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sexta-feira, 14 de junho de 2013

AS MAIORES DÚVIDAS SOBRE PSICOTERAPIA

AS MAIORES DÚVIDAS SOBRE PSICOTERAPIA

A psicoterapia é um método terapêutico que visa tratar os transtornos psicológicos por meio da reaprendizagem de comportamentos e mudança de crenças e significados. 

Neste artigo vamos abordar as seguintes questões sobre psicoterapia:

- As diferenças entre: tratamento psiquiátrico e tratamento psicoterápico.
- As suas respectivas indicações terapêuticas.
- Os limites e preconceitos contra a psicoterapia
- As principais modalidades da psicoterapia e suas características.

Uma das dúvidas mais frequentes de quem procura tratamento para problemas psicológicos é, inicialmente, entender as diferenças entre o tratamento psiquiátrico e o tratamento psicológico. A maioria talvez nem saiba que existem essas diferenças e confundem médicos psiquiatras com os psicólogos clínicos, e psicólogos com psicoterapeutas.  Portanto, vejamos o que faz cada um:

TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO:

É realizado por um médico com especialidade em psiquiatria. Este tratamento é o mais conhecido por ser ofertado na lista de tratamentos dos planos de saúde. Como a psiquiatria é uma especialidade médica e a base da medicina é o organismo e o seu funcionamento bioquímico, o tratamento psiquiátrico é realizado por meio de terapia medicamentosa. São usados os famosos remédios para depressão, ansiedade, impotência sexual e déficit de atenção, entre outros, que prometem agir sobre receptores químicos específicos do cérebro,  aliviar os sintomas e controlar as crises.

TRATAMENTO PSICOTERÁPICO:

Enquanto a psiquiatria visa gerar uma mudança comportamental com o uso de drogas específicas, a psicoterapia se concentra nos processos de aprendizagem que são resultado da interação do indivíduo com o meio social. São essas diferenças que tornam o convívio entre as pessoas e a sua cultura tão importante para o equilíbrio de saúde mental. Há vários estudos que indicam uma correlação entre momentos de depressão econômica e aumento de suicídios e de doenças mentais.
Portanto, a psicoterapia parte do princípio que os transtornos mentais são resultado de processos de adaptação e de aprendizagem. O entendimento da função do comportamento problemático, e de como ele foi construído, no contexto de vida de cada paciente, fornecerá os dados necessários para a ajudar na modificação das respostas mal adaptadas.
TRATAMENTO COMBINADO:

Embora nem todos os transtornos mentais tenham indicação para o uso de medicamento psiquiátrico, nos casos mais graves de psicose, como a esquizofrenia e o transtorno bipolar, ou na depressão aguda, o uso de medicamento é essencial para controlar as crises e assegurar a estabilidade vida da pessoa.
Por outro lado, se as drogas não são para todos, a psicoterapia é um tratamento sem contra-indicações, quando feita com profissional qualificado. Ela pode ser indicada para todos os casos de psicopatologias, uma vez que seu uso visa identificar as respostas mal adaptadas e ajudar os pacientes a superar as suas limitações, ampliando suas habilidades e o seu repertório de respostas comportamentais, como a melhoria na habilidade de comunicação.
O ideal é que todos os tratamentos psiquiátricos, farmacológicos, fossem obrigatoriamente acompanhados de tratamento psicoterápico, mas, infelizmente, é comum alguns médicos não darem a devida importância ao tratamento psicoterápico, mesmo tal fato seja contrário ao que diz a maioria das pesquisas clínicas.
A psicoterapia pode ser exercida por médicos psiquiatras, embora a maioria deles tenha formação apenas farmacológica, já que é a visão dominante na medicina. É mais comumente usada pelo psicólogo, sendo sua principal ferramenta de intervenção clínica, e por profissionais que largaram suas profissões originais para se dedicar ao trabalho de psicoterapeuta, realizando cursos livres e formações não acadêmicas.

OS LIMITES E PRECONCEITOS CONTRA A PSICOTERAPIA
Uma das maiores causas dos preconceitos e restrições de médicos e pacientes ao tratamento psicoterápico, diz respeito ao dilema: eficácia – tempo de tratamento e formação profissional. Vamos entender cada um deles:
FORMAÇÃO PROFISSIONAL

A psiquiatria envolve a prescrição de medicamentos controlados, e isso só pode ser feito por médicos psiquiatras. A psicoterapia também já foi restrita aos médicos, mas depois se ampliou para a psicologia clínica, devendo boa parte da evolução às pesquisas psicológicas.

No entanto, fora da área da medicina e da psicologia, a psicoterapia não tem qualquer regulamentação, o que a torna uma prática irrestrita e sujeita ao mercado, onde qualquer pessoa pode se intitular psicoterapeuta e prestar tais serviços.
Comparativo entre tratamento falso (placebo), tratamento farmacológico (antidepressivo) e psicoterapia

EFICÁCIA

Só se pode conhecer a eficácia de um tratamento quando ele é sujeito a pesquisas com grandes populações, algo em torno de 5 a 10mil pessoas, quanto menor o grupo pesquisado, maiores são as chances de erros. Por isso, apenas poucas modalidades de psicoterapias foram pesquisadas, justamente, aquelas que surgiram como fruto de pesquisas médicas ou psicológicas. Dentre as modalidades mais pesquisadas que acumulam evidência de sua eficácia, podemos destacar: 1) terapias cognitivo-comportamentais e; 2) hipnose clínica; e as 3) As terapias humanistas e psicanalistas que também apresentam dados favoráveis, mas com tempo de resposta bem mais demorado, o que diminui a confiabilidade das pesquisas. Mas todas são superiores quando comparadas a grupos não tratados.
TEMPO DE TRATAMENTO

O tempo de tratamento depende de alguns aspectos essenciais:
a) o tipo de problema apresentado;
b) o tempo de início do transtorno;
c) o histórico de vida do paciente;
d) a sua condição atual e relação de apoio social e familiar; e, por fim,
e) o tipo de terapia escolhida.
Dependendo do tipo de limitação apresentada. Quando mais cedo o paciente buscar ajuda, mais rápido será o tratamento, quanto mais tardio, mais demorado.
MODALIDADES DE PSICOTERAPIA:

Certamente deve existir mais modalidade de psicoterapia do que eu mesmo conheço, por isso, o critério “quantidade” não será levado em conta nesta análise, mas sim, o quesito “qualidade”. O motivo da existência de diversas modalidades de psicoterapia é que qualquer tipo de prática que, aparentemente, conduza a modificação do comportamento pode ser chamada, pelo seu criador, de “psicoterapia”, e ser vendida como tal. Até mesmo as terapias religiosas que estabelecem padrões rigorosos de conduta são, às vezes, chamadas de psicoterapia.

Nesses casos, não há preocupação em se realizar estudos rigorosos e com grandes populações para verificar a eficácia dessas práticas, pois tais procedimentos são preocupações apenas da ciência, e é comum a difusão dessas terapias em meio social religioso ou no senso comum, como é o caso das terapias de regressão a vidas passadas.

Esta falta de controle favorece a proliferação de oportunistas que anunciam curas rápidas de vários problemas e acabam por proliferar o descrédito na psicoterapia. Dentre as psicoterapias citadas a seguir, destacarei apenas aquelas que foram objeto de estudo científico.

AS MODALIEDADE DE PSICOTERAPIA

TERAPIA DE MESMER OU HIPNOSE CLÍNICA

É considerada a mãe de todas as psicoterapias por ter sido o primeiro método de tratamento psicológico usado na medicina. Tal fato aconteceu no século XVIII e causou uma verdadeira reviravolta no ambiente científico. Em 1765, o médico austríaco Anton Mesmer defendia que os médicos deveriam abandonar as suas lâminas de sangria – o tratamento tradicional para quase tudo, na época – e usar a técnica criada por ele, que necessitava apenas de palavras e passes com as mãos.

Muitos dos pacientes hipnotizados pelo Dr. Mesmer vivenciavam um estado de agitação convulsiva, com movimentos involuntários, gritos e liberação de energia, depois, pareciam despertar de um sono restaurador se sentindo bem melhores e alguns até mesmo curados das suas moléstias.
A terapia de Mesmer se transformou numa febre em Paris, sendo usada para tratar a própria Rainha, mas, posteriormente, Dr Mermer foi banido de Paris por uma comissão de pesquisadores e sua técnica só retornaria 100 anos depois, como uma das grandes ferramentas da psicoterapia.

PSICANÁLISE E TERAPIAS ANALÍTICAS

Graças a hipnose, outro médico austríaco, resolveu largar os tradicionais métodos fisiológicos e bioquímicos da medicina tradicional para se dedicar a compreensão da mente humana. Ela se chamava Sigmund Freud e se inspirou na filosofia de Platão e na Mitologia Grega para criar a sua própria versão do funcionamento da mente humana. As suas idéias influenciaram o conhecimento científico e as teorias sociológicas .
Freud criou a umas das primeiras psicoterapias, após Mesmer, que ele deu batizou de Psicanálise. Diferente da maioria das psicoterapias, a psicanálise não tinha o objetivo de tratar diretamente as doenças mentais, mas de gerar autoconhecimento a partir da sua própria versão de como a mente humana funcionava.
Recaí sobre a psicanálise a maior parte do mito sobre a ineficácia da psicoterapia, pois como a psicanálise não é focada no tratamento breve de doenças, nem na lógica focal de tratar o aparente, ela pode ser exercida por alguns anos.

PSICOTERAPIAS FENOMENOLÓGICAS E HUMANISTAS

As terapias humanistas surgiram como uma alternativa a terapia psicanalítica que se alastrou por toda a medicina, muito embora, a psicanálise pudesse também ser aprendida e praticada por não médicos. Diferente da psicanálise que estabelece impulsos primitivos do inconsciente como causas dos comportamentos patológicos, a terapia humanista, como a ACP de Carl Rogers, parte de uma compreensão mais harmoniosa e naturalista do ser humano. Rogers defendia que os seres humanos são naturalmente bons e que a terapia seria um local de acolhimento para que os pacientes pudessem falar dos seus sentimentos mais profundos, sem serem julgados ou punidos. É uma terapia focada na ampla expressão emocional.
TERAPIAS COGNITIVAS COMPORTAMENTAIS

As terapias comportamentais reúnem as psicoterapias com maior comprometimento científico. Elas foram desenvolvidas a partir do estudo do comportamento animal e estudos sobre cognição, aprendizagem e processos de aprendizagem sociais.

Toda a sua base se fundamenta nas relações de como o organismo reage ao ambiente e se modifica para obter adaptação. A sua objetividade e foco nos sintomas, as vezes, pode ser contraproducente, pois alguns sintomas podem despistar as reais causas dos problemas. A sua eficácia é uma das melhores quando comparada as demais terapias  de médio e longo prazos.

RETORNO DA HIPNOSE COMO FERRAMENTA, NÃO COMO PSICOTERAPIA

Embora a hipnose guarde seu valor mítico e seja uma ótima ferramenta para pesquisas psicológicas, tudo o que é conseguido em uma terapia com hipnose, também pode ser conseguido sem hipnose. Não é a hipnose que vai criar o tratamento, ela ajuda o paciente a se concentrar e processar melhorar as lembranças, os sentimentos, e as informações que ele precisa trabalhar para modificar os aspectos disfuncionais do seu comportamento.
As meta-análises estabeleceram que psicoterapias diferentes têm resultados diferentes. Terapias cognitivo-comportamentais são significativamente mais eficaz do que as terapias psicodinâmicas, e sua superioridade aumenta quando longo prazo de acompanhamento é avaliada. A hipnose aumenta a eficácia tanto da psicoterapia psicodinâmica, como das psicoterapias cognitivo-comportamental, e este efeito é especialmente forte em resultados a longo prazo do tratamento para a obesidade (Kirsch, 1996).
Se a prática médica que é guiada por padrões clássicos de estudos baseados em evidências sofre variações de médico para médico, na psicoterapia as diferenças também existem.
Tal fato acaba por indicar que as explicações sobre o comportamento não são tão importantes para o tratamento quanto a prática de falar sobre os próprios conflitos. O que leva muitos a considerar que o simples ato de expor seus problemas a um profissional treinado que não irá julgá-lo, ou induzi-lo a realizar escolhas que não sejam suas, já é por si só, é um dos grandes princípios terapêuticos das psicoterapias.

Fonte: Comportamento.net

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