Centro Educacional Reeducar

Centro Educacional Reeducar

domingo, 6 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A FORMAÇÃO E A POSTURA DOS PROFESSORES


Adriana Reck Benato[1]

Ibrahim Georges Cecyn Moussa

RESUMO

A relevância dos estudos aqui discutidos e estudados consiste em desenvolver uma reflexão sobre a inclusão escolar e a formação continuada dos professores promovendo um espaço de reflexão e sensibilização sobre o dado problema. Ao pesquisar, a primeira preocupação que surge é a difícil tarefa de tentar mudar este quadro, é preciso ter a certeza de que somos capazes de transformar a nossa realidade em prol da melhoria de vida da própria humanidade. A responsabilidade dos educadores são complexas e cumpridas em circunstâncias muito especiais, sob permanente exposição de dezenas de olhares no ambiente escolar, sendo que a inclusão de alunos com necessidades especiais educacionais já é uma realidade que ainda precisa de professores habilitados e capacitados para que possam atender a todos os alunos de forma que proporcione condições para desenvolver habilidades e competências necessárias para o processo de ensino-aprendizagem. Para falar sobre inclusão escolar é preciso repensar o sentido que se está atribuindo à educação, além de atualizar nossas concepções e resignificar o processo de construção de todo o indivíduo, compreendendo a complexidade e amplitude que envolve essa temática.

PALAVRAS - CHAVE : Professor; Educação; Inclusão; Formação; Escola.

PROBLEMATIZAÇÕES INICIAIS

O presente trabalho constitui-se em um estudo sobre a inclusão escolar e a formação continuada dos professores O interesse por essa temática é fruto de inquietações advindas de nossa trajetória como aprendizes e como docentes.

A inclusão é um movimento mundial de luta das pessoas com deficiências e seus familiares na busca dos seus direitos e lugar na sociedade.

Há uma grande necessidade de auto-reflexão no momento atual, em que o país, através de suas políticas educacionais vem incorporando novos conceitos, novos referenciais que desafiam os processos formativos e de professores em todos os cursos de licenciatura, bem como, atuação docente e formação continuada.

A formação continuada é uma exigência do mundo atual. O educador necessita, constantemente, repensar e aperfeiçoar sua prática docente, sendo assim, quanto mais se investe no professor e na sua atualização se tem condições para melhorar a qualidade do ensino no Brasil.

A ideia de uma sociedade inclusiva se fundamenta numa filosofia que reconhece e valoriza a diversidade, como característica inerente à constituição de qualquer sociedade. Partindo desse principio e tendo como horizonte o cenário ético dos Direitos Humanos, sinaliza a necessidade de se garantir o acesso e a participação de todos, a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada individuo.

As discussões enfatizam a necessidade de uma educação continuada e de uma formação em serviço. NÓVOA (1995, p. 26) aponta que “a formação de professores precisa ser repensada e reestruturada como um todo abrangendo as dimensões da formação inicial, da indução e na formação contínua”

Os professores são a “alma” da escola, por isso, são peças fundamentais no desenvolvimento harmonioso do educando. Depende deles, tornar o ambiente da sala de aula e, consequentemente, da escola, um espaço de saber e de aprendizagem. Segundo ISSA, 2002, p. 19 “As raízes mais profundas de um profissional empreendedor têm como principal fonte, criar, inovar e prospectar planos que trarão vida a si, aos que rodeiam e ao ambiente em que atua”

As novas concepções para a formação docente têm procurado responder às novas exigências da sociedade, buscando formar um profissional capaz de apropriar-se das mudanças no momento presente, projetando-se num futuro próximo.

A conscientização dos docentes tem de partir do pensamento que as experiências pedagógicas desenvolvidas nos anos de 60 e 70 e na década de 80 não conseguem mais dar conta de atender as exigências encontradas na sala de aula, sendo que, passamos por intensas e rápidas transformações.

Não é possível pensar em mudança, seja ela qual for sem antes refletirmos sobre o papel de quem trabalha diretamente ligado à formação social do homem. Dentre os caminhos, ressalta-se aquele em que cada profissional deve conscientizar-se de sua capacidade, de seu papel e invista em sua formação como sujeito e profissional, sendo assim terão capacidade suficiente para exercer suas competências onde quer que atue.

Ocorre-se a deficiência na qualificação docente, acontece também uma privação a um ensino de qualidade. Certamente levamos em conta alguns dos fatores como, por exemplo, as condições financeiras que não são favoráveis à qualificação, devido aos baixos salários, ocorrem a frustração do professor.

Incluir alguém em um ambiente significa dar qualidade para essa pessoa independentemente se ela apresenta uma deficiência ou não. A grande questão é que a palavra "inclusão" gera, na maioria das vezes, uma exclusão, pois se você tem que incluir alguém, é sinal de que esse alguém já foi outrora excluído.

Portanto a inclusão depende de mudança de valores da sociedade e a vivência de um novo paradigma que não se faz com simples recomendações técnicas, como se fossem receitas de bolo, mas com reflexões dos professores, direções, pais, alunos e comunidade. Contudo essa questão não é tão simples, pois, devemos levar em conta as diferenças. Como colocar no mesmo espaço demandas tão diferentes e específicas se muitas vezes, nem a escola especial consegue dar conta desse atendimento de forma adequada, já que lá também temos demandas diferentes?

1. UM BREVE OLHAR SOBRE A HISTÓRIA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Para falarmos de Educação Inclusiva é importante destacar o caminho percorrido pelas pessoas com necessidades especiais, ressaltando as lutas da humanidade pelo direito a ter direitos já que dentre todas as minorias essas pessoas vieram de um período de exclusão, seguido da segregação, institucionalização, e integração, para só agora passarem a gradualmente serem incluídas na sociedade.

Desde 1948, a partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, pode-se afirmar que a educação de crianças especiais passou a ser sinalizada, passando a pessoa com necessidades especiais a se tornar portadora de direitos e, sobretudo do direito à igualdade.

Estados Unidos e Canadá foram os pioneiros no âmbito de programas para promover atenção e cuidados básicos para a saúde, alimentação, moradia e educação para estas pessoas que eram abandonadas pela sociedade.

Na França, surgiu as primeiras iniciativas para educar as pessoas com deficiências, a tentativa partiu de Jean Paul Benet em 1620, com o intuito de ensinar mudos a falar.

Logo após este período surge a primeira instituição pública para a educação de crianças com deficiência mental, que era residencial e foi fundada pelo médico francês Edward Seguin, criador do método educacional originado da neurofenologia, que consistia na utilização de recursos didáticos com cores e musica, o qual tinha por objetivo despertar a motivação e o interesse dessas crianças.

No Brasil a primeira escola especial foi criada em 1854 no Rio de Janeiro. Em 1857 também no Rio de Janeiro surge o instituto imperial de educação de surdos, propagando posteriormente para todo o país.

A educação especial surgiu sob o enfoque médico e clinico como método de ensino para crianças com deficiência mental, criado pela médica italiana Maria Montessori, no inicio do século XX.

Vários outros documentos foram sendo construídos através de lutas sociais, sobretudo pelo direito à diversidade e à igualdade de condições para todos, porém, diante de uma sociedade vítima de todo um processo de exclusão ao longo de sua história, a educação de especiais veio a se tornar debatida, redirecionada e difundida somente a partir do surgimento do termo Educação Inclusiva que passou a ser reconhecido mundialmente a partir da Declaração de Salamanca, em 1994, reafirmando o compromisso com a efetivação de uma Educação para Todos, reconhecendo a urgência e necessidade de todas as pessoas com necessidades educacionais especiais serem inseridas dentro do sistema regular de ensino.

1.1 A FORMAÇÃO DO PROFESSOR ATUALMENTE

Há algumas décadas, acreditava-se que, quando terminado o magistério, o profissional estaria apto para atuar na sua área o resto da vida. Hoje a realidade é diferente, principalmente para o profissional docente. Este deve estar consciente de que sua formação é permanente, e é integrada no seu dia-a-dia nas escolas.

A real valorização do docente precisa ter três alicerces sólidos: boa formação inicial, boa formação continuada e boas condições de trabalho, salário e carreira. Não é raro encontrarmos profissionais que responsabilizam a instituição pelo desajuste entre as informações recebidas e sua aplicabilidade. A formação só será completa quando esses profissionais se auto produzirem. NÓVOA (S/D) diz: “Os professores têm de se assumir como produtores da sua profissão”.

Estudos apontam que existe a necessidade de que o professor seja capaz de refletir sobre sua prática e direcioná-la segundo a realidade em que atua, voltada aos interesses e às necessidades dos alunos. Nesse sentido, FREIRE (1996, p. 43) afirma que: “É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática”.

A educação é um fenômeno comunicacional. A educação só se concretiza no processo dinâmico de comunicação entre os interlocutores. Nesta troca de papéis, discursos com novos sentidos surgem e os saberes são construídos continuamente. (SILVA, 2001, p. 56)


Segundo DEMO (1995, p. 51) “A competência é um processo de formação da capacidade inovadora permanente”, que é a busca constante das nossas potencialidades que devem ser privilegiadas pela reflexão constante de nossas ações. É um processo que exige flexibilidade e traz a idéia do inacabado, portanto as atualizações nas teorias de desenvolvimento e aprendizagem, a influência da tecnologia e dos meios de comunicação sobre o processo ensino-aprendizagem, as metodologias e as novas técnicas vêm redefinindo o papel do professor para o futuro.

Somente profissionais preparados e comprometidos com o sucesso da aprendizagem de seus educandos é que terão espaço de atualização nas escolas públicas e privadas.

Sabe-se que há uma enorme distância entre o perfil do professor que a sociedade espera e exige e o perfil do profissional que encontramos hoje. Por isso, é imprescindível que se busque qualificar melhor os educadores que precisam buscar acompanhar as mudanças rápidas por que passa a sociedade atual.

Para que possa ter educadores de respeito, estes precisam agir de formas a demonstrar o conjunto de valores que cultivam, acreditar firmemente neles e transmití-los as futuras gerações, que serão os subsídios na sociedade.

A atualização do profissional se faz necessária, pois se percebe que a prática em sala de aula reflete a sua vivência como aluno, independente do seu conhecimento a respeito das teorias de aprendizagem.

Embora estejamos a caminho de colocar em prática esse novo ideal de educador é essencial tornamo-nos momento, pesquisadores de nosso cotidiano, refletindo sobre nossas atuais ações e prospectando novas maneiras de agir em função desta necessidade histórica.

Não é possível pensar em mudança, seja ela em nível pessoal ou profissional, sem antes refletirmos sobre o papel de quem trabalha diretamente ligado à formação social do homem e aderir a ela implica optar pela libertação e pela humanização do homem.

A década de 90 trouxe um novo perfil ao professor brasileiro, e só há espaço para que, esta disposta a investir na formação continuada, o educador hoje é o mediador entre o saber e o aprendizado próprio do aluno. Acabou a prática pedagógica onde era só escutar, copiar, decorar e repetir, com isso, o educador não pode somente limitar-se a sala de aula, ele precisa acompanhar as mudanças da sociedade e deve entender e considerar a diversidade cultural, precisa também freqüentar assiduamente a biblioteca, ler muito, diante disso é que conseguiremos encontrar novos caminhos para o aluno produzir conhecimento.

Com a exigência cada vez maior do mercado de trabalho, nos próximos anos só vai haver espaço para o educador que levar realmente a sério o compromisso da educação e com isso os que apenas buscam complemento de renda certamente perderão o mercado para os demais profissionais. Segundo GILLEY, 1999 p. 125 “Cada um de nós escolhe pessoalmente o seu modo de ver o mundo, de experimentar os acontecimentos. Cada um de nós escolhe o significado que um acontecimento tem na nossa vida”.

A partir de 1996, a tônica da formação continuada centrou-se na reflexão dos professores sobre suas práticas escolares. Pesquisadores diversos buscam entender os problemas do cotidiano escolar como base para a criação de alternativas transformadoras, fundamentadas na abordagem do professor reflexivo.

A construção dos saberes docentes não se reduz ao conhecimento de teorias inovadoras, pois inclui a vivência e a reflexão sobre a prática, mas também uma postura científica diante do conhecimento.

O professor do novo século precisará ampliar a visão de mundo e de suas concepções, precisará re-significar o papel de educador, lembrar que os novos tempos impõem um trabalho que não atinge só a cognição dos alunos, mas a forma de se relacionar, de interagir.

Para que se possam ter educadores de respeito, estes precisam agir de forma a demonstrar o conjunto de valores que cultivam acreditar firmemente neles e transmiti-los às futuras gerações, que serão os subsídios na sociedade.

1.2 UM OLHAR FRENTE A INCLUSÃO

Um dos principais problemas que se apresenta na educação inclusiva é a dificuldade e o despreparo dos professores para trabalhar com a diversidade.

A legislação da educação inclusiva prevê que todos os alunos, independente de suas deficiências, sejam ser matriculados nos sistemas regulares com atendimento educacional especializado preferencialmente na própria escola em turno inverso.

O ingresso desses alunos passou a ser natural, porém a permanência é dificultada pela falta de preparo do corpo docente, frente a essa problemática fica a pergunta: como os professores devem se preparar para receber alunos com necessidades educacionais especiais?

O processo de educação inclusiva deve prever todos os apoios e adaptações necessárias para receber os alunos com necessidades educacionais especiais sem sua totalidade. É comum presenciar a aflição dos educadores, os quais são obrigados a trabalhar com estes alunos sem ter recebido o conhecimento mínimo em sua formação.

Alunos com necessidades educacionais especiais incluídos em salas de aula regulares precisam de um olhar especial do professor, pois seu ritmo e seu tempo será mais lento do que os ditos normais, portando se o mesmo não tiver conhecimento e recursos específicos, não conseguirá proporcionar condições de aprendizagem a estes alunos, e que dificilmente irá estimular a permanência do mesmo na escola, gerando então exclusão.

A inclusão é um tema relevante e muito discutido nos últimos anos, por isso é necessário mudanças em todo o sistema educacional para que sejam relevante,verdadeira e significativa para o alunos com necessidades educacionais especiais, e principalmente aqueles que necessitam de apoios e recursos mais intensos.

Portanto é necessário que os educadores tenham um olhar diferenciado para com todos seus alunos, torne-se um observador, só assim será um pesquisador de novas metodologias, novas práticas educativas, que venham favorecer o processo de ensino-aprendizagem de seus alunos.

O contexto escolar recebe o movimento da inclusão com a divulgação da Declaração de Salamanca (Brasil) 1994 sob o patrocínio da UNESCO, cujas linhas de ação visam o seguinte universo conceitual.

A inclusão é um processo complexo que configura diferentes dimensões: ideológica, sociocultural, política e econômica.

Os determinantes relacionais comportam as interações, os sentimentos, significados, as necessidades e ações práticas, já os determinantes materiais e econômicos viabilizam a reestruturação da escola.

Nessa linha de pensamento, a educação inclusiva deve ter como ponto de partida o cotidiano: o coletivo, a escola e a classe comum onde todos os alunos com necessidades educacionais especiais ou não, precisam aprender, ter acesso ao conhecimento, a cultura e a progredir no aspecto pessoal e social.

Estudos e experiências realizadas em escolas que estão obtendo êxito no projeto de inclusão apontam alguns princípios norteadores e fundamentos:

§ O principio da identidade, a construção da pessoa humana em todos seus aspectos: afetivo, cultural, intelectual, moral e ético;

§ A valorização da diversidade para conviver com as diferenças;

§ Toda a criança pode aprender, tornar-se membro efetivo e ativo na classe regular e fazer parte da vida comunitária;

§ A construção de laços de solidariedade, atitudes cooperativas e trabalhos coletivos proporcionam maior aprendizagem para todos;

§ A inclusão significa transformação da prática pedagógica: relações interpessoais positivas, interação e sintonia professor – aluno - família – professor - comunidade escolar – professor e compromisso com o desenvolvimento acadêmico;

§ A inclusão depende da criação da rede de apoio e ajuda mútua entre escolas, pais e serviços especializados da comunidade para a elaboração do projeto pedagógico;

§ O projeto político pedagógico deve garantir adaptações necessárias ao currículo, apoio didático especializado e planejamento, considerando as necessidades educacionais de todos os alunos e oferecendo equipamentos e recursos adaptados quando necessários;

§ O professor da classe regular assume a responsabilidade pelo trabalho pedagógico e recebe apoio do professor especializado, dos pais e demais profissionais envolvidos para a identificação das necessidades educacionais especiais, a avaliação do processo de desenvolvimento e aprendizagem e o planejamento de metas;

§ O sucesso do processo de aprendizagem depende do trabalho cooperativo entre professor regular e professor especializado na busca de estratégias de ensino, alternativas metodológicas, modificações ajustes e adaptações na programação e atividades;

§ A modificação do processo de avaliação e do ensino: avaliação qualitativa dos aspectos globais como competências sociais, necessidades emocionais, estilos cognitivos, formas diferenciadas de comunicação, elaboração e desempenho nas atividades;

§ O êxito do processo de aprendizagem e da inclusão depende da formação continuada do professor, de grupo de estudos com profissionais envolvidos, possibilitando ação, reflexão e constante redimensionamento da prática pedagógica.

No processo de inclusão, o professor não pode trabalhar de forma tradicional, sendo apenas um mero transmissor de conteúdos, mas trazer métodos e técnicas alternativas partindo de jogos, materiais manipulativos, brincadeiras e músicas, enfim, aquilo que seja atraente para a criança, que a estimule para aprendizagens, buscando elementos do cotidiano do aluno, vivencias práticas onde o mesmo faça associações das aprendizagens com sua realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação é uma prática entre humanos, considerando-se profundidade e a amplitude de sua influência entre os educandos. Sabe-se que sempre existiram diversidades e estas devem ser conhecidas e respeitadas para que haja qualidade no processo educativo, sendo que educação, formação e cultura são os melhores instrumentos pelos quais poderá contar o ser humano para sobreviver e prosperar.

As mudanças de estrutura de ensino acarretam transformações profundas nas funções dos educadores, introduzindo assim, novas dimensões em seu papel. Este não é mais fonte principal do conhecimento, exigindo assim consciência do que quer alcançar, buscando constantemente novas aprendizagens proporcionando reflexão e mudanças na forma de pensar, adaptando-se sempre ao novo. O desafio é grande quando se fala em educação, e o professor como mediador deste processo, deve estar consciente sobre suas responsabilidades, ser educador é um compromisso sério e muito importante, é necessário doar-se a esse comprometimento, pois a educação é um meio onde podemos promover mudanças na sociedade.O ser humano em toda sua existência está sempre descobrindo e aprendendo coisas novas. Nasceu para aprender e apropriar-se de todos os conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isto que lhe garante à sobrevivência e a integração a sociedade, como ser participativo, critico e criativo. Percebe-se que a educação é um elemento de mudanças, um ponto estratégico para a transformação, levando adiante uma pedagogia de valor, preocupada com a qualidade de seus conteúdos, realizando uma educação integral, criando espaços para a formação de pessoas ativas, criticas e participativas. A mudança é possível e se faz necessário, mas temos consciência que a escola precisa do apoio de toda comunidade escolar e das políticas públicas, ou seja, que a participação ultrapasse os níveis de colaboração, decisão e atinja o nível da construção em conjunto, de construção participativa. A última década do século XX tem sido marcada pela discussão sobre a qualidade da educação e sobre as condições necessárias para assegurar o direito de crianças, jovens e adultos a aprendizagem. Vivemos em tempo de globalização econômica, acelerada de novas tecnologias, assim algumas tarefas passam a se colocar a escola, não porque seja a única responsável pela educação, mas por ser a instituição que desenvolve uma prática educativa planejada durante um período continuo na vida das pessoas. Há uma necessidade de rever as posturas adotadas no processo de ensino-aprendizagem. Não é porque algo vem sendo feito a muito tempo do mesmo modo que esta é a melhor maneira de fazê-lo. Assim, o mundo atual mudou e exige mudanças por parte da educação escolar. A educação é um processo de construção pessoal e social que se dá na interação com o mundo concreto, na história, no cotidiano, nas relações estabelecidas com a natureza, com a sociedade e suas estruturas políticas, sociais e econômicas. Deve-se garantir espaço para que o aluno possa ampliar seus conhecimentos e ultrapassar a visão assistencialista, buscando na educação alternativas que o prepare integralmente para que se torne um ser social capaz de interagir no meio em que vive, e o professor é um dos responsáveis para que isto aconteça.

A escola e a sala de aula devem ser vistas como o espaço que possibilita e sustenta o sonho, o desejo, a esperança e a ética, que cria e desenvolve o pensar e que o responsável por esta é o educador. É certo que as diversidades de experiências contribuem para as situações de aprendizagem que unam a teoria e a prática diária do educando. O professor necessita acordar, perceber e repensar suas praticas pedagógicas, criando e recriando condições que conduzam o aluno a aprendizagem. Nossa sociedade está constantemente em busca de sujeitos cada vez mais competentes, nossos jovens necessitam cada vez mais cedo decidir por uma profissão, porém para isso se faz necessário que tenham desenvolvido habilidades de interpretar, escrever, relacionar, analisar e refletir os desafios que o mundo os apresenta. E isso só se fará possível se nós educadores mobilizarmos nossos educandos durante sua caminhada escolar.

Para melhorar é preciso reconhecer e querer melhorar, esse é o caminho para a mudança, é deixar que o aluno avalie a prática pedagógica do professor, e assim fará a reflexão sobre a mesma, pois as críticas são construtivas para rever o processo. A busca do saber é constante e a tarefa do professor deve ser acolhedora e receptiva ao processo de assimilação e acomodação em que o aluno se encontra, levando-o a desenvolver habilidades como a de analisar, classificar, comparar, concluir, criticar, explicar, justificar, resumir e seriar, fazendo com todas as áreas do conhecimento, o aluno deve ser capaz de ter argumentos próprios. Todas essas habilidades devem ser desenvolvidas ao longo da vida escolar do educando, sendo exercitadas constantemente. Enfrentar novos desafios não é um trabalho fácil, pois sabemos que este nos desacomoda nos desestruturam e muitas vezes nos tiram o chão, porém se faz necessário refletir que no contexto que estamos inseridos exigem-se novas dinâmicas, tomar novos rumos, para fazer com que os nossos educandos problematizem e reflitam sua realidade. Consideramos ser necessário resgatar o papel do professor enquanto educador, para além de garantir aos seus alunos a possibilidade de se tornarem pessoas criticas e conscientes de suas responsabilidades. Acreditamos ainda ser de grande a importância a percepção da família e da escola no sentido de perceberem a ação de educar como responsabilidade de ambos e que cruzar os braços e esperar que os resultados venham e se conformar com tal situação é o mesmo que concordar que essas crianças sejam apenas mais uma na imensidão, onde não são respeitadas e valorizadas enquanto seres humanos.

REFERÊNCIAS

MORIN, Edgar. Os Sete Saberes necessários à Educação do futuro: ensinar a compreensão. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

NÓVOA, Antonio (org). Os Professores e a sua formação. 2 ed. Lisboa: Dom Quixote 1995.

ISSA, Maria Helena Cuppari. Educador: descobrindo-se para a tessitura de um novo profissional. Caderna Marista de Educação, Porto Alegre, v.2, n.2, 2002.

DEMO, Pedro. Conhecer e Aprender: Sabedoria dos limites e desafios. Porto Alegre: ARTMED, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia e Saberes Necessários à Prática Educativa. 16.ed. São Paulo: Paz e terra, 1996.


[1] Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva Clinica do centro Sul Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.

² Orientador do do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Inclusiva Clinica do centro Sul Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário