenção de ensinar deve ser pontuada pela criação de situações-problema, o favorecimento da discussão das soluções encontradas pelos alunos, sistematizando as conclusões expressas pela classe e relacionando a linguagem emergente do grupo com a convencional da matemática.

“Os procedimentos usados nas soluções dos problemas e as conclusões expressas corretos, incorretos ou incompletos revelam o significado que o aluno atribui, num dado momento, a termos enunciados e fórmulas envolvidos na tarefa de ensino que lhe é proposta; os obstáculos epistemológicos que enfrenta e os recursos de que dispõe para o encaminhamento da solução da mesma.” (CARVALHO, 1992, p. 104)

Afirma BRASIL (1997, p. 52), que “a função do professor de matemática é ensinar aos alunos que há sempre possibilidade de se chegar a um objetivo por caminhos diferentes”. Prossegue considerando que, “quando a matemática se formaliza (desprende-se do concreto) é, precisamente, para se tornar mais plástica e aumentar as possibilidades de rodeios possíveis da ação”. (BRASIL, 1997, p.53) O processo de construção dessa “nova” linguagem matemática não pode, contudo, reduzir-se a uma atividade individual, ressaltando as trocas como possibilidades de utilização e domínio da linguagem.

Complementarmente, encontra-se em CARVALHO (1992, p.107) o esclarecimento de que deve “ser colocado o problema da generalização dessa linguagem para além da situação particular da sua origem, assegurando-lhe a possibilidade de se tornar modelo aplicável a outra situação”. Essa generalização deve ser favorecida, mas não imposta.

Relativamente às práticas avaliativas, o professor, nessa ótica, deixa de ser o centralizador da avaliação, para proporcionar ao aluno a participação no julgamento da exatidão de seus procedimentos, hipóteses e conclusões. Esse dimensionamento integra-se em todos os momentos ao processo de produção do conhecimento.

O ambiente favorável ao desenvolvimento da educação matemática deve apresentar duas características básicas:

1. Ser fonte constante de perturbações, isto é, de resistências aos esquemas de assimilação do aluno;

2. Oferecer condições necessárias às reequilibrações, isto é, às novas construções cognitivas.

Um ambiente assim constituído permite e suscita a construção, pelo aluno, do auto controle e o desenvolvimento, também, da responsabilidade social.

Entende-se que a educação tem vivido momentos críticos, sobretudo quando se busca compreender as razões do baixo desempenho dos alunos. BICUDO (1990, p. 32), considera que “para isso contribuem as conseqüências do histórico descaso para com a educação e problemas sociais”. Mais ainda: Quando se trata da matemática, as dificuldades podem também estar vinculadas a questões de limitações intelectuais, disfunções do sistema nervoso central, problemas sócias ou psicológicos mas, na grande maioria das vezes, têm relação direta com causas pedagógicas alheias às capacidades e/ou limitações do aluno.

O desafio que se coloca par ao professor de matemática pode, então, ser definido como o de organizar suas ações incorporando todas as formas de manifestação do aluno e do meio, ocupando-se de parâmetros relativos à sua formação profissional para executar essas ações.

Na escola fundamental, o trabalho com a matemática parece permanecer subjacente, limitado ao treinamento das crianças para responderem corretamente, ao invés de compreenderem a natureza das ações matemáticas. Falta, essencialmente, desenvolver e conservar o prazer da descoberta e o exercício da curiosidade no seu processo de desenvolvimento, a criança “vai criando várias relações entre objetos e situações vivenciadas por ela e, sentindo a necessidade de solucionar um problema, de fazer uma reflexão, estabelece relações cada vez mais complexas que lhe permitirão desenvolver noções matemáticas mais e mais sofisticadas”. (SMOLE, 1996, p.6)

O trabalho com a matemática no Ensino Fundamental não pode ser esporádico, espontaneista e casual – deve ser diário, com propostas e oportunidades que evoquem o uso do que SMOLE (1996, p. 63) classifica como “competência lógico-matemática”, em ligação permanente com as demais componentes do espectro (aqui entendido como o contexto global do ensino, numa relação de complementaridade).

Um dos maiores obstáculos ao desenvolvimento do trabalho teoricamente proposto como “ideal” é a criação de formas práticas de interação que tornem o fazer pedagógico coerente entre esses referenciais teóricos e as respostas da realidade. A interação direta do professor com a criança e destas entre si, em todas as suas implicações, seus objetivos e suas dificuldades, não possui fórmulas prontas – as ideias são trabalhadas, consociando ou modificando-se pela reflexão da prática. É, pois, a análise da própria atividade da criança que proporciona a orientação dos caminhos a seguir para enriquecer sua aprendizagem matemática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teórica através de materiais publicados sobre o tema de que trata o presente artigo permitiu destacar que educação deve ser orientada para a autonomia. Sua meta é a formação de indivíduos capazes de interagir, operar no convívio social. Relativamente à educação matemática, infere-se que a atividade de resolver problemas é constante na vida do indivíduo, exigindo soluções. O aprendizado de estratégias, portanto, auxilia o enfrentamento de novas situações. Quando corretamente construídos os conceitos matemáticos, através da estimulação e o despertar da curiosidade com o auxílio de problemas concretos, o professor estará desenvolvendo na criança a capacidade de agir socialmente como sujeito de sua própria história. O melhor critério para organizar, selecionar ou formular esses problemas e privilegiar os que possibilitem ao aluno pensar, raciocinar e gostar de resolvê-los. Além disso, é necessário estimular o aluno a formular, mudar dados, explicar a solução encontrada, discutindo os resultados. Assim como o que se tem observado o fracasso do ensino da matemática ou seu sucesso depende, fundamentalmente, de atitudes positivas do professor em sala de aula, entre elas: criar um ambiente favorável; trabalhar com problemas desafiantes e reais; deixar os alunos criarem seus próprios problemas e estratégias; dar mais ênfase ao processo do que ao produto, isto é, privilegiar o processo utilizado para a resolução do problema, e não a resposta propriamente dita; direcionar a atenção para as informações realmente importantes do problema; não mostrar a resolução, mas deixar o aluno perceber as tentativas e as estratégias; encorajar a criatividade, na qual a formalização vem depois das tentativas de solução; desenvolver a auto-estima e a confiança; avaliar a aprendizagem junto com o aluno e discutir os erros e os porquês. Assim sendo, o professor de matemática, através de uma prática docente baseada na liberdade, no respeito e no compromisso com a formação integral das pessoas a quem ensina, esforça-se por desenvolver neles estruturas e mecanismos capazes, por si, de instrumentalizá-lo no contexto do conhecimento humano do mundo e da importância de sua ação na sociedade na qual vive. O processo de ação-reflexão proposto pelo desenvolvimento do raciocínio lógico torna o aluno capaz de atribuir significado ao mundo e às suas experiências, construindo-se como pessoa e ampliando todas as suas possibilidades e as possibilidades do seu tempo.

REFERÊNCIAS

BICUDO, Maria Aparecida. Educação Matemática. São Paulo. Moraes, 1990.

BRASIL, Luiz Alberto S. Aplicações da Teoria de Piaget ao Ensino de Matemática. Rio de Janeiro. Forense-Universitária,1997.

CARRAHER, Terezinha Nunes. Aprender Pensando. Petrópolis. Vozes,1988.

CARVALHO, Dione Luchesi de. Metodologia do Ensino de Matemática. São

Paulo: Cortez, 1992.

OLIVEIRA, Marta Kolil de, VIGOTSKI- Aprendizado e Desenvolvimento: um processo Sócio-histórico. São Paulo. Scipione, 1997.

RANGEL,Ana S. EducaçãoMatemática e a Construção do Número pela Criança- uma Experiência em diferentes contextos sócios-econômicos. Porto Alegre. Artes Médicas 1992.

SMOLE, Kátia Cristiano Stocco. A Matemática na Educação Infantil. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1996.



[1]Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva , do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação – Censupeg.

[2] Orientador do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação – CENSUPEG.

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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Dicas da Sam: Sindrome de down não pega. Contagia!



Entrevista com Débora Cordela sobre inclusão social. Fala sobre a riqueza de experiências vividas com sua filha Rhaíssa.

Rhaissa é atriz, modelo, estuda na sexta série de uma escola particular, tem muitos amigos, leva uma vida normal, toca piano e teclado, adora dançar, tem samba no pé, é carinhosa e esta com 13 anos.

Visite o blog da Rhaissa

http://rhaissacordella.blogspot.com/

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Rhaissa Cordela

domingo, 6 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A FORMAÇÃO E A POSTURA DOS PROFESSORES


Adriana Reck Benato[1]

Ibrahim Georges Cecyn Moussa

RESUMO

A relevância dos estudos aqui discutidos e estudados consiste em desenvolver uma reflexão sobre a inclusão escolar e a formação continuada dos professores promovendo um espaço de reflexão e sensibilização sobre o dado problema. Ao pesquisar, a primeira preocupação que surge é a difícil tarefa de tentar mudar este quadro, é preciso ter a certeza de que somos capazes de transformar a nossa realidade em prol da melhoria de vida da própria humanidade. A responsabilidade dos educadores são complexas e cumpridas em circunstâncias muito especiais, sob permanente exposição de dezenas de olhares no ambiente escolar, sendo que a inclusão de alunos com necessidades especiais educacionais já é uma realidade que ainda precisa de professores habilitados e capacitados para que possam atender a todos os alunos de forma que proporcione condições para desenvolver habilidades e competências necessárias para o processo de ensino-aprendizagem. Para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas concepções e resignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e amplitude que envolve essa temática.

PALAVRAS - CHAVE : Professor; Educação; Inclusão; Formação; Escola.

PROBLEMATIZAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho constitui-se em um estudo sobre a inclusão escolar e a formação continuada dos professores O interesse por essa temática é fruto de inquietações advindas de nossa trajetória como aprendizes e como docentes.

A inclusão é um movimento mundial de luta das pessoas com deficiências e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar na sociedade.

Há uma grande necessidade de auto-reflexão no momento atual, em que o país, através de suas políticas educacionais vem incorporando novos conceitos, novos referenciais que desafiam os processos formativos e de professores em todos os cursos de licenciatura, bem como, atuação docente e formação continuada.

A formação continuada é uma exigência do mundo atual. O educador necessita, constantemente, repensar e aperfeiçoar sua prática docente, sendo assim, quanto mais se investe no professor e na sua atualização se tem condições para melhorar a qualidade do ensino no Brasil.

A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse principio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada individuo.

As discussões enfatizam a necessidade de uma educação continuada e de uma formação em serviço. NÓVOA (1995, p. 26) aponta que “a formação de professores precisa ser repensada e reestruturada como um todo abrangendo as dimensões da formação inicial, da indução e na formação contínua”

Os professores são a “alma” da escola, por isso, são peças fundamentais no desenvolvimento harmonioso do educando. Depende deles, tornar o ambiente da sala de aula e, consequentemente, da escola, um espaço de saber e de aprendizagem. Segundo ISSA, 2002, p. 19 “As raízes mais profundas de um profissional empreendedor têm como principal fonte, criar, inovar e prospectar planos que trarão vida a si, aos que rodeiam e ao ambiente em que atua”

As novas concepções para a formação docente têm procurado responder às novas exigências da sociedade, buscando formar um profissional capaz de apropriar-se das mudanças no momento presente, projetando-se num futuro próximo.

A conscientização dos docentes tem de partir do pensamento que as experiências pedagógicas desenvolvidas nos anos de 60 e 70 e na década de 80 não conseguem mais dar conta de atender as exigências encontradas na sala de aula, sendo que, passamos por intensas e rápidas transformações.

Não é possível pensar em mudança, seja ela qual for sem antes refletirmos sobre o papel de quem trabalha diretamente ligado à formação social do homem. Dentre os caminhos, ressalta-se aquele em que cada profissional deve conscientizar-se de sua capacidade, de seu papel e invista em sua formação como sujeito e profissional, sendo assim terão capacidade suficiente para exercer suas competências onde quer que atue.

Ocorre-se a deficiência na qualificação docente, acontece também uma privação a um ensino de qualidade. Certamente levamos em conta alguns dos fatores como, por exemplo, as condições financeiras que não são favoráveis à qualificação, devido aos baixos salários, ocorrem a frustração do professor.

Incluir alguém em um ambiente significa dar qualidade para essa pessoa independentemente se ela apresenta uma deficiência ou não. A grande questão é que a palavra "inclusão" gera, na maioria das vezes, uma exclusão, pois se você tem que incluir alguém, é sinal de que esse alguém já foi outrora excluído.

Portanto a inclusão depende de mudança de valores da sociedade e a vivência de um novo paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções, pais, alunos e comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar em conta as diferenças. Como colocar no mesmo espaço demandas tão diferentes e específicas se muitas vezes, nem a escola especial consegue dar conta desse atendimento de forma adequada, já que lá também temos demandas diferentes?

1. UM BREVE OLHAR SOBRE A HISTÓRIA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Para falarmos de Educação Inclusiva é importante destacar o caminho percorrido pelas pessoas com necessidades especiais, ressaltando as lutas da humanidade pelo direito a ter direitos já que dentre todas as minorias essas pessoas vieram de um período de exclusão, seguido da segregação, institucionalização, e integração, para só agora passarem a gradualmente serem incluídas na sociedade.

Desde 1948, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pode-se afirmar que a educação de crianças especiais passou a ser sinalizada, passando a pessoa com necessidades especiais a se tornar portadora de direitos e, sobretudo do direito à igualdade.

Estados Unidos e Canadá foram os pioneiros no âmbito de programas para promover atenção e cuidados básicos para a saúde, alimentação, moradia e educação para estas pessoas que eram abandonadas pela sociedade.

Na França, surgiu as primeiras iniciativas para educar as pessoas com deficiências, a tentativa partiu de Jean Paul Benet em 1620, com o intuito de ensinar mudos a falar.

Logo após este período surge a primeira instituição pública para a educação de crianças com deficiência mental, que era residencial e foi fundada pelo médico francês Edward Seguin, criador do método educacional originado da neurofenologia, que consistia na utilização de recursos didáticos com cores e musica, o qual tinha por objetivo despertar a motivação e o interesse dessas crianças.

No Brasil a primeira escola especial foi criada em 1854 no Rio de Janeiro. Em 1857 também no Rio de Janeiro surge o instituto imperial de educação de surdos, propagando posteriormente para todo o país.

A educação especial surgiu sob o enfoque médico e clinico como método de ensino para crianças com deficiência mental, criado pela médica italiana Maria Montessori, no inicio do século XX.

Vários outros documentos foram sendo construídos através de lutas sociais, sobretudo pelo direito à diversidade e à igualdade de condições para todos, porém, diante de uma sociedade vítima de todo um processo de exclusão ao longo de sua história, a educação de especiais veio a se tornar debatida, redirecionada e difundida somente a partir do surgimento do termo Educação Inclusiva que passou a ser reconhecido mundialmente a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, reafirmando o compromisso com a efetivação de uma Educação para Todos, reconhecendo a urgência e necessidade de todas as pessoas com necessidades educacionais especiais serem inseridas dentro do sistema regular de ensino.

1.1 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR ATUALMENTE

Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminado o magistério, o profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da vida. Hoje a realidade é diferente, principalmente para o profissional docente. Este deve estar consciente de que sua formação é permanente, e é integrada no seu dia-a-dia nas escolas.

A real valorização do docente precisa ter três alicerces sólidos: boa formação inicial, boa formação continuada e boas condições de trabalho, salário e carreira. Não é raro encontrarmos profissionais que responsabilizam a instituição pelo desajuste entre as informações recebidas e sua aplicabilidade. A formação só será completa quando esses profissionais se auto produzirem. NÓVOA (S/D) diz: “Os professores têm de se assumir como produtores da sua profissão”.

Estudos apontam que existe a necessidade de que o professor seja capaz de refletir sobre sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua, voltada aos interesses e às necessidades dos alunos. Nesse sentido, FREIRE (1996, p. 43) afirma que: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática”.

A educação é um fenômeno comunicacional. A educação só se concretiza no processo dinâmico de comunicação entre os interlocutores. Nesta troca de papéis, discursos com novos sentidos surgem e os saberes são construídos continuamente. (SILVA, 2001, p. 56)


Segundo DEMO (1995, p. 51) “A competência é um processo de formação da capacidade inovadora permanente”, que é a busca constante das nossas potencialidades que devem ser privilegiadas pela reflexão constante de nossas ações. É um processo que exige flexibilidade e traz a idéia do inacabado, portanto as atualizações nas teorias de desenvolvimento e aprendizagem, a influência da tecnologia e dos meios de comunicação sobre o processo ensino-aprendizagem, as metodologias e as novas técnicas vêm redefinindo o papel do professor para o futuro.

Somente profissionais preparados e comprometidos com o sucesso da aprendizagem de seus educandos é que terão espaço de atualização nas escolas públicas e privadas.

Sabe-se que há uma enorme distância entre o perfil do professor que a sociedade espera e exige e o perfil do profissional que encontramos hoje. Por isso, é imprescindível que se busque qualificar melhor os educadores que precisam buscar acompanhar as mudanças rápidas por que passa a sociedade atual.

Para que possa ter educadores de respeito, estes precisam agir de formas a demonstrar o conjunto de valores que cultivam, acreditar firmemente neles e transmití-los as futuras gerações, que serão os subsídios na sociedade.

A atualização do profissional se faz necessária, pois se percebe que a prática em sala de aula reflete a sua vivência como aluno, independente do seu conhecimento a respeito das teorias de aprendizagem.

Embora estejamos a caminho de colocar em prática esse novo ideal de educador é essencial tornamo-nos momento, pesquisadores de nosso cotidiano, refletindo sobre nossas atuais ações e prospectando novas maneiras de agir em função desta necessidade histórica.

Não é possível pensar em mudança, seja ela em nível pessoal ou profissional, sem antes refletirmos sobre o papel de quem trabalha diretamente ligado à formação social do homem e aderir a ela implica optar pela libertação e pela humanização do homem.

A década de 90 trouxe um novo perfil ao professor brasileiro, e só há espaço para que, esta disposta a investir na formação continuada, o educador hoje é o mediador entre o saber e o aprendizado próprio do aluno. Acabou a prática pedagógica onde era só escutar, copiar, decorar e repetir, com isso, o educador não pode somente limitar-se a sala de aula, ele precisa acompanhar as mudanças da sociedade e deve entender e considerar a diversidade cultural, precisa também freqüentar assiduamente a biblioteca, ler muito, diante disso é que conseguiremos encontrar novos caminhos para o aluno produzir conhecimento.

Com a exigência cada vez maior do mercado de trabalho, nos próximos anos só vai haver espaço para o educador que levar realmente a sério o compromisso da educação e com isso os que apenas buscam complemento de renda certamente perderão o mercado para os demais profissionais. Segundo GILLEY, 1999 p. 125 “Cada um de nós escolhe pessoalmente o seu modo de ver o mundo, de experimentar os acontecimentos. Cada um de nós escolhe o significado que um acontecimento tem na nossa vida”.

A partir de 1996, a tônica da formação continuada centrou-se na reflexão dos professores sobre suas práticas escolares. Pesquisadores diversos buscam entender os problemas do cotidiano escolar como base para a criação de alternativas transformadoras, fundamentadas na abordagem do professor reflexivo.

A construção dos saberes docentes não se reduz ao conhecimento de teorias inovadoras, pois inclui a vivência e a reflexão sobre a prática, mas também uma postura científica diante do conhecimento.

O professor do novo século precisará ampliar a visão de mundo e de suas concepções, precisará re-significar o papel de educador, lembrar que os novos tempos impõem um trabalho que não atinge só a cognição dos alunos, mas a forma de se relacionar, de interagir.

Para que se possam ter educadores de respeito, estes precisam agir de forma a demonstrar o conjunto de valores que cultivam acreditar firmemente neles e transmiti-los às futuras gerações, que serão os subsídios na sociedade.

1.2 UM OLHAR FRENTE A INCLUSÃO

Um dos principais problemas que se apresenta na educação inclusiva é a dificuldade e o despreparo dos professores para trabalhar com a diversidade.

A legislação da educação inclusiva prevê que todos os alunos, independente de suas deficiências, sejam ser matriculados nos sistemas regulares com atendimento educacional especializado preferencialmente na própria escola em turno inverso.

O ingresso desses alunos passou a ser natural, porém a permanência é dificultada pela falta de preparo do corpo docente, frente a essa problemática fica a pergunta: como os professores devem se preparar para receber alunos com necessidades educacionais especiais?

O processo de educação inclusiva deve prever todos os apoios e adaptações necessárias para receber os alunos com necessidades educacionais especiais sem sua totalidade. É comum presenciar a aflição dos educadores, os quais são obrigados a trabalhar com estes alunos sem ter recebido o conhecimento mínimo em sua formação.

Alunos com necessidades educacionais especiais incluídos em salas de aula regulares precisam de um olhar especial do professor, pois seu ritmo e seu tempo será mais lento do que os ditos normais, portando se o mesmo não tiver conhecimento e recursos específicos, não conseguirá proporcionar condições de aprendizagem a estes alunos, e que dificilmente irá estimular a permanência do mesmo na escola, gerando então exclusão.

A inclusão é um tema relevante e muito discutido nos últimos anos, por isso é necessário mudanças em todo o sistema educacional para que sejam relevante,verdadeira e significativa para o alunos com necessidades educacionais especiais, e principalmente aqueles que necessitam de apoios e recursos mais intensos.

Portanto é necessário que os educadores tenham um olhar diferenciado para com todos seus alunos, torne-se um observador, só assim será um pesquisador de novas metodologias, novas práticas educativas, que venham favorecer o processo de ensino-aprendizagem de seus alunos.

O contexto escolar recebe o movimento da inclusão com a divulgação da Declaração de Salamanca (Brasil) 1994 sob o patrocínio da UNESCO, cujas linhas de ação visam o seguinte universo conceitual.

A inclusão é um processo complexo que configura diferentes dimensões: ideológica, sociocultural, política e econômica.

Os determinantes relacionais comportam as interações, os sentimentos, significados, as necessidades e ações práticas, já os determinantes materiais e econômicos viabilizam a reestruturação da escola.

Nessa linha de pensamento, a educação inclusiva deve ter como ponto de partida o cotidiano: o coletivo, a escola e a classe comum onde todos os alunos com necessidades educacionais especiais ou não, precisam aprender, ter acesso ao conhecimento, a cultura e a progredir no aspecto pessoal e social.

Estudos e experiências realizadas em escolas que estão obtendo êxito no projeto de inclusão apontam alguns princípios norteadores e fundamentos:

§ O principio da identidade, a construção da pessoa humana em todos seus aspectos: afetivo, cultural, intelectual, moral e ético;

§ A valorização da diversidade para conviver com as diferenças;

§ Toda a criança pode aprender, tornar-se membro efetivo e ativo na classe regular e fazer parte da vida comunitária;

§ A construção de laços de solidariedade, atitudes cooperativas e trabalhos coletivos proporcionam maior aprendizagem para todos;

§ A inclusão significa transformação da prática pedagógica: relações interpessoais positivas, interação e sintonia professor – aluno - família – professor - comunidade escolar – professor e compromisso com o desenvolvimento acadêmico;

§ A inclusão depende da criação da rede de apoio e ajuda mútua entre escolas, pais e serviços especializados da comunidade para a elaboração do projeto pedagógico;

§ O projeto político pedagógico deve garantir adaptações necessárias ao currículo, apoio didático especializado e planejamento, considerando as necessidades educacionais de todos os alunos e oferecendo equipamentos e recursos adaptados quando necessários;

§ O professor da classe regular assume a responsabilidade pelo trabalho pedagógico e recebe apoio do professor especializado, dos pais e demais profissionais envolvidos para a identificação das necessidades educacionais especiais, a avaliação do processo de desenvolvimento e aprendizagem e o planejamento de metas;

§ O sucesso do processo de aprendizagem depende do trabalho cooperativo entre professor regular e professor especializado na busca de estratégias de ensino, alternativas metodológicas, modificações ajustes e adaptações na programação e atividades;

§ A modificação do processo de avaliação e do ensino: avaliação qualitativa dos aspectos globais como competências sociais, necessidades emocionais, estilos cognitivos, formas diferenciadas de comunicação, elaboração e desempenho nas atividades;

§ O êxito do processo de aprendizagem e da inclusão depende da formação continuada do professor, de grupo de estudos com profissionais envolvidos, possibilitando ação, reflexão e constante redimensionamento da prática pedagógica.

No processo de inclusão, o professor não pode trabalhar de forma tradicional, sendo apenas um mero transmissor de conteúdos, mas trazer métodos e técnicas alternativas partindo de jogos, materiais manipulativos, brincadeiras e músicas, enfim, aquilo que seja atraente para a criança, que a estimule para aprendizagens, buscando elementos do cotidiano do aluno, vivencias práticas onde o mesmo faça associações das aprendizagens com sua realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma prática entre humanos, considerando-se profundidade e a amplitude de sua influência entre os educandos. Sabe-se que sempre existiram diversidades e estas devem ser conhecidas e respeitadas para que haja qualidade no processo educativo, sendo que educação, formação e cultura são os melhores instrumentos pelos quais poderá contar o ser humano para sobreviver e prosperar.

As mudanças de estrutura de ensino acarretam transformações profundas nas funções dos educadores, introduzindo assim, novas dimensões em seu papel. Este não é mais fonte principal do conhecimento, exigindo assim consciência do que quer alcançar, buscando constantemente novas aprendizagens proporcionando reflexão e mudanças na forma de pensar, adaptando-se sempre ao novo. O desafio é grande quando se fala em educação, e o professor como mediador deste processo, deve estar consciente sobre suas responsabilidades, ser educador é um compromisso sério e muito importante, é necessário doar-se a esse comprometimento, pois a educação é um meio onde podemos promover mudanças na sociedade.O ser humano em toda sua existência está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas. Nasceu para aprender e apropriar-se de todos os conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isto que lhe garante à sobrevivência e a integração a sociedade, como ser participativo, critico e criativo. Percebe-se que a educação é um elemento de mudanças, um ponto estratégico para a transformação, levando adiante uma pedagogia de valor, preocupada com a qualidade de seus conteúdos, realizando uma educação integral, criando espaços para a formação de pessoas ativas, criticas e participativas. A mudança é possível e se faz necessário, mas temos consciência que a escola precisa do apoio de toda comunidade escolar e das políticas públicas, ou seja, que a participação ultrapasse os níveis de colaboração, decisão e atinja o nível da construção em conjunto, de construção participativa. A última década do século XX tem sido marcada pela discussão sobre a qualidade da educação e sobre as condições necessárias para assegurar o direito de crianças, jovens e adultos a aprendizagem. Vivemos em tempo de globalização econômica, acelerada de novas tecnologias, assim algumas tarefas passam a se colocar a escola, não porque seja a única responsável pela educação, mas por ser a instituição que desenvolve uma prática educativa planejada durante um período continuo na vida das pessoas. Há uma necessidade de rever as posturas adotadas no processo de ensino-aprendizagem. Não é porque algo vem sendo feito a muito tempo do mesmo modo que esta é a melhor maneira de fazê-lo. Assim, o mundo atual mudou e exige mudanças por parte da educação escolar. A educação é um processo de construção pessoal e social que se dá na interação com o mundo concreto, na história, no cotidiano, nas relações estabelecidas com a natureza, com a sociedade e suas estruturas políticas, sociais e econômicas. Deve-se garantir espaço para que o aluno possa ampliar seus conhecimentos e ultrapassar a visão assistencialista, buscando na educação alternativas que o prepare integralmente para que se torne um ser social capaz de interagir no meio em que vive, e o professor é um dos responsáveis para que isto aconteça.

A escola e a sala de aula devem ser vistas como o espaço que possibilita e sustenta o sonho, o desejo, a esperança e a ética, que cria e desenvolve o pensar e que o responsável por esta é o educador. É certo que as diversidades de experiências contribuem para as situações de aprendizagem que unam a teoria e a prática diária do educando. O professor necessita acordar, perceber e repensar suas praticas pedagógicas, criando e recriando condições que conduzam o aluno a aprendizagem. Nossa sociedade está constantemente em busca de sujeitos cada vez mais competentes, nossos jovens necessitam cada vez mais cedo decidir por uma profissão, porém para isso se faz necessário que tenham desenvolvido habilidades de interpretar, escrever, relacionar, analisar e refletir os desafios que o mundo os apresenta. E isso só se fará possível se nós educadores mobilizarmos nossos educandos durante sua caminhada escolar.

Para melhorar é preciso reconhecer e querer melhorar, esse é o caminho para a mudança, é deixar que o aluno avalie a prática pedagógica do professor, e assim fará a reflexão sobre a mesma, pois as críticas são construtivas para rever o processo. A busca do saber é constante e a tarefa do professor deve ser acolhedora e receptiva ao processo de assimilação e acomodação em que o aluno se encontra, levando-o a desenvolver habilidades como a de analisar, classificar, comparar, concluir, criticar, explicar, justificar, resumir e seriar, fazendo com todas as áreas do conhecimento, o aluno deve ser capaz de ter argumentos próprios. Todas essas habilidades devem ser desenvolvidas ao longo da vida escolar do educando, sendo exercitadas constantemente. Enfrentar novos desafios não é um trabalho fácil, pois sabemos que este nos desacomoda nos desestruturam e muitas vezes nos tiram o chão, porém se faz necessário refletir que no contexto que estamos inseridos exigem-se novas dinâmicas, tomar novos rumos, para fazer com que os nossos educandos problematizem e reflitam sua realidade. Consideramos ser necessário resgatar o papel do professor enquanto educador, para além de garantir aos seus alunos a possibilidade de se tornarem pessoas criticas e conscientes de suas responsabilidades. Acreditamos ainda ser de grande a importância a percepção da família e da escola no sentido de perceberem a ação de educar como responsabilidade de ambos e que cruzar os braços e esperar que os resultados venham e se conformar com tal situação é o mesmo que concordar que essas crianças sejam apenas mais uma na imensidão, onde não são respeitadas e valorizadas enquanto seres humanos.

REFERÊNCIAS

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do futuro: ensinar a compreensão. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

NÓVOA, Antonio (org). Os Professores e a sua formação. 2 ed. Lisboa: Dom Quixote 1995.

ISSA, Maria Helena Cuppari. Educador: descobrindo-se para a tessitura de um novo profissional. Caderna Marista de Educação, Porto Alegre, v.2, n.2, 2002.

DEMO, Pedro. Conhecer e Aprender: Sabedoria dos limites e desafios. Porto Alegre: ARTMED, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia e Saberes Necessários à Prática Educativa. 16.ed. São Paulo: Paz e terra, 1996.


[1] Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva Clinica do centro Sul Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.

² Orientador do do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva Clinica do centro Sul Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.