Centro Educacional Reeducar

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

O ASPECTO INTELECTUAL E A APRENDIZAGEM NOS PORTADORES DA SINDROME DE DOWN.


O ASPECTO INTELECTUAL E A APRENDIZAGEM NOS PORTADORES DA SINDROME DE DOWN.

Fernanda Renata Silva dos Santos [1]

Ibrahim Georges Cecyn Moussa [2]

RESUMO

O presente artigo aborda a realidade da educação inclusiva e as crianças com síndrome de Down na rede regular de ensino. Mostrando que essa realidade faz parte do nosso cotidiano, e que a escola e alguns professores não estão preparados para receber essas crianças. Essas idéias ou mesmo desculpas não podem ser mais aceitas, porque as crianças estão incluídas e precisamos nos adequar a essa nova realidade. E principalmente saber que é possível o aprendizado dessas crianças, mesmo sabendo de suas limitações. Fazendo com que essa criança se adapte ao ambiente escolar, para que se sinta como as outras. Superar o preconceito existente, começando pelos professores. E principalmente encorajar essa criança a conquistar a sua independência. Espera-se que a escola ofereça tipos de vivências estimulantes e ricas que fazem o mundo parecer um lugar interessante para viver, fazer com que possam se relacionar com outras crianças. Alguns pais pensam que a escola deve ensinar apenas a leitura, escrita e aritmética; embora haja necessidade dos conteúdos acadêmicos, ela deve também prepará-los para todas as áreas da vida.

PALAVRAS – CHAVE: Diferença; Exclusão; Inclusão; Subjetividade.

  1. INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje vem se observando a preocupação dos professores com os alunos portadores de deficiências.

E principalmente a dificuldade de aceitação por parte de ambos. Em primeiro lugar o professor precisa aceitar e saber das limitações dessa criança.

Saber que essa criança mesmo dentro de suas limitações será possível o seu aprendizado, preparar o ambiente escolar para receber e acolher essa criança, fornecer estímulos para que esse aprendizado realmente aconteça.

E que essa criança comporta certa lentidão no seu processo de aprendizagem, e que este problema pode estar muitas vezes ligado ao seu lado afetivo, bloqueando-a para o seu maior desenvolvimento.

Portanto essa aprendizagem que envolve esse aluno é influenciada por traços biológicos, psicológicos, pelo modo como essa criança se insere no meio familiar, sócio-cultural e pela maneira como esse ambiente reage em seus confrontos.

Saber se esta criança apresenta preparo emocional para relacionar-se com outras pessoas e o ambiente, a escola está adequada para receber esta criança?

Será preciso que haja uma adaptação no conteúdo para fornecer todos os elementos necessários para atender os desafios de educar uma criança portadora de síndrome de down.

Aprofundar conhecimentos sobre o aspecto intelectual e a aprendizagem nos portadores da síndrome de Down; compreender o que é a deficiência enfatizando a síndrome de down, reconhecendo principalmente seus avanços.

Ajudar essa criança a se adaptar dentro do espaço escolar, encorajar a tentativa da criança para conquistar a sua independência.

Assim ofecerendo uma base fundamental de vida, encorajando o desenvolvimento de vida, encorajando o desenvolvimento de habilidades acadêmicas, físicas e principalmente a independência em sua vida diária e social.

A metodologia utilizada para realizar essa pesquisa será baseada no método dedutivo e fundamentada em pesquisa bibliográfica de obras publicadas de autores que possuem relação com o tema abordado oferecendo meios para esclarecer melhor o assunto.

E através de problematização usar novos conhecimentos que favoreçam o desenvolvimento do aluno, sendo possível comprovar que o desenvolvimento dessas crianças é possível mesmo dentro de suas limitações.

2. O PAPEL DA ESCOLA

A escola tem o papel de estimular o conhecimento, de despertar o interesse e proporcionar um ambiente acolhedor e que transmita confiança a esse aluno.

A escola deve ser vista como um local onde o educando deve aprender a apreender. Ter autoconhecimento ou autoconsciência significa identificar os acertos e insuficiências, as vantagens, potencialidades e as dificuldades que envolvem um processo de reflexão sobre a prática desenvolvida.

Certamente espera-se que a escola ofereça tipos de vivências estimulantes e ricas que fazem parecer um mundo interessante para viver, fazer com que possa se relacionar com outras crianças. Alguns pais pensam que a escola deva ensinar apenas a leitura, escrita e aritmética, embora haja necessidade dos conteúdos acadêmicos, ela deve também prepará-los, para todas as áreas da vida.

  1. O PALPEL DO PROFESSOR

Conhecer as limitações e as capacidades desse aluno, estar preparado para este novo desafio.

Ter a responsabilidade e o dever de ajudar essa criança a se adaptar e acomodar-se no ambiente escolar. É muito importante que essa criança seja colocada em uma situação em que consiga um desempenho escolar, fazendo com que se sinta encorajada, aumentando a sua autoestima e estimulando novas tentativas, que muitas vezes o incentivo e o apoio correto e necessário podem determinar o grau de esforço desprendido para realizar a tarefa.

Muitas vezes o sorriso, um gesto de aprovação por parte do professor, algumas palavras de elogio, são geralmente suficientes para a criança se esforçar um pouco mais. Sempre lembrando que a criança se anima com a aprovação do adulto.

Aproximando-se de inicio de forma positiva e aceitável para a criança, a orientação e a aprendizagem se concretizarão de uma forma satisfatória para ambas as partes.

Sendo que possui certo atraso no desenvolvimento da linguagem um menor reconhecimento das regras gramaticais, bem como dificuldades na produção da fala ,resultam em que apresentam um vocabulário mais reduzido,fazendo com que não consigam se expressar na mesma medida em que compreendem o que é falado,levando-as a serem subestimadas em termos de desenvolvimento cognitivo,essas alterações lingüísticas também poderão afetar outras habilidades cognitivas,pois a uma certa dificuldade ao usar os recursos de linguagem para pensar,raciocinar e relembrar informações.

Nesse mesmo sentido elas apresentam habilidades de processamento e de memória visual mais desenvolvida do que aquelas referentes às capacidades de processamento e memória auditivas, sendo que as mesmas se beneficiarão de recursos de ensino que utilizem suporte visual para trabalhar as informações.

Foreman e Creuws (1998) partem do principio de que as crianças portadoras de síndrome de Down compreendem mais do que conseguem expressar, contestam esses pontos. Sua argumentação é a de que as crianças que foram expostas ao uso de sistemas de comunicação alternativos /aumentativos, concomitantemente ao uso da linguagem oral, mostram-se menos frustradas em suas relações interpessoais e de aprendizagem por conseguirem expressar melhor desejos e pensamentos, além de terem enriquecido sua linguagem básica, com novos conceitos. Embora reconhecendo que o uso de sistemas alternativo-aumentativos, não seja a solução definitiva para os problemas de linguagem do portador da síndrome de down, Foreman e Crews (1998) defende que o uso desses sistemas permite que a criança alcance uma intervenção comunicativa de melhor qualidade junto ao seu meio possibilitando, e encorajando-a,a “firmar-se”nesse meio com maior propriedade.

Buckley e colaboradores (1993) observam que alguns cuidados cotidianos na interação com o portador da síndrome de Down, podem impulsionar em muito o seu processo de aprendizagem. Entre esses cuidados, está em apoiar em sinais e símbolos, a fala e as instruções /informações dadas, falar clara e descritivamente-evitando o excesso de palavras, mas narrando ações/situações e usando adjetivos e advérbios, que ajudem a composição de um todo compreensivo mais amplo, proporcionando adicionalmente “pistas” para facilitar a percepção dos códigos e padrões lingüísticos, cotidianamente usados na linguagem falada-e com a face voltada para a pessoa portadora e, sobretudo para que se de tempo e oportunidades para que essa processe as informações e comunique-se satisfatoriamente.

Buckley e Bird(1994,cap 4),discutem várias formas de impulsionar o aprendizado do portador de síndrome de Down, considerando principalmente relevantes a utilização ensino/interdisciplinar ,(tanto em relação pais ,professores,quanto em relação a terapeutas),uso de suportes para manter presente e recuperar a informação ,tais como ábaco,quadros numerados,números,letras de borracha ,objetos de contagem entre outros.

Conquanto haja muita discussão quanto ao processo de desenvolvimento cognitivo do portador de síndrome de down, havendo argumentações que se dirigem a entender esse desenvolvimento, como apenas mais “lento”. Essa perspectiva leve a que se considere que os portadores dessa síndrome devem se desenvolver da mesma maneira, com limitações de aprendizagem e de desenvolvimento cognitivo,assim como de habilidades sociais,e de peculiaridades comportamentais.

Entretanto vários estudos contrabalançam, apontando que o desenvolvimento do individuo portador da síndrome, é tanto quanto o de qualquer não portador, resulta de influencias genéticas, sociais, culturais. Incluindo expectativas havidas em relação as suas potencialidades e capacidades e os aspectos afetivo-emocionais da aprendizagem. Deve-se observar que os portadores dessa síndrome apresentam características peculiares de desenvolvimento, isso não se constitui numa uniformidade e predizer comportamentos e potencialidades. Mesmo do ponto de vista genético é preciso lembrar que o portador da síndrome de Down, possui 22 outros pares de cromossomos, que lhe conferem um poll de diversidades.

Acredita-se que o desenvolvimento cognitivo do portador de síndrome de Down, será tão mais efetivo quanto menor forem os estereótipos a limitarem as concepções que se tem desse.

E através da problematização usar novos conhecimentos que favoreçam o desenvolvimento do aluno, sendo possível comprovar que o desenvolvimento dessas crianças é possível dentro de suas limitações.

‘’O desenvolvimento de uma criança com Síndrome de Down será afetado pelo seu cromossomo adicional. Sua constituição genética estabelece um plano preliminar para o desenvolvimento, ela não predetermina seu resultado final. Os genes são responsáveis pelas deficiências observadas na síndrome de Down; o crescimento e a aprendizagem, em conjunto, com fatores psicológicos, culturais e ambientais favoráveis, podem ajudar a reduzir o impacto dessas deficiências.”(STRAY-GUNDERSEN-2007,p.135).

  1. DESENVOLVIMENTO

O desenvolvimento cognitivo do portador de síndrome de Down, se mostra usualmente marcado por concepções tradicionalmente estabelecidas e sedimentadas.

Contudo, com o avanço de pesquisas que investigam essa síndrome, mostram que essas concepções são errôneas e estereotipadas, necessitando serem revistas.

A síndrome de Down se caracteriza, em sua etiologia, por ser uma alteração na divisão cromossômica usual, resultando na triplicação ao invés da duplicação do material genético referente ao cromossomo 21.

A causa dessa alteração ainda não é conhecida, mas sabe-se que ela pode ocorrer de três modos diferentes.

Essa síndrome acarreta complicações clínicas que acabam por interferir no desenvolvimento global da criança portadora, sendo que as mais comumente encontradas alterações cardíacas, hipotonia, complicações respiratórias e alterações sensoriais, principalmente relacionadas à visão e audição.

Uma concepção infelizmente ainda muito presente em relação aos portadores dessa síndrome, é a de que esses desenvolvem, todos da mesma forma, ou seja, apresentam as mesmas características, incapacidades e limitações orgânicas, motoras e cognitivas.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ainda existe muita discussão quanto à natureza do processo de desenvolvimento ao portador de síndrome de Down, havendo argumentações que se dirigem a entender esse desenvolvimento como “apenas” mais lento do que o desenvolvimento neuropsicomotor ou como acompanhando o desenvolvimento neuropsicomotor típico em algumas fases, diferenciando - se em outras. Essa perspectiva leva a que se considere que os portadores dessa síndrome devem se desenvolver da mesma maneira com limitações de aprendizagem e desenvolvimento cognitivo,assim como de habilidades sociais e de peculiaridades comportamentais ,até agora conhecidos. Entretanto vários estudos contrabalançam essa tendência, apontando que o desenvolvimento do individuo portador é tanto quanto os de qualquer não portador, resultante de influências socioculturais e genéticas; incluindo-se ai as expectativas havidas em relação as suas potencialidades e capacidades e os aspectos afetivo-emocionais da aprendizagem. Deve-se então saber que muito embora os portadores de síndrome de down apresentem características peculiares de desenvolvimento, isso não se constitui uma uniformidade a predizer comportamentos e potencialidades. A ação educacional adotada em relação ao portador de síndrome de Down precisa levar em consideração a concepção de que há necessidades educacionais próprias de aprendizagem relacionadas às especificidades resultantes da síndrome, que devem ser investigadas, reconhecidas e trabalhadas através de técnicas e recursos, de maneira a propiciar que as informações sejam efetivamente compreendidas. Por outro lado as ações educacionais também devem levar em conta o entendimento que cada portador possui um processo de desenvolvimento particular, fruto de condições genéticas, social e familiar. Acredita-se que o desenvolvimento cognitivo dos portadores de síndrome de down será tão mais efetivo quanto menor forem os estereótipos a limitarem as concepções que se tem desse.

6. REFERÊNCIAS

DANIELSKI, Vandelei. A sindrome de Down uma contribuição à Habilitação da criança Down : Embu, SP 2001.


SHEA A.Motor Development Down Syndrome Unpublished Doctoral Dissertation, Havard University Scholl of Public Healt: Boston,1987.

PUESCHEL M.SIEGFRED,.Guia para Pais e Educadores, Livraria Cultural,1984.

CULLEN,M,CRONCK,C.E.PUESCHEL ,S.MSCHNELL,RR E REED,R.B.Social Development and Feeding MILESTONES.IN S.M.Pueschel (ED).The Young Child With Down Syndrome.NEW YORK,HUMTN SCIENC PRESS,1984,PP 227-252.

PUESCHEL, M.SIEGFRED Organizador .Syndrome de Down: Guia para Pais e Educadores, Tradução Maria Regina Lucena Borges Osório. Porto Alegre, RS Artmed 2007.


http:www.abcsaude.com.br-artigo.php ,393 Retirado em 27 de junho de 2010.














[1]Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação – Censupeg.

[2] Orientador do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação – Censupeg.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

RECONHECENDO ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO

RECONHECENDO ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES / SUPERDOTAÇÃO
Neiva Regina Luz Andrighetti1
Ibrahim Georges Cecyn Moussa2
RESUMO
Este artigo tem como objetivo principal apresentar algumas considerações sobre as
dificuldades enfrentadas pelos professores na identificação e atendimento adequado aos
alunos portadores de altas habilidades/superdotação. O professor precisa estar muito bem
preparado para identificar alunos com altas habilidades/superdotação. Ter o aporte teórico
para embasar sua prática pedagógica, de forma adequada, às necessidades dos alunos que
apresentam tais habilidades. O conhecimento é necessário para que os educadores não
confundam os mesmos com crianças que aprestam transtorno de déficit de atenção com ou
sem hiperatividade. O método utilizado foi a pesquisa bibliográfica em função do curto
espaço de tempo para uma pesquisa de campo. A Pesquisa comprovou a importância da
utilização de recursos materiais e humanos compatíveis com as necessidades apresentadas
pelos portadores de altas habilidades/superdotação.
Palavras-chave: Altas habilidades; Superdotação; Desenvolvimento; Aprendizagem
INTRODUÇÃO
Ao identificar as dificuldades enfrentadas pelos professores em sala de aula observase
que as Altas Habilidades/Superdotação estão entre um dos grandes vilões que influenciam
nas relações familiares e escolares, repercutindo na aprendizagem da criança. Reconhecer
que essas crianças merecem um atendimento à altura de suas potencialidades não é tarefa
fácil, pois, muitas vezes pela deficiência de conteúdos apropriados as aulas se tornam
cansativas provocando o desinteresse do aluno.
Os professores precisam estar muito bem preparados primeiro para identificar que o
aluno possui altas habilidades ou superdotação e não cair no erro de classificá-lo como
hiperativo. Segundo, ao identificar o aluno como possuidor de altas habilidades, oferecer
condições para realizar um trabalho que contribua com o desenvolvimento desse aluno
direcionando-o ao sucesso e não ao fracasso ou estagnação. Após identificar o aluno como
portador de altas habilidades ou superdotado, o professor precisa buscar recursos e condições
favoráveis que contribuam para uma convivência saudável com os colegas e que pesem mais
as implicações positivas, favorecendo assim as interações e a integração no contexto escolar.
Assim sendo, esta pesquisa tem relativa importância no sentido de identificação dos
portadores de altas habilidades/superdotação e contribuir com essas crianças para uma
aprendizagem significativa e em caso da impossibilidade, caso isso ocorra, então que
contribua para o encaminhamento a uma escola que ofereça condições para o
desenvolvimento dessas potencialidades.
A falta de um planejamento que atenda essas potencialidades pode ser considerada
como um fator excludente e muitas vezes responsável pela discriminação da criança que
normalmente é tratada como hiperativa ou sem limites. Cabe ao educador buscar formas de
contribuir com o desempenho dessas crianças e favorecer uma relação aluno/escola/família
que mantenha esse aluno numa dinâmica de motivação.
Para uma melhor compreensão do tema, a pesquisa desenvolveu-se conforme os
objetivos abaixo relacionados:
O artigo “O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de aula”
procura apresentar as características dessas crianças para que possam ter um desempenho a
contento e evoluam na construção do conhecimento de forma que mantenham suas
características como fator positivo e possam, também, avançar na aprendizagem, sem ter o
seu processo de ensino/aprendizagem retardado em função do acompanhamento dos demais
colegas.
A literatura apresenta as normas lançadas pelo MEC, que criou núcleos em todos os
estados para assessorar as escolas que tenham essa clientela. É necessário, pois, que a escola
e a família se unam e busquem formas adequadas de trabalho para essas crianças,
proporcionando o atendimento das suas necessidades particulares de aprendizagem e criando
oportunidades para que se sintam inseridas num ambiente adequado, digno de suas
capacidades e jamais discriminadas.
MÉTODO
O artigo buscou pesquisar referências em função do curto espaço de tempo para
realizar uma pesquisa de campo. Os autores, com grande experiência, apontam que
professores e pais trilhem caminhos paralelos que contribuam com a identificação e o
desenvolvimento dos alunos superdotados. Sabe-se que na realidade de nossas escolas há
muito o que se questionar sobre o tema pois, hoje, se uma criança apresenta qualquer
inquietação, desrespeitando comandos ou ordens, já é taxada de hiperativa, o que nem
sempre se pode concordar uma vez que uma criança portadora de altas
habilidades/superdotada está sempre à frente dos colegas, está sempre buscando e exigindo
mais atividades e conteúdos.
O estudo procurou recursos que o professor poderá se apropriar em sala de aula e as
intervenções possíveis para que a criança tenha um desenvolvimento compatível com o seu
tempo e com as suas necessidades intelectuais.
O desenvolvimento das Altas Habilidades/Superdotação em sala de
aula
De acordo com as leituras, “o conceito de altas habilidades/superdotação tem mudado
ao longo do tempo e assume diferentes conotações, conforme a cultura” (Chagas, 2007 apud
Solow, 2001). Para comprovar, a autora fala que na cultura mexicana o conceito de altas
habilidades é expresso por um conjunto de habilidades enquanto que o termo “gifted em inglês
sugere que habilidade superior é um dom sobrenatural ou uma dádiva divina” (Chagas,2007
apud Virgolim, 1997;Winner,1998). Altas habilidades e superdotação são termos utilizados
aqui no Brasil, onde altas habilidades está mais ligado ao desempenho enquanto que
‘superdotado’ sugere habilidades extremas. Os vários conceitos somado aos mitos e
preconceitos existentes dificultam tanto o entendimento sobre esse assunto como também o
atendimento adequado ao indivíduo com altas habilidades/superdotado.
Zevallos descreveu no site Guia Infantil, comportamentos que os pais devem observar,
os quais identificam se a criança é superdotada:
1- Dorme pouco.
2- Aprende a ler em curto espaço de tempo.
3- Fala sua primeira palavra com seis meses.
4- Diz sua primeira frase com 12 meses.
5- Mantém uma conversação entre 18 e 24 meses.Vocabulário impróprio para sua
idade.
6- Aprende o abecedário e conta até 10 aos dois anos e meio.
7- Resolve mentalmente problemas de soma e subtração até 10 com três anos.
8- Pergunta por palavras que não conhece desde os três anos.
9- Faz perguntas exploratórias com pouca idade.
10- Alta capacidade criativa.
11- Possui uma alta sensibilidade do mundo que o rodeia.
12- Preocupação com assuntos de moralidade e justiça.
13- Enérgico e confiante em suas possibilidades.
14- Muito observador e aberto a situações não usuais.
15- Muito crítico consigo mesmo e com os demais.
16- Grande capacidade de atenção e concentração.
17- Gosta de relacionar-se com as crianças de maior idade.
18- Baixa autoestima com tendências à quadros depressivos.
19- Se aborrece na sala de aula porque suas capacidades superam os programas de
estudos convencionais.
20- São, aparentemente, muito distraídos.(sic)
21- Seu pensamento é produtivo mais que reprodutivo.Baseiam-se na construção das
coisas. (sic)
22- Tem muito pouca motivação para com o professor.
23- Chegam a sentir-se incompreendidos, estranhos.(sic)
24- São independentes e introvertidos.(sic)
As características comportamentais acima descritas são informações importantes que
os pais devem fornecer à escola para que esta por sua vez, possa agir adequadamente.
Sabe-se que os alunos com altas habilidades/superdotados nem sempre apresentam
um comportamento adequado ou o mesmo interesse por todas as disciplinas. O interesse por
uma determinada disciplina provoca muitas vezes o desinteresse por outras também
importantes. O mau comportamento também pode ser um indicativo de altas habilidades, pois
uma vez que o aluno tem facilidade de compreensão e assimilação dos conteúdos, logo se
cansa, pois o tempo deles é diferente dos demais colegas.
O acima exposto vem derrubar os mitos da genialidade e da não dependência do
professor, ou seja, têm altas habilidades mas não são o máximo em tudo e também dependem
do suporte do professor.
Para facilitar a identificação desses alunos o MEC preparou uma lista com
descrições/características. Entende o MEC que o aluno que apresentar consistentemente várias
características descritas abaixo, pode ter altas habilidades.
Características listadas pelo MEC (RODRIGUES: 2009)
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. É original, imaginativo, criativo, não convencional.
3. Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode não tolerar tolices.
8. Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas.
9. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes.
10. É esperto ao fazer coisas com materiais comuns.
11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho ).
12. Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo).
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
14. Aprende facilmente novas línguas.
15. Trabalhador independente.
16 Tem bom julgamento, é lógico.
17. É flexível e aberto.
18. Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa ideias e reações, frequentemente, de forma argumentativa.
24. É sensível à verdade e à honra.
Uma criança com altas habilidades/superdotação não apresenta, necessariamente,
todos os indicadores, mas apresentará muitos deles, daí pois a necessidade de pais e
professores estarem atentos para a identificação desses indicadores e consequentemente
poderem auxiliar no desenvolvimento cognitivo, afetivo além de contribuir para que essas
crianças interajam com seus colegas de forma positiva.
Para a conceituação mais precisa das altas habilidades tem-se que considerar o
contexto onde o indivíduo está inserido como segundo Chagas, p. 16, “fatores ambientais
(ligados à família, ao sistema educacional e aos valores socioculturais) com traços
individuais como coragem, criatividade, motivação intrínseca, intuição, caráter e
autopercepção”.
O papel da família para o bem estar e desenvolvimento da criança com altas
habilidades é fundamental, pois muitas vezes, em função das características acima
apresentadas, há uma tendência de confundi-los com TDAH. Nesse sentido, é extremamente
importante que os pais mantenham um contato constante com a escola e também com
profissionais competentes (psicólogos) que possam auxiliar na identificação da melhor forma
de conduzir a criança para o sucesso.
O psicólogo “deve adotar uma postura de pesquisador, de investigador, com um olhar
aguçado de bom observador, de modo a realizar uma leitura mais objetiva dos dados
coletados”. (GUIMARÃES, 2007, p.79)
O papel do professor também é fundamental para a identificação das altas habilidades,
pois através da observação e dos recursos possíveis ele pode identificar a participação
destacada do aluno e assim estimular e facilitar o desenvolvimento do mesmo.
Os superdotados caracteriza-se por três traços marcantes que são: Criatividade,
capacidade acima da média e envolvimento com as tarefas. (CHAGAS, 2007)
Alencar (2007, p.157) sugere aos professores, estratégias que tornem as aulas
prazerosas e instigantes para serem trabalhadas com os alunos:
a) Não se restrinja a exercícios e atividades que possibilitem apenas uma única
resposta correta. Utilize também exercícios que instiguem os alunos serem o mais
original possível em suas respostas.
b) Valorize as ideias originais de seus alunos.
c) Uma ideia original é apenas o primeiro passo. Lembre os alunos da importância de
rever e refinar as ideias criativas.
d) Encoraje os alunos a apresentar e defender as suas ideias.
e) Acentue o que cada aluno tem de melhor e informe-o sobre os seus “pontos fortes”.
f) Desenvolva atividades que requeiram dos alunos iniciativa e independência.
g) Estimule a curiosidade dos alunos por meio das tarefas propostas em sala de aula.
h) Faça perguntas desafiadoras, que motivem os alunos a pensar e raciocinar.
i) Dê tempo aos alunos para pensar e desenvolver ideias novas.
j) Dê chances aos alunos para discordar de seus pontos de vista.
k) Diversifique as metodologias de ensino utilizadas em sala de aula.
l) Instigue nos alunos a confiança em suas competências e capacidades.
m) Exponha os alunos apenas a críticas construtivas.
n) Estimule os alunos a utilizar as técnicas de resolução criativa de problemas (como
tempestade de ideias) nos seus projetos de ciência, atividades artísticas e redação, com
vistas a alcançar um produto mais criativo.
o) Exponha os alunos a vários tipos de tarefas e atividades que requeiram tanto o uso
do pensamento criativo quanto de outras habilidades, como análise, síntese e
avaliação.
p) Ajude os alunos a se libertarem do medo de cometer erros, manifestando tolerância
e respeito pelas suas ideias, questões e produções.
q) Proteja as produções dos alunos da crítica destrutiva e da zombaria dos colegas.
r) Reconheça que a criatividade incorpora uma variedade de processos(resolução de
problemas, pensamento divergente, pensamento convergente) e uma série de fatores
motivacionais e de personalidade (autoconceito, autoconfiança, curiosidade,
flexibilidade, motivação intrínseca).
s) Elogie os esforços e a persistência de seus alunos na realização das tarefas
propostas.
t) Incentive os alunos a ampliar o seu conhecimento a respeito de tópicos que sejam do
seu interesse.
u) Cultive em sala de aula um clima de descontração, afeto, compreensão e confiança,
de tal modo que os alunos se sintam à vontade para se expressar, compartilhar ideias e
questionar, interessados em cooperar no projeto educativo.
v) Lembre-se que os alunos expressam de forma mais plena as suas habilidades
criativas quando realizam atividades que lhes dão prazer. Como manter vivo o prazer
de aprender deve ser alvo de atenção de todos os professores, é relevante também que
os alunos percebam em seus professores o prazer de aprender que caracteriza o
docente que tem uma relação amorosa com o conhecimento,com as disciplinas sob sua
responsabilidade. Essa relação amorosa é chamada por Renzulli (1992) de ‘romance
com a disciplina’, apontada por ele como uma das características centrais do professor
que promove o desenvolvimento da produtividade criativa em seus alunos.
Para os gestores, Alencar (2007, p. 158) sugere para:
a) Encorajar os professores a experimentar novas práticas pedagógicas.
b) Evitar sobrecarregar o professor com tarefas pouco relacionadas às atividades
docentes.
c) Respeitar opiniões divergentes das suas.
d) Facilitar a comunicação entre os professores e a troca de experiências bemsucedidas.
e) Promover na escola um clima de respeito, confiança e estímulo ao trabalho docente.
f) Compartilhar com os professores livros e artigos relacionados à criatividade e ao
modo de promovê-la na vida pessoal e profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A bibliografia pesquisada apresenta três traços marcantes na identificação dos
superdotados: capacidade acima da média, criatividade e envolvimento com as tarefas.
Entende-se que estes aspectos são pontos de partida para aprofundar a identificação de outras
características apresentadas neste artigo, que comprovam as altas habilidades/superdotação.
Daí a importância da relação família/escola para a identificação de outros comportamentos
característicos que a criança apresenta e que são determinantes para a superdotação. As
estratégias apresentadas neste artigo contribuem para que os professores ao identificarem um
superdotado, construam suas aulas com conteúdos que estimulem estes alunos e que os
mesmos tenham um desenvolvimento à altura de suas potencialidades. Entende-se, pois, que
atividades as quais desenvolvam a criatividade, instiguem, questionem, desafiem o
pensamento além da valoração dos pontos fortes, da flexibilidade, da diversidade de
metodologias são estratégias importantes para serem utilizadas, tornando as aulas prazerosas
e interessantes.Tanto o professor quanto o aluno com altas habilidades/superdotação merecem
recursos e condições mínimas necessárias para o desenvolvimento adequado, podendo esse
aluno ter uma convivência saudável interagindo positivamente com toda a comunidade
escolar e assim sendo, ter condições de construir uma aprendizagem significativa. Vale
10
lembrar também a importância do trabalho conjunto entre escola e família para que juntos
possam contribuir com o bem-estar do aluno e que se faça cumprir a legislação vigente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, Eunice M. L. Soriano de. O papel da escola na estimulação do talento criativo.
In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.). Desenvolvimento
de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores. Porto Alegre:Artmed,
2007. p. 151-161.
ANDRÉS, Aparecida. Educação de Alunos Superdotados/Altas Habilidades-Legislação e
Normas Nacionais - Legislação e Normas Internacionais. Biblioteca Digital da Câmara dos
Deputados. 2010. Disponível em :
http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/3202/educacao_alunos_aparecida.pdf?
sequence=1 Acesso em 30.05.11
CHAGAS, Jane Farias. Conceituação e fatores individuais, familiares e culturais relacionados
às altas habilidades. In: FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L. Soriano
de(Org.). Desenvolvimento de Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e
professores. Porto Alegre:Artmed, 2007. p. 15-23.
GUIMARÃES, Tânia Gonzaga. Avaliação psicológica de alunos com altas habilidades. In:
FLEITH, Denise de Souza; ALENCAR,Eunice M.L. Soriano de(Org.). Desenvolvimento de
Talentos e Altas Habilidades – Orientação a pais e professores.Porto Alegre:Artmed,2007.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Cartilha Altas Habilidades P65. Projeto Escola Viva -
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Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000452.pdf Acesso
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RODRIGUES, Cinthia. Como atender alunos com altas habilidades. Revista Nova Escola,
São Paulo, n. 224, p. 86-89, agosto 2009.
ZEVALLOS, Pablo. Como posso saber se meu filho é uma criança superdotada.
Disponível em: hhttp://br.guiainfantil.com/aprendizagem/69-como-posso-saber-se-meu-filhoe-
uma-crianca-superdotada.html. Acesso em 23.05.11.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM






A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM


Nivalda de SouzaFigueiró 1
Ibrahim Georges Cecyn Moussa 2


RESUMO


À luz do debate sobre a inclusão educacional das pessoas com deficiência intelectual, este artigo de cunho teórico busca responder a seguinte inquietação: qual a importância de desenvolver um trabalho eficaz com a criança com deficiência intelectual a fim de que ela tenha sucesso no processo ensino-aprendizagem? Na busca de responder a problemática objetivou-se reconhecer que existem fatores que prejudicam o processo ensino-aprendizagem da criança com deficiência intelectual, enfatizando que o processo de inclusão ainda representa um desafio para toda comunidade escolar, bem como, visa possibilitar ao professor uma melhor reflexão sobre sua imprescindível tarefa no processo de construção do conhecimento. Ressalta-se que o convívio social já possibilita o desenvolvimento de muitas competências na criança com deficiência. Sendo que, a prática educativa com alunos especiais demanda muitas reflexões por parte dos educadores e, a aproximação entre teoria e prática, pode qualificar a educação.


INTRODUÇÃO

Quando uma criança nasce com uma deficiência começa para ela e sua família uma longa história de dificuldades. Não é apenas a deficiência que torna difícil a sua existência, mas a atitude das pessoas e da sociedade diante de sua condição.
Durante muito tempo acreditou-se que as pessoas com deficiência mental não aprendiam os conteúdos acadêmicos ensinados na escola. Por essa razão, a sua educação era pautada na crença de que só teriam acesso a aprendizagens relacionadas a atividades da vida diária (auto-cuidado e segurança), algumas habilidades sociais, de lazer e de trabalho supervisionado, ou pouco mais.
Felizmente, a ideia e a vergonha do deficiente foram sendo substituídas pela esperança e possibilidade de aprendizagem. Portanto, este estudo de cunho bibliográfico visa responder a seguinte inquietação: qual a importância de desenvolver um trabalho eficaz com a criança com deficiência intelectual a fim de que ela tenha sucesso no processo ensino-aprendizagem?
Na busca de responder à problemática objetivou-se reconhecer que existem fatores que prejudicam o processo ensino-aprendizagem da criança com deficiência intelectual, enfatizando que o processo de inclusão ainda representa um desafio para toda comunidade escolar, bem como, visa possibilitar ao professor uma melhor reflexão sobre sua imprescindível tarefa no processo de construção do conhecimento. Sendo assim, o professor tem que se predispor a criar novas aprendizagens, aceitar este novo desafio, e, acima de tudo amar sua tarefa de educar e participar ativamente do processo de aprender a apreender.


A INCLUSÃO, A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E O PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM

A educação é um direito de todos, evidenciado na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E, a partir da Declaração da Salamanca (1994) começou a ser reafirmado o compromisso em prol da educação para todos em escolas regulares. Sendo que estas devem garantir a qualidade do atendimento prestado, ou seja, buscar educar todas as crianças independentes das diferenças.
Essa Declaração propõe que “as crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que a elas devem se adequar [...]”, pois tais escolas “constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos” (UNESCO, 1994, p. 8-9).
São vários os documentos que asseguram o atendimento para alunos com necessidades educacionais especiais, dentre eles as Diretrizes para Educação Especial, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9394/96), o Estatuto da Criança e do Adolescente e outros, porém apesar de muito defendida e debatida, a inclusão deve ser cautelosa, como afirmam Souza e Goés (1999), pois apesar da escola estar de portas abertas existe ainda inúmeras mudanças que devem ocorrer para receber estes alunos e desenvolvê-los de forma eficaz, ou seja, é preciso desde adequação de espaço físico até mesmo formação profissional, sob pena da inclusão ficar mascarada e não atingir seus reais objetivos.
Diante do exposto, destaca-se que no Artigo 58, da LDB (9394/96) está explícito que os portadores de necessidades educacionais especiais devem frequentar a rede regular de ensino, prevendo a existência de serviços especializados na escola regular, para atender às particularidades destes educandos. No entanto, as condições reais das escolas ainda são contrárias ao previsto em lei.
Apesar disso, a inclusão está aí, presente cada vez mais nas escolas e, é preciso agir, pois de nada adianta ficar esperando que as mudanças ocorram sem nada fazer, cabe a escola e aos educadores fazerem o possível para que estes educandos sejam realmente incluídos e aceitos, almejando o desenvolvimento destes a partir de suas capacidades.
Neste sentido, Yus (2002, p. 34), fala sobre inclusão ressaltando que:

O princípio fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a idéia de que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo.

Nesta perspectiva todo o indivíduo tem direito a ser incluído na escola e na sociedade, pois na atualidade as diferenças são bem mais aceitas do que no início da história da humanidade, onde ter um deficiente na família era vergonhoso e até mesmo considerado um castigo divino. Hoje incluir é acima de tudo aceitar.
Segundo Carmo (2001), atualmente diante da tendência inclusivista, a escola está despreparada e não tem como camuflar suas limitações e lacunas, necessitando urgentemente produzir conhecimentos que tragam consequências e contribuam para modificar o atual contexto social em que vivem os PNEEs, pois o conhecimento não deve ser propriedade de poucos, nem de segmentos sociais isolados, deve ser socializado ao máximo para todos os indivíduos.
A inclusão depende de mudança de valores sociais e a vivência de um novo paradigma, levando em conta as diferenças. Bueno (1999) acrescenta que devemos pensar que para a inclusão se dar realmente, não basta apenas estar garantido na legislação, mas requer profundas modificações, gradativas, planejadas e contínuas para garantir uma educação de qualidade. Tarefa esta que exige da escola uma reorganização e reestruturação, metodologias e recursos pedagógicos adequados e, o principal, conscientizar e capacitar os profissionais a esse novo desafio.
Mantoan (1996, p. 17) sugere a inclusão como forma de inovação da escola, “[...] a Inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de ensino específicas para esta ou aquela deficiência. Os alunos aprendem até o limite em que conseguem chegar”.
Nesta mesma perspectiva Tilstone et al (2003) ressalta que a inclusão significa dar oportunidade aos indivíduos com deficiência a participarem das atividades educativas, sociais, comunitárias, enfim, todas aquelas que caracterizam a sociedade cotidiana.
Portanto, para incluir é preciso em primeiro lugar aceitar, amar e buscar desenvolver aquele aluno, respeitando suas limitações, mas sempre buscando integrá-lo. Tarefa que exige do educador um esforço extra, pois ele tem na maioria das vezes uma sala superlotada e deve trabalhar com todos de forma harmônica e eficaz, buscando a construção do conhecimento e a participação de forma ativa do processo de aprender a apreender.
Diante disso, Rodrigues (2005) acrescenta que a educação especial, exige que o professor domine um conjunto de tecnologias e conhecimentos a fim de possibilitar a qualquer aluno, independente de sua condição aprendizagens efetivas.
Ao falar especificamente das crianças portadoras de necessidades educacionais especiais Stainback e Stainback (1999), consideram que cabe ao professor fazer a si mesmo questões sobre a capacidade dos alunos de participar de todas as atividades propostas da mesma forma dos demais, realizar as necessárias adequações e modificações, a fim de garantir a plena participação de todos e alcance dos objetivos.
O trabalho docente deve sempre estar permeado por um processo de reflexão-ação-reflexão, tarefa cada vez mais exigente, pois o professor precisa preparar sua aula e refletir sobre ela, ter claro os objetivos que quer alcançar com as atividades. Realidade às vezes adversa nas escolas, pois infelizmente convive-se com educadores que não preparam atividades, apenas seguem um livro didático e não refletem sobre o que realmente querem alcançar com aquele conteúdo.
Ferreira e Ferreira (2004) acrescentam que a inclusão não deve ser pensada como uma solução mágica, ela é sim um desafio que exige mudanças substanciais na escola, as práticas pedagógicas, a convivência. A educação por meio das diferenças deve ser uma nova possibilidade.
Portanto, o mais importante é saber como o aluno se desenvolve, conhecendo a deficiência do mesmo, mas não dando ênfase a esta como um entrave no processo, e sim, sabendo trabalhar com ela para que a mesma se torne uma ponte para o alcance de novos objetivos, fazendo o aluno crescer acima de tudo, pois para o portador de necessidades educacionais especiais, simples gestos, muitas vezes correspondem a grandes conquistas.
Sendo assim, a escola exerce papel potencializador para o desenvolvimento, pois ela é um rico espaço interativo, mediado por diferenças, um local de interação social, onde a troca de conhecimentos podem muitas vezes estimular o desenvolvimento do aluno especial, criando o que Vygotsky (1998) chama de zona de desenvolvimento proximal, fazendo com que a partir do trabalho e cooperação de alunos mais experientes haja a possibilidade da construção de novas aprendizagens, que paulatinamente o auxiliem a superar suas dificuldades.
A educação inclusiva tem o objetivo de melhorar as condições de ensino e aprendizagem para que todos participem e consigam uma educação de qualidade, onde a totalidade dos alunos seja atendida independente de suas capacidades.
A inclusão, de acordo com Rodrigues (2005) deveria ser vista como um processo através do qual a escola ou a comunidade continuam a explorar novas formas de desenvolver respostas que valorizem a diversidade, portanto, falar de inclusão corresponde a falar numa perspectiva centrada no aluno, no ajustamento das necessidades de aprendizagem dos indivíduos.

A educação inclusiva implica eliminar barreiras que se contrapõem à aprendizagem e à participação de muitas crianças, jovens, adultos, com a finalidade de que as diferenças culturais, socioeconômicas, individuais e de gênero não se transformem em desigualdades educativas. Definitivamente, a educação inclusiva centraliza a sua preocupação no contexto educativo e em como melhorar as condições de ensino e aprendizagem, para que todos os alunos participem e se beneficiem de uma educação de qualidade (ALVES, 2005, p. 23).

Pode-se dizer que almeja-se a qualidade educacional, valorizando a diversidade humana, independente das diferenças educacionais, porém isso só é possível quando a escola se reestrutura para atender a diversidade dos alunos.
Na visão de Parizzi (2000), um dos principais desafios a fim de que se tenha uma plena implementação da educação inclusiva, refere-se à questão da formação de professores. Glat et al (2002), também salienta a necessidade do aperfeiçoamento da prática pedagógica como condição necessária para a prática inclusiva.
Ressalta-se que oferecer uma educação de qualidade não é tarefa fácil, pois envolve desde aspectos materiais e físicos até capacitação profissional, bem como, romper com antigos paradigmas e concepções conscientizando os educadores para esse novo desafio que se apresenta. No entanto, vários autores como Bueno (1999), Rodrigues (2005), Glat (2002) e outros apontam que a melhoria da formação docente se torna condição essencial para a efetivação da educação inclusiva.
Kupfer (2002) salienta que a atual proposta de inclusão exige uma mudança brusca nos ideais que fundamentam a escola. Mantoan (1996) também acrescenta que a inclusão torna-se uma forma de inovação da escola, pois não prevê métodos e técnicas para esta ou aquela deficiência, mas sim, que os alunos aprendam até o limite que conseguem chegar.
Ao remeter para o aluno com deficiência intelectual acrescenta-se que sua inclusão escolar se constitui em uma experiência fundamental, visto que, este processo vem contribuir para sua inserção social, possibilitando a este aluno uma vida mais independente.
É preciso que ao trabalhar com o aluno portador de deficiência mental a escola não se atente apenas para os aspectos de sua deficiência, suas limitações e incapacidades, mas leve em conta suas potencialidades e aptidões.
O aluno com deficiência intelectual tem dificuldade em construir seus conhecimentos, demonstrar suas capacidades cognitivas, principalmente se a escola possui metodologias conservadoras. Por isso, na realidade que se apresenta, a escola deve ser diferenciada para todos, isto é, se adequar as possibilidades e limitações de cada aluno, os auxiliando no processo de construção do conhecimento.
O professor não necessita preparar uma aula diferenciada para aquele aluno, mas sim, diversificar atividades para atingir a todos, independente de suas possibilidades intelectuais.
O deficiente intelectual necessita aprender a ser e a viver, necessita ser capaz de valorizar a visão positiva de si mesmo, estimular seu desejo e confiança. Mantoan e Batista (2007, p. 15) acrescentam que “a deficiência mental não se esgota na sua condição orgânica e/ou intelectual e nem pode ser definida por um único saber. Ela é uma interrogação e objeto de investigação de inúmeras áreas do conhecimento”.
A condição de deficiente intelectual não pode predeterminar o limite de desenvolvimento do indivíduo, deve-se favorecer ao aluno a busca pela independência, respeitando sua condição de aprendizagem, valorizando e considerando o jeito de cada um aprender.
Nesta perspectiva Padilha (2001, p. 135) salienta que “vencer as barreiras de sua deficiência, expandir possibilidades, diminuir limites, encontrar saídas para estar no mundo” devem ser metas no trabalho com o deficiente intelectual, pois ele dever ser educado visando sua emancipação.
Sendo assim, ressalta-se que o educador tem um lugar importante na construção da aprendizagem, pois é ele que orienta os estudantes. A maioria das situações no trabalho com educação é envolvida por relacionamento entre o ensinante e o aprendente como: afabilidade, compreensão, gentilezas e outros sentimentos que quando bem harmonizados exercem em cada indivíduo satisfação e bem estar como forma de aumentar o conhecimento dos alunos, pois o emocional influencia no aprendizado e no desempenho.
É importante ressaltar que o aluno com deficiência intelectual sente-se segregado dentro e fora da sala de aula. Não sabe o que quer e aonde quer chegar. Não tem relativo domínio sobre suas emoções e atitudes, enfrenta dificuldades de resolver seus conflitos, muitas vezes expressa livremente suas emoções.
Devido a isso, o professor deve possuir um equilíbrio emocional que revele o seu nível de maturidade afetivo-emocional, a estrutura de sua personalidade e o seu condicionamento as situações ambientais que o auxiliem no trabalho com este aluno.
O educador deve buscar estabelecer, na sala de aula um clima de harmonia e cooperatividade que possibilite o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual sem fazer distinção. Santomé (1997, p. 176), afirma que as instituições escolares “precisam ser lugares onde se aprenda, mediante a prática cotidiana, a analisar como e por que as discriminações surgem, que significado devem ter as diferenças coletivas e, é claro, individuais”.
Ressalta-se que em todas as situações, não se pode perder de vista a importância de propiciar para o aluno um ambiente social estimulador, livre de segregação, um ambiente que não reforce as suas limitações, mas desafie o desenvolvimento e a aprendizagem de novas habilidades.
Estudos citados por Araújo (2004) e Mantoan (1996) confirmam que o trabalho com o deficiente intelectual exige que o professor, além das condições inerentes a todo educador, apresente características de personalidade, habilidades e conhecimentos adequados ao atendimento a essa categoria de educandos.
É preciso ter criatividade ao propor soluções que visem atender aos objetivos educacionais indicados para a educação do deficiente intelectual, atitude de estudo e pesquisa diante dos problemas da área, bom nível de expectativa em relação aos planos e resultados da Educação Especial e persistência em relação aos mesmos, assim como, capacidade para trabalhar em equipe. Portanto, a inclusão é um processo escolar e não somente do professor que trabalha com o aluno deficiente, ou melhor, a inclusão deve ser realizada e aceita por toda a comunidade.
Para trabalhar com o aluno deficiente intelectual, o afeto deve permear todas as situações, bem como, este aluno precisa sentir-se aceito, tendo seu tempo respeitado, pois uma das maiores dificuldades é o fato de que o currículo das escolas muitas vezes é estratificado em função de uma sequência gradativa de conteúdos, como se todos os alunos daquela idade fossem capazes de aprender ao mesmo tempo. Sendo assim, o professor deve respeitar o tempo desta criança, mediando às relações e sua aprendizagem a fim de que ele não seja excluído nem vivencie o fracasso.
Acredita-se poderem avançar as discussões que apontam para a articulação das relações intrínsecas entre deficiência e aprendizagem no campo da educação, se estas forem incorporadas no cotidiano escolar, com estudo sistematizado como das dificuldades de aprendizagem e deficiências em geral encaradas como objetos de conhecimento.
Defendendo, então, a idéia de que conteúdos relacionados à vida pessoal e à vida privada das pessoas com deficiência intelectual podem ser introduzidos no trabalho educativo, perpassando os conteúdos de matemática, de língua, de ciências, etc. Assim, o princípio proposto é de que tais conteúdos sejam trabalhados na forma comum, mas sempre respeitando o tempo do aluno em suas aprendizagens e que incorporem de maneira transversal e interdisciplinar os conteúdos tradicionais da escola e aqueles relacionados à deficiência intelectual.
Acrescenta-se que um bom caminho para a promoção de tal proposta é lançar mão do emprego de “velhas práticas” de ensino no cotidiano das escolas, principalmente, se esta questão apresentar características ultrapassadas e que solicitem aos sujeitos considerar ao mesmo tempo os aspectos cognitivos e afetivos que caracterizam o raciocínio humano.
Enfim, para o deficiente intelectual ter sucesso em sua vida escolar, deve-se usar inúmeros recursos tecnológicos, explorar a ludicidade, aproximar a vida da escola, ou seja, a escola deve ser um espaço de conquistas, mas para isso a afetividade também deve permear as relações.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Pode-se dizer que a inclusão permite aos educadores reverem sua formação, seus referenciais teórico-metodológicos os incentivando face ao enfrentamento da diversidade, exigindo a transformação da cultura pedagógica a fim de promover o desenvolvimento das potencialidades e a valorização das diferenças dos alunos envolvidos no processo educativo. Por isso, é necessário encarar o desafio de lutar por uma sociedade e uma escola melhor para todos. Ressalta-se que aquele aluno que interage positivamente com os outros e com o docente apresenta melhores resultados.
O movimento de inclusão desencadeou importantes discussões sobre a qualidade do ensino oferecida, não só para os deficientes, mas para todos os alunos. É importante que as práticas propiciem o desenvolvimento cognitivo de todos, fazendo com que os alunos não desenvolvam baixas expectativas em relação a sua aprendizagem, não se sentindo excluídos do contexto social e escolar. O portador de deficiência intelectual possui inúmeros fatores que prejudicam seu processo ensino-aprendizagem, estes vão desde a aceitação, até a dificuldade para realizar tarefas que para os demais são fáceis, a dificuldade de articular o pensamento e ação, a lentidão para realizar tarefas, a necessidade do apoio visual, a incapacidade de permanecer muito tempo na mesma atividade e, talvez, o mais agravante a baixa autoestima. Então, para o deficiente intelectual ter sucesso em seu processo ensino-aprendizagem ele deve ser estimulado, amado, aceito, tratado com igualdade, tendo o professor como mediador de suas aprendizagens, pois apesar de levar mais tempo para aprender é capaz de adquirir habilidades intelectuais e sociais. Portanto, a escola deve estar preparada para receber este aluno, estimulá-lo, buscando desenvolver suas inúmeras competências e habilidades. A valorização das diferenças e o respeito à diversidade trazem consequências positivas para todos, pois desta forma a escola está assumindo o compromisso com a transformação social, cultural e pedagógica.
Conclui-se, que a inclusão enfrenta barreiras e tem um longo caminho a percorrer, mas o importante é que a escola seja um local onde as diferenças enriqueçam o trabalho, onde os limites e possibilidades de cada um sejam respeitados e valorizados.


REFERÊNCIAS


ALVES, D. Educação inclusiva: documento subsidiário à prática de inclusão. Brasília: MEC/SEE, 2005.

ARAÚJO, U. F. Assembleia escolar: um caminho para resolução de conflitos. São Paulo: Moderna, 2004.

BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica. Brasília: MEC/SEESP, 2001

__________. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

BUENO, J. C. Crianças com necessidades educacionais especiais política educacional e a formação de professores. Revista Brasileira de Educação, v. 3, n. 5, 1999.

CARMO, A A do. Inclusão escolar e educação física: que movimentos são estes? In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE DANÇA EM CADEIRA DE RODAS. 2001, Campinas: Unicamp, 2001.

FERREIRA, M. C.; FERREIRA, J. R. Sobre inclusão, políticas públicas e práticas pedagógicas. São Paulo: Autores associados, 2004.

GLAT, R. et al. Políticas educacionais e a formação de professores para educação inclusiva no Brasil. Rio de Janeiro, 2002.

KUPFER, M. C. Por que ensinar a quem não aprende. In: Psicanálise, infância, educação. ANAIS DO III COLÓQUIO DO LEPSI, 2002.

MANTOAN, M. E. O direito de ser, sendo diferente na escola. São Paulo: Summus, 1996.

MANTOAN, M. T.; BATISTA, C. A. Deficiência mental. São Paulo: MEC/SEESP, 2007.

PADILHA, A. M. O que fazer para não excluir. In: GOÉS, M. R. ; LAPLANG, A. F. Políticas e práticas de educação inclusiva. São Paulo: Autores Associados, 2001.

PARIZZI, R. A. A prática pedagógica do professor de educação especial: aprendendo a ensinar com a diversidade. Tese de Doutorado. USP, 2000.
RODRIGUES, D. Educação e diferença, valores e prática para uma educação inclusiva. Porto: Porto Editora, 2005.

SANTOMÉ, J. T. As culturas negadas e silenciadas no currículo. In: SILVA, T. T. da S. (org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.

SOUZA, R. M.; GÓES, M. C. O ensino para surdos em escola inclusiva: considerações sobre o excludente contexto da inclusão. IN: SKLIAR, C. Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre: Mediação, 1999.

STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999.

TILSTONE, C. et al. Promover a educação inclusiva. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.

UNESCO. Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades educacionais especiais. Brasília: CORDE, 1994.

VYGOTSKY, L. S. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998.

YUS, R. Educação especial holística para o século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2002.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011




ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO NÂO VISTA O TERNO PEDAGÓGICO.

Rejane Kuhn Adames [1]

Ibrahim Georges Cecyn Moussa [2]

RESUMO

Este estudo teve como objetivo fazer uma caminhada pela realidade educacional e contextos escolares da educação especial de alunos com altas habilidades / superdotação. Caracterizando e conceituando o seu perfil, as propostas teóricas comparadas à realidade regional. Destacando-se a necessidade de cumprir a resolução da inclusão, baseados na declaração de Salamanca e a formação dos profissionais ligados a esta clientela, instrumentalizando-os visando a formação integral deste alunado do ponto de vista cognitivo e emocional.

Pois “tão grave ou pior de que o uso indevido de recursos públicos é o desperdício de talentos”. ABAHSO

Palavra-chave: Inclusão; Altas Habilidades/ Superdotação; Métodos pedagógicos flexíveis.

“A mais bela viagem não é aquela que nos apresenta novas vista de panoramas, mas aquela que nos dá novos olhos para vermos nas mesmas coisas aquilo que não havíamos visto antes”.

Proust

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho parte da percepção de que a educação tradicional vem trabalhando com um modelo pouco flexível e criativo de ensinar e avaliar, limitando-se, a padrões rígidos e classificatórios, considerando os alunos como se tivesse um único padrão de desempenho e aprendizagem, o que dificulta o processo ensino-aprendizagem que respeita as diferenças. Partindo deste contexto, e considerando que o aluno com altas habilidades, talentoso e superdotado é um indivíduo com desempenho brilhante em alguma ou em algumas áreas do conhecimento, acima da média, podendo apresentar dificuldades ou desinteresse em outras. Surge aí uma questão desafiadora; como trabalhá-los incentivando seus talentos e respeitando suas características individuais. Diante deste desafio e conhecedores que o Brasil, assim como o mundo, precisa desenvolver estas habilidades, incentivando lideranças, artistas, desportistas, matemáticos, diplomatas... Visando o desenvolvimento pessoal, cognitivo e emocional, do aluno de altas habilidades para prestarem grandes contribuições no desenvolvimento da sociedade brasileira e mundial. Deparamos com problemas como: métodos poucos flexíveis e criativos que a maioria das nossas instituições vem praticando, somado ao desconhecimento sobre altas habilidades, que muitas vezes não são detectados, sendo tratados como hiperativos, inquietos, intolerantes e irreverentes deixando de serem estimulados, ficando a margem e rotulados. Muitas vezes professores pela ausência de formação e material de estudo, buscam fórmulas prontas para trabalhar, pois quase inexiste projeto para o reconhecimento, incentivo e trabalho com estes alunos. Recursos humanos de suma importância para a humanidade por parte de Prefeituras, Governo e ONGS. Uma vez, que a educação inclusiva acontece em escolas regulares, aonde a flexibilidade, criatividade, o questionamento, o ir além é um tabu. Isto gera um desconforto, pois não existe um modelo pronto, sendo necessário que o professor se instrumentalize, apresente materiais que incitem a imaginação, aceitando que o aluno utilize perspectivas diferentes, trabalhando de forma pouco convencional. Tornando-se necessário que a instituição e professores se reestruturem para este trabalho, muitas vezes beneficiando a todos, pois é na troca, na heterogeneidade de pensamentos e potenciais de cada indivíduo que o grupo se desenvolve.

Partindo destas constatações se faz necessário, questionar a formação acadêmica do professor, psicólogo, psicopedagogo, pois, estes profissionais deveriam sair da Universidade com o conhecimento para trabalhar altas habilidades, pois as próprias Universidades se deparam com uma pequena quantidade de material de pesquisa sobre o assunto.

2.0 AS INSTITUIÇÕES E O EDUCANDO COM ALTAS HABILIDADES

As instituições escolares devem estar atentas ao aluno que não se enquadra no terno pedagógico, de alunos que reproduzem, aceitam e muitas vezes não questionam que vão além. Sendo de suma importância o reconhecimento de pessoas talentosas, verdadeiro tesouro para o progresso e evolução da sociedade, seja na área relacional, musical, esportistas, de raciocínio.Se tornando urgente repensar e reestruturar as posturas pedagógicas das escolas e Universidades na educação brasileira.

Portanto, temos como objetivo maior aprofundar conhecimentos repensar posturas, abrindo portas de novas alternativas no processo de ensino aprendizagem, para com os alunos com altas habilidades. Superando mitos e preconceitos, sem supor que o mesmo, deverá ter um desempenho de destaque em todas as áreas do conhecimento, compreendendo seus interesses, caracteres pessoais cognitivos e emocionais, baseados em suas potencialidades.

Buscando em várias correntes, recursos teóricos e práticos, refletindo como é importante ter uma postura flexível, criar, questionar nossa prática como educadores, psicólogos e psicopedagogos. Trabalhando de forma humana, integradora e construtivista, envolvendo o alunado na construção do conhecimento, desenvolvendo uma boa autoestima e autonomia voltada para atividades do dia-a-dia e sua colocação futura no mundo, dependendo da estimulação, incentivo e a possibilidade de se experimentar, se conhecer, se questionar, criar na interação escolar e em seu meio. Valorizando suas competências trabalhando com projetos, pesquisas e situações problema.

Usando como metodologia observações e questionários sobre a realidade regional, assim como, pesquisas através de leituras de livros e na internet.

As práticas pedagógicas atuais desencorajam aqueles que refletem que questionam os outros, ocasionando um desperdício das possibilidades intelectuais e criativas em função de uma visão pessimista de recursos e possibilidades de cada indivíduo, principalmente em classes menos favorecidas. Pois é fato que o ser humano tem feito uso de uma parcela muito limitada de seu potencial criador, permanecendo muitas capacidades inibidas por falta de estimulo, de encorajamento ou de ambiente favorável ao seu desenvolvimento.

No dia a dia da realidade escolar é comum acontecer que alunos habilidosos não sejam estimulados. Pois num país repleto de carência, não se considera prioritário o atendimento diferenciado para quem já foi beneficiado com um dom especial. Cupertino, 1999, diz: que os superdotados estão escondidos nas salas de aulas comuns, como que se seus talentos fossem invisíveis. Muitas vezes a sociedade olha a superdotação numa perspectiva de privilégio, associada geralmente a competência acadêmica. Considerando que esses alunos dispensariam qualquer atendimento especializado. Segundo Cupertino, 2008, essa leitura tem gerado situações de segregação e / evasão escolar, inclusive com o encaminhamento desses alunos para serviços voltados a deficiência cognitiva ou problemas comportamentais.

Tanto Roger (1959) como Rollo May (1982) apud Alencar foram enfáticos em apontar o fracasso da escola no processo de favorecer a criatividade, dando ênfase exagerada no conformismo, na passividade e estereotipia ou limitando as possibilidades de escolha e liberdade de ação, bem com dificultando a exploração de novas idéias e novas possibilidades.

A Declaração de Salamanca, (Unesco & Ministério da Educação e Ciências da Espanha 1994), veio a influenciar as decisões políticas brasileiras junto ao Ministério de Educação no que diz respeito a debates sobre conceitos indicadores, políticas sociais e a atenção educacional dispensada ao alunado com necessidades educacionais especiais.

Consta na Declaração de Salamanca, entre outros aspectos que:

- Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhe são próprias;

- Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas ampliados de modo que tenha em vista toda gama dessas diferentes características e necessidades;

- Os programas de estudo devem ser adaptados as necessidades das crianças e não ao contrario, sendo que os que apresentam necessidades educativas especiais devem receber apoio adicional no programa regular de estudos ao invés de receber um programa de estudo diferente.

- Os administradores e os orientadores de estabelecimentos escolares devem ser convidados a criar procedimentos mais flexíveis de gestão, a remanejar recursos pedagógicos, diversificar as ações educativas, estabelecer relações com pais e comunidade.

- O corpo docente e não cada professor deverá participar da responsabilidade do ensino ministrado a crianças com necessidades especiais.

Esse avanço do pensamento político em torno da educação inclusiva abre os horizontes das políticas educacionais, mas traz para a escola a difícil tarefa de romper com paradigma tradicional e propor ações mais amplas que estejam de acordo com a necessidade histórico-culturais da comunidade que a cerca. Pois são as experiências que os alunos têm na sala de aula em seu cotidiano, que definem a sua participação e a gama total de experiências de aprendizagem oferecidas no contexto escolar.

O Parecer nº 17/2001, alerta para o fato de que os alunos superdotados e talentosos fazem parte da comunidade excluída e permanecem à margem do sistema educacional. “São tidas como trabalhosos e indisciplinados”, deixando de receber os serviços especiais de que necessitam, como por exemplo, o enriquecimento e o aprofundamento escolar. Para o Conselho Nacional de Educação e a Câmara de Educação Básica (2001), esta população necessita de estimulações especificas e não aceitam a rigidez curricular escolar.

3.0 RESISTÊNCIAS DOCENTES

Uma preocupação constante dos educadores é a presença em sala de aula de alunos com características fora do padrão da classe, sendo um desafio para o professor trabalhar com este aluno, e reconhecendo com facilidade os alunos que apresentam dificuldades, muitas vezes havendo consenso de que precisam de atendimento extra. Em contra partida os alunos que apresentam um desempenho acima da média, destacam-se em alguma área, tem uma grande motivação e interesse, são criativos ou possuem habilidades de lideranças, esses alunos na maioria das vezes tem apenas reconhecimento, de que é ótimo aluno, com a certeza de que este aluno terá um futuro brilhante. (ALENCAR; FLETH: 2001)

Percebe-se esta realidade bem clara na região, pois em um questionário aplicado a Supervisores escolares, constata-se o desconhecimento dos conceitos teóricos e práticas pedagógicas voltadas para alunos com altas habilidades/superdotação, e consequentemente a dificuldade de identificar comportamentos que podem caracterizar estes alunos, através da lista organizada pelo Mec. Revista nova escola abril de 2009.

O superdotado pode ter qualquer perfil, do mais bagunceiro, ao braço direito da professora, passando pelo tímido. O que o torna diferente é a habilidade acima da média em uma área especifica do conhecimento. Podendo ter razões genéticas ou ter sido moldado pelo ambiente, ou os dois fatores combinados. O professor deve estar atento no desenvolvimento de interesse muito maior por um determinado assunto, prestando atenção alunos com vocabulários avançados, perfeccionistas, contestadores, sensíveis a temas mais abordados por pessoas mais velhas que o aluno, e que não gostam de rotina.

O aluno com altas habilidades pode apresentar capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica especifica pensamento criativo, capacidade de liderança, talento especial para artes, capacidade psicomotora superior... Trata-se de um aluno muitas vezes independente, persistente, auto direcionado, inquisitivo, cético, mostrando censo comum e pode não tolerar tolices, mostra percepções e conclusões incomuns, versátil tem interesse acima da sua idade cronológica, resiste à rotina e repetições, expressa idéias e reações freqüentes de forma argumentativas, é sensível a verdade e a honra.

Renzulli apud Sabatella afirma que somente uma habilidade superior não é considerada um indicativo suficiente para caracterizar altas habilidades, precisa haver também, grande motivação para usar a habilidade, devendo ser expressa de modo criativo ou em um grau incomum. Pg. 108. O autor usa uma figura composta pela intersecção de três círculos, concepção dos três anéis, que diz que a superdotação é o resultado da interação de três fatores: habilidade acima da média, envolvimento com a tarefa (motivação) e criatividade.

Sendo necessário que o profissional a assumir como professor tenha clareza dos muitos aspectos constituintes da missão a ser realizada. Ter metas e objetivos, saber o que vai trabalhar e ensinar, mas sem perder de vista, em nenhum momento, para quem está ensinando e é disso que decorre o como realizar.

Pois se a produtividade e a flexibilidade normalmente não chegam a distorcer as relações professor-aluno, o comportamento original costuma predispor negativamente o professor não criativo frente ao aluno inquieto, “extravagante”, “indisciplinado”, “perturbante”, “impertinente”... Como costuma a ser qualificado. La Torre, pág.29.

Acolher, integrar, ensinar inclui dar conta das diversas tarefas do processo ensino-aprendizagem, ou seja, a do aluno concreto, real, seu interesse, conhecimento, estratégia de ensino e contexto cultural histórico em que se situam somado ao compromisso e responsabilidade com o aluno, permitindo avançar na exigência da compreensão da pessoa no processo de ensinar e aprender.

Os alunos em geral, e em especial de altas habilidades necessitam de situações desafiadoras que lhe permitam experimentar o desequilíbrio cognitivo e emocional para que, ao enfrentá-los, atinjam meios e estratégias de superação que contribuam para sua autonomia, elevação da autoestima e apropriação do conhecimento acadêmico, visando seu desenvolvimento integral cognitivo, afetivo e social.

TEVAH (2005), sempre acreditou que o principal desafio das pessoas é ter a capacidade de evoluir. Ele afirma: “acredito que somos dotados de enormes qualidades, predicados que nos dão à base para que possamos alcançar uma vida repleta de realizações, tanto do ponto de vista profissional, como do ponto de vista pessoal”. Entretanto, será a partir da nossa capacidade de aprender mais a cada dia, que surgirá o êxito dos projetos adotados em nossas vidas.

O Universo sofre constantes mudanças, algumas pessoas têm habilidades de prever e perceber com sensibilidade à necessidade que surge a partir de um novo tempo, e repensam as próximas modificações necessárias, sendo estas pessoas que se destacam e possui estas habilidades, estão sempre a frente, adotando novos paradigmas, como diria Walt Disney: “Criatividade é como ginástica, quanto mais se exercita mais forte fica.”.

Em contrapartida quando o ensino é massificado, existe uma burocracia excessiva, acontece de forma mecanicista, o conhecimento se torna reprodutivo e estanque, ficando desprezada a parte criativa e subjetiva. A educação deve ser voltada para a cidadania plena, trabalhando as diferenças de modo que elas enriqueçam o aprendizado de todos. Igualdade não é homogeneidade, as diferenças são produzidas a todo instante, e não podem ser passivamente toleradas. A diferença é que deve ser considera como padrão, pois o normal é seja diferente do outro com suas habilidades, dificuldades, destaques e características pessoais.

Gadner, 1995, desenvolve sua teoria, das inteligências múltiplas, onde os alunos teriam destaques e interesses nas áreas do conhecimento relacional, motor e sensorial. Nominando as nove inteligências: lingüística, lógico-matemática, musical, espacial, corporal, cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. E em 1998 acrescentou: “Nem todos os gênios monozigóticos (nem sequer os clones), tem a mesma amálgama de inteligência, os indivíduos desenvolvem, a partir de suas experiências, únicas, perfis da inteligência indiossincrática, própria de cada pessoa”.

William James formula a hipótese do grau de aproveitamento das potencialidades humana, afirmando que a pessoa normal, saudável e produtiva faz uso aproximadamente de 10% de sua capacidade.

Vive-se numa sociedade que ensina desde cedo a resguardar a curiosidade, a evitar situações que poderiam redundar em sentimento de perda ou de fracasso. Desenvolvendo uma atitude negativa com relação ao comportamento de correr risco e experimentar, priorizando a busca de segurança. Aprende-se desde cedo, que os comportamentos mais valorizados no contexto familiar e da escola não são os que levam a exploração, a descoberta e muitas vezes ao crescimento.

Percebe-se ao pesquisar na literatura que arquitetos famosos, escultores, matemáticos, pianistas, campeões olímpicos e pesquisadores de destaques, em seus lares eram comuns os pais terem tidos o grande respeito por sua forma de pensar e agir, demonstrando confiança nas habilidades, proporcionando a seus filhos a oportunidade de tomada de decisões. Confirmando que as forças modeladoras da criatividade são muito mais complexas do que poderia supor, exercendo influência a escola, os pais, outros familiares, os colegas e fatores: culturais e sociais.

Segundo Alberto Dellísola, 2010, a criatividade possui importância fundamental no desenvolvimento cognitivo humano. A criança deve ser estimulada a explorar seu campo criativo, e, com o passar do tempo, continuar realizando atividades criativas é fundamental para o desempenho operacional cerebral.

Outro aspecto relevante é que alunos talentosos, com freqüência sofrem pressões de seus pares menos criativos. A necessidade de ser aceito pelo grupo é muito forte, tanto no caso de crianças como no de adolescente ou mesmo em adultos. Eles muitas vezes deixam de apresentar uma produção criativa ou expressar pontos de vista originais para não perderem amizade dos colegas ou para não sofrerem as pressões dirigidas aos que divergem do grupo.

Sendo que o clima educacional existente na sala de aula e os procedimentos utilizados pelo professor são também fatores que contribuem para favorecer ou inibir expressões criativas dos alunos. Métodos de ensino que estimulem o aluno a pensar de forma independente, a testar suas idéias ou se envolver em atividades que agucem a sua curiosidade e que requer o emprego de diferentes habilidades intelectuais, psicomotora, artísticas e relacional favorecendo a expressão criadora. Por outro lado a adoção de um modelo de ensino, que a ênfase é colocada na memória e não na compreensão, cabendo prioritariamente ao professor transmitir aos alunos os conteúdos do programa de tal forma que este seja capaz reproduzir, tende a inibir a criatividade.

Guilford diz que a criatividade é a chave da educação, em seu sentido mais amplo, e a solução dos problemas mais graves da humanidade. 2008.

Pois segundo Augusto Cury, 2006, a produção de conhecimento pode parecer simples, aparentemente, mas a “construtividade do pensamento” é sofisticada e altamente rica. Envolvendo uma psicodinâmica “evoluidissima” nos bastidores da mente, sendo fator determinante na produção de pensamento consciente, expresso nos quadros de pintura, nas relações humanas, na literatura, nos discursos dialético-científicos, enfim os mais variados aspectos da existência. O autor sugere a “tríade da arte da pesquisa”, que envolve a arte de perguntar, duvidar e criticar, fazendo uso da “análise multifocal” das variáveis que contribui para a construção do pensamento.

É preciso também reformular a imagem do aluno ideal onde a obediência, passividade e conformismo, ocupam o lugar central, para se incluir a coragem, ou compromisso, a dedicação, o entusiasmo, a iniciativa, a autoconfiança, traços que contribuem para busca de novas respostas e novas soluções para as questões existenciais, sociais e motivacionais.

A criatividade consiste em 99% de transpiração e 1 % de inspiração, pois a análise do processo criativo relatado por um grande numero de compositores, poetas, matemáticos, artistas tem demonstrado que a criação não surge apenas da inspiração do inconsciente da natureza inexplicável, mas também do esforço, conhecimento, treino, trabalho e envolvimento.

PRADO DIEZ (1999), “ Para mim a criatividade é um múltiplo conjunto de formas e capacidades de pensamento criativo (inteligência lógica analítica, que problematiza, simbólico-matemática, sinótica e integradora, fluída, turbilhante, analógica...) mas sim um conjunto de formas e estilos de expressão e complexos, que somente a energia criativa nos livrará seus riscos”.

Juntando-se a este objetivo é necessário propor o controle do rendimento criativo, já que se deixarmos crescer de forma selvagem pode ser belo, natural, aparentemente tranqüilo, mas, não produtivo podendo tender a atitudes negativas, como por exemplo: Fernandinho Beiramar. Sendo a criatividade necessária para resolver problemas, ela não pode ser abandonada a livre iniciativa.

Fazendo-se necessário criar um espaço para que o cientista que existe dentro de cada aluno, que precisa de um espaço de expressão de questionamento, verdadeiro coração da criatividade, a curiosidade. Associado a valores morais e de controle da impulsividade, contribuindo para a sociedade de forma ética e evoluída.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se com este artigo que alunos superdotados/ altas habilidades, requerem propostas educacionais diferenciados, propondo adaptação e enriquecimento curricular, oficinas para desenvolver habilidades, treinamentos, pesquisas e participação em sala de recursos. Tornando-se necessário a (re) significação, das práticas pedagógicas, respeitando as diferenças individuais, as múltiplas inteligências e varias leituras de mundo. É compromisso do grupo escolar: direção, supervisão, professores elaborar propostas pedagógicas flexíveis e criativas, meios para contribuir com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das habilidades apresentadas pelos alunos, orientando a família para acompanhamento, estimulação, propor atividades extraescolares: culturais, esportivas, vivenciais. Afim de não se perder esse precioso momento em que um talento esta sendo descoberto Pois talentos estimulados e desenvolvidos terão grandes realizações para o individuo e para sociedade, e mal conduzidos poderão ser geradores de lideres negativos, estrategistas voltados ao crime e a corrupção.

Há duas razões importantes para se ampliar o atendimento a crianças com superdotação/altas habilidades no Brasil; uma perpassa a questão legal, uma vez que o oferecimento a oportunidades educacionais diferentes a alunos com potenciais diversos é uma determinação legal, e a segunda é que estes indivíduos trabalhados e bem conduzidos em termos cognitivos e afetivos poderá garantir a formação de adultos capazes de resolverem os inúmeros problemas que preocupam o país e o mundo.

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[1]Acadêmica do curso de Pós-Graduação em Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação – Censupeg.

[2] Orientador do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia e Educação Especial Inclusiva, do Centro Sul-Brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação – Censupeg.