Em livro, britânico cego e surdo conta aventuras em mais de 50 países
Tony Giles voou de asa delta no Rio, fez bungee jump na Nova Zelândia e pulou de paraquedas na Austrália
25 de outubro de 2010
Aventuras de Tony Giles incluem voo de asa delta sobre a praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, em 2004
Cortesia Tony Giles/BBC
'Viajar é mais do que ver a paisagem com seus olhos'
Um britânico de 32 anos, deficiente visual e auditivo, com apenas 20% de audição em consequência de problemas genéticos, está lançando um livro no qual conta suas aventuras em viagens pelo mundo.
Tony Giles, que leva uma vida totalmente independente apesar das deficiências, já visitou mais de 50 países, muitos deles viajando sozinho com uma mochila nas costas.
Entre as aventuras relatadas no livro Seeing the World My Way (Vendo o Mundo do Meu Jeito), estão voos de Asa Delta sobre a praia de São Conrado, no Rio de Janeiro, bungee jumping na Nova Zelândia, escalada de montanhas geladas e saltos de paraquedas na Austrália.
"Viajar é mais do que simplesmente ver o cenário bonito ou a paisagem com seus olhos", comenta ele no livro.
Giles já saltou 12 vezes de bungee jump em suas viagens pelo mundo
"Viajar significa usar todos os sentidos do corpo, ser capaz de se relacionar com as pessoas, sentir as diferentes texturas de terra e plantas, comer comidas desconhecidas e escutar diferentes tipos de música, ser exposto a culturas alternativas e excitantes, mergulhar nas qualidades de outro país e voltar para casa sabendo mais do que eu sabia antes de partir", afrma Giles.
Ele conta que começou a tomar gosto pelas viagens ao visitar os Estados Unidos em 2000, em uma viagem de intercâmbio universitário. Desde então, ele já esteve nos 50 Estados americanos, nas 10 províncias canadenses e em países dos cinco continentes.
Para Giles, as deficiências não diminuíram sua satisfação com as experiências. "Para alguém que não pode ver, a beleza está relacionada ao que você cheira e sente. Aprendi a usar todos os sentidos do meu corpo - meus nervos, meu toque, minha sensação de olfato", diz.
Segundo ele, suas viagens são motivadas pelo sentido de descoberta e liberdade. "Realmente, quero toda a liberdade que eu possa conseguir", afirma.
Transplante
Para Giles, deficiências não o impedem de desfrutar experiências plenamente
Nem mesmo um problema renal detectado em 2002, que o obrigou a se submeter a um transplante em 2008, com um rim doado pelo padrasto, o impediu de continuar viajando.
"A operação foi um sucesso, e após um período de recuperação de cerca de três meses estava de novo viajando pela Grã-Bretanha, e sete meses depois pelo mundo", diz.
A doença, ele conta, o levou a tomar uma outra decisão, em 2002: parar de beber quando, diz, estava prestes a se tornar um alcoólatra.
Em meio aos problemas de saúde e as viagens, Giles ainda encontrou tempo para se formar em História Americana, com um mestrado em Estudos Transatlânticos.
Sobre o futuro, ele não mostra dúvidas sobre o que pretende: "Espero viajar pelo resto da minha vida".
Ele espera um dia conseguir visitar todos os países do mundo. Em sua lista de objetivos mais próximos, está uma ida à Antártica, cruzar a Rússia, visitar a Índia e os Himalaias, mochilar pelas Américas Central e do Sul e conhecer o Japão e a Indonésia. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
Centro Educacional Reeducar
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Dislexia
Filme: Como estrelas na terra, toda criança é especial
Resenha do Filme: “Como estrelas na terra, toda criança é especial”
Aluna: Rejane Adames
CAI - CENTRO DE ATENDIMENTO INTEGRADO
O filme tem como papel principal um garotinho de nove anos de idade cheio de sonhos e imaginação. As cores, os peixes do aquário, cães e pipas despertam a atenções do menino e o transportam para o mundo de fantasias, característico do mundo infantil, alheio ao mundo dos adultos, o mundo da ordem, do trabalho, do capitalismo, da perfeição e do consumismo.
Ishaan Awasthi aos nove anos, já repetiu uma vez o terceiro período no sistema educacional indiano, e corre o risco de repetir de novo. As letras dançam em sua frente, e tem dificuldades em prestar atenção em aulas tradicionais e sem movimento. Ficando caracterizado em muitas cenas da sala de aula, em vez, de se ater a conteúdos das matérias, e a fala enérgica e ininterrupta da professora, cobrando e avaliando desempenho de forma tradicional e retrograda, Ishaan busca alguma salvação na janela, contempla a forma como os pneus das bicicletas passam em uma poça de água barrenta. Recebendo logo a bronca inesperada da professora, acompanhada de humilhações dos colegas, que se divertem a custa do aluno, e pelos professores que ignoram as “dificuldades de aprendizagem de Ishaan”, qualificando-o de engraçadinho, sem-vergonha, preguiçoso...
Em casa, em contraste com a organização do tempo do “filho problemático”, o pai, a mãe e o irmão seguem o script de uma vida produtiva. Vemos na cena do filme os três cumprindo rituais e tarefas cotidianas em uma rotação acelerada, uma critica clara ao ritmo frenético que imprimimos em nossas ações para conquistar um lugar ao sol na atual sociedade.
Seu pai acredita apenas na hipótese de falta de disciplina e trata Ishaan com muita rispidez e falta de sensibilidade.
O alivio dessa tortura e ansiedade, mais uma vez nos chega pelos olhos sonhadores de Ishaan – ele demora a acordar, encomprida o sonho na cena, nesse estado criativo entre o sono e a vigília, e desperta com um sorriso no rosto, que gostaria de ser compartilhado, mas não há tempo para isso. A mãe produtiva que lhe dedica cuidados mecanizados tem como tarefa, tira-lo desse estado, apressa-lo e adapta-lo a vida real, do estudo, do horário a cumprir. Acompanhando as tarefas destacando seus erros, demonstrando irritação e desesperança com seus “erros”, falta de capricho e empenho do filho: “Pare de brincar e concerte seus erros.”
Diante da pressão familiar e escolar, em que as mensagens se repetem: preguiçoso, disperso incompetente para aprender, ou seja, não há projeto de vida para este menino que insiste em contemplar a vida, enquanto o tempo não para. O menino resolve ao invés de ir à aula, passear pela cidade, onde faz a leitura do mundo, atento a tudo que acontece, e ao voltar para casa ele elabora o que viu fazendo um desenho, a partir deste momento percebemos suas habilidades artísticas elaboradas.
O menino envolve-se em contratempos com a vizinhança, nos relacionamentos. E para completar os pais são chamados na escola para falar com a diretora, onde se percebem da falsificação de atestados, falta de tarefas, notas baixas... E com isso o pai do garoto decide leva-lo a um internato, sem que a mãe possa dar opinião alguma.
Tal atitude faz o menino regredir, toda sua vivacidade, o sorriso malandro, a alegria de criança, a curiosidade e a fascinação pelas cores e pelo movimento das ruas, que reproduzia em desenhos e pinturas belíssimas, são substituídas pela tristeza do abandono, ele visivelmente entra em depressão, sentindo falta da mãe, do irmão mais velho, da vida... E a filosofia do internato é de “disciplinar cavalos selvagens”.
Ishaan é de imediato identificado como o garoto desregrado e incapaz de se desenvolver intelectualmente. Impotente perante a situação aceita este rótulo e começa a se anestesiar para não sofrer, submetendo-se a novas humilhações dos professores sem qualquer razão. Deixando de falar, desenhar e vai tornando-se indiferente a tudo e a todos.
Inesperadamente um professor substituto de artes entra em cena e tão logo percebe que algo errado está acontecendo com o menino. Percebendo-se o quadro de dislexia, pondo em pratica um ambicioso plano de resgatar o garoto.
O filme é uma mensagem para o mundo sobre o verdadeiro papel de um educador, e ao observarmos a postura do professor de artes Ram Shankar Nikumbh, em seu trabalho na escola para crianças especiais, observando o material do aluno, indo a casa do aluno Ishaan, onde irá conversar com seus pais. No ônibus o professor ajuda uma mãe com seu bebê, depois, na beira da estrada, paga um chá com biscoitos, a “criança-empregada” do estabelecimento. Em outro momento, andando ao lado da feira, pega a couve-flor que cai no chão.
O professor conversa com a família, mostra as dificuldades do menino, caracteriza o quadro de dislexia, contestando o que o pai de Ishaan diz, questionando o cuidar, pedindo que não deixem acontecer a Ishaan o que aconteceu com as árvores da ilha de salomão, que morrem após as pessoas ficarem gritando a sua volta.
O próximo passo de Ram Shankar, foi marcar uma reunião com o diretor da escola, e aí se desenrolou um dialogo comum no ambiente escolar, informando o problema do aluno, e o diretor sugere a transferência do menino para uma escola especial, mas Ram lembra o ideal da escola inclusiva, o dever de assegurar por lei, a todas as crianças independente de suas dificuldades, o direito de participar da escola regular. O diretor levanta a questão da classe numerosa, professores despreparados, não tendo condição nem TEMPO para se dedicar aos especiais. Ram está decidido a ajudar e se oferece para acompanhar Ishaan individualmente, duas ou três vezes por semana.
O professor aproxima-se afetivamente do menino, mostrando novas formas de apropriação e construção do conhecimento.
No final assistimos a movimentação de confraternização, com os professores gradativamente participando, quebrando paradigmas, onde houve um concurso de desenhos sendo Ishaan classificado em 1° lugar, tendo seu trabalho destacado na capa do Material escolar. Valorizando sua alta habilidade para o desenho, incentivando seu talento.
Assinar:
Postagens (Atom)